Capítulo 34 - Numb

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A janela do quarto estava aberta, consigo puxar devagar e sinto a brisa gélida adentrar no quarto. Tinham grades de proteção do lado de fora, por mais que a casa fosse simples, parecia um cenário perfeito pra aprisionar alguém dentro dela sem levantar suspeitas.

Me sentei longe das crianças, eu não queria olhar para elas enquanto estivesse ali. Eu falhei como ser humano, falhei como uma mulher e isso me faz despedaçar por dentro. A que pontos chegamos? Eram crianças, inocentes que não sabiam absolutamente de nada e vulneráveis.

— Você está com o Bieber agora, esta? -a voz baixa, como se tivesse receio da resposta que fosse receber era grande. Virei para ela ainda olhando para minhas mãos juntas.

— Qual é o significado de "está com o Bieber"? -levantei meu rosto e pude encara-la. A loira sorriu sem mostrar os dentes e com o bebê no colo andou cuidadosamente para colocá-lo em de volta no berço que tinha ali, abaixou-se com delicadeza e suspirou ao se livrar da criança. Ela tinha muita habilidade, parece que fazia aquilo por bastante tempo.

— Em dormir com ele. Acho que é sobre isso que estamos conversando.

— Não, não estamos.

— Encaro seu repentino nervosismo com a pergunta como um sim! Sim! Eu estou com o Bieber. -passou a mão em seus cabelos curtos e sorriu irônica.

— Isso importa pra você?

— Não importa, queria puxar assunto com você, me parece ser uma pessoa boa para se manter uma conversa. Nada de futilidades como Elisha e nada sobre romantismo como Elisa, pensei que você estivesse em um patamar á mais que Hailey em relações a simpatia.

— As conhece? -ela levantou as mãos para cima em gesto de rendição e deu de ombros — Porque está me comparando a elas?

— Calma! Eu apenas fiz uma suposição, falei que pela sua cara pode ser que você seja interessante e não fúteis como elas.

— Sabe em que estado estamos? -tento ter alguma informação.

— Não. Quando Jaden me trás pra cá, sempre estou vendada.

— Você é de qual cidade?

— Acho que não posso falar isso pra você.

— Só queria saber se estava muito longe de casa. -falo derrotada.

— Vai ficar com ele? -indagou quando me viu olhando pro bebê — Sabe que ele te daria, se você quisesse.

— Não! -refuta sem graça — Desculpa, e que isso me deixa mal. Você não fica?

— A maioria deles vão ter um futuro melhor, uma casa boa com país de verdade. Quase sempre são entregues ou vendidos por um valor irrisório, são filhos de viciadas, mulheres que não tem condições de criar... você ficaria surpresa o quão isso é normal em países mais pobres.

— Eu sei que acontece. Entretanto, aqui?

— Existe pobreza em todos os lugares. Não podemos olhar apenas pela nossa percepção.

— Deveriam entregar ao estado.

— E sofrerem dentro de algum lar adotivo?

— Isso não é correto.

— Nada que o ser humano faz é correto! E mesmo assim fazem tudo, não é? -refutou. Umedeço os lábios virando pro lado, não era confortável.

— Você conhece essa "Nanny"?

— É uma senhora agradável! -fala animada — Gosto de vim pra cá quando ela está aqui.

— É um deles?

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