Capítulo 6 - Labirinto

10.2K 470 170
                                    

Não existia nada que me prendesse aquele lugar. Minhas têmporas doíam, como se tivesse sido golpeada na cabeça e desmaiado por um tempo. Esse era o resultado de ter passado tanto tempo chorando.

Desde a saída do presídio até as últimas 72 horas de folga, minha consciência pesava, as lembranças se tornavam cada vez mais difíceis de desaparecerem e por algumas vezes, antes dele desencadear tudo aquilo dentro de mim. Lá estava Justin Bieber, me tomando para si como se fôssemos amantes.

Eu perdi toda a dignidade que tinha, perdi a cabeça. Esse talvez fosse o motivo de não quererem uma mulher na investigação, Justin Bieber é nocivo é completamente manipulador.

Tinha ódio, ódio da minha conduta, dos meus pensamentos e da maneira que estada lidando com toda a situação.

Me dopei com todos os remédios que poderia, tirando aquela vontade insana de puxar o gatilho contra a minha cabeça. E o pior de tudo é que não tinha ninguém que pudesse me ajudar, não existia uma palavra amiga ou alguém que notasse o que estava acontecendo comigo.

Ao lembrar de Justin (talvez seja a única lembrança dos últimos dias que eu preferia manter na cabeça) me sentia uma vagabunda, a pior vagabunda de todas, ingênua por ter se deixado manipular por um bandido. E esse bandido me tirava completamente do sério.

Meu corpo estava exausto, adormecido com tantos remédios, mal comi aqueles dias e hoje tinha que tomar coragem e ir até o departamento. Assumir que falhei, abandonei o cargo há três semanas e que eles teriam que escolher entre eles quem seria a próxima vítima corrompida dentro daquele lugar.

Não dei o braço a torcer, admiti para o meu noivo que estava sofrendo uma pequena perseguição dentro do presídio e que isso poderia acarretar em situações perigosas aqui fora. Harry teve uma pequena falha no freio do carro recentemente e tomou isso como as fosse algo premeditado. Eu fui hipocrita em agradecer a Deus uma falha mecânica, assim, não existiriam mais questionamentos sobre o porquê de voltar atrás com minha decisão.

E foi onde todos os problemas começaram entre nós dois.

Seu toque era diferente, por todas as vezes que o procurei em desespero querendo sentir alguma coisa, sentir que estava sendo tocada porquê eu queria. Eu tentei inúmeras vezes aqueles dias e acabava lembrando do homem que tinha me levado as ruínas. O toque áspero tentando usar seu dedos delicadamente, como se pudesse me dedilhar aos poucos, arranhando a minha pele e me causando arrepios e calafrios pelo corpo, suas mãos tinham um encaixe perfeito nos meus seios, o encaixe dos seus lábios. Tudo em Justin Bieber, queimava como se ele fosse o próprio diabo, pronto pra te levar ao inferno.

E ele me fez chorar, por não sair da minha cabeça, por ser a única coisa que me tirava todos os malditos pensamentos. Eu nunca chorei por homem nenhum em toda a minha vida, pelo menos nenhum outro homem me machucaria outra vez.

— Amor? -escuto a voz de Harry, logo atrás da porta do banheiro. Enxugo as mãos na toalha e respiro fundo.

— Oi! Já estou acabando.

— Que mania nova é essa de trancar o banheiro. -ele gira a maçaneta, dou alguns passos é giro a chave. O vejo cansado, o semblante abatido e as olheiras embaixo dos olhos após dois plantões seguidos. Harry entra no banheiro tirando a blusa que vestia e logo vai a privada — Você está bem? -sinto aquele frio na barriga ao ser perguntada.

— Claro que estou. -minto, pelo o reflexo do espelho o vejo balançar devagar o pênis após urinar. Ele fecha a tampa e começa a se despir pra tomar um banho.

— Acho que você se livrou de um problema grandão.

— Qual deles, doutor?

— O presídio. Chegou alguns detentos lá no hospital, parece que teve uma rebelião ou algo do tipo.

smooth criminalOnde histórias criam vida. Descubra agora