Capítulo 20 - Rendição

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Justin Bieber teve a compaixão em me deixar respirar por um momento. Me deixou em um quarto separado com roupas limpas e se prontificou a fechar aquele corte com ataduras.

Ele parecia me conhecer melhor do que eu mesma. Além das roupas, uma agenda em branco foi deixada em cima da mesa do abajur ao lado da cama, uma carteira de cigarros e isqueiro.

A única palavra escrita na primeira página era: "não faça nenhuma estupidez, Silver "

Encaro aquilo como um advertência. Não poderia sair correndo dentro de uma casa onde não conhecia metade dos cômodos, seria suicídio colocar o corpo pra fora da sacada enquanto houvesse tantos homens lá fora.

A única coisa que me corroía por dentro era a incerteza de que sua palavra seria mantida.

Uma vida pela a outra.

E eu priorizei a de Harry. Se acontecesse alguma coisa, ele não tocaria em um fio de cabelo dele. Por
Um lado a culpa era completamente minha, me arrastei pra esse buraco enquanto não consegui parar com aquele jogo mental.

Talvez eu estivesse entediada o suficiente pra me envolver, desfocar completamente do meu trabalho ao ponto de fazer o que fiz.

Aquela noite eu chorei.

Chorei por ter sido levada pelos sentimentos, por não ter conduzido com rédeas curtas aquela relação entre nós dois... era isso que estava acontecendo, uma relação! Talvez unilateral, que existisse apenas na minha cabeça.

Lidar com minhas próprias escolhas é pior do que sofrer as consequências pelas mãos dos outros. Preferia que Justin Bieber tivesse acabado com a minha vida naquele exato momento em que me viu, do que ser uma traidora.

Duplamente, traidora!

O que eu sabia da investigação não era tão superficial. Hazel estava bem mais envolvida só que eu e provavelmente sabia de quem seria jogada a fogueira.

Não existia lealdade.

[...]

A luz estava acessa quando o só já estava surgindo no céu, meus olhos doíam pela luta contra o sono e os efeitos do remédio que tinha tomado antes de tudo isso acontecer.

Estava naquele marasma, parada, sentada na beira da cama de frente para a porta esperando que aquele pesadelo acabasse.

Observo a movimentação silenciosa do lado de fora, não era difícil saber que tinham duas câmeras no topo da parede em visão estratégica das janelas e portas. Qualquer passo em falso, seria o fim.

Levanto da cama me arrastando com o corpo dolorido até o banheiro. Me assusto ao ver minha aparência no reflexo do espelho, as olheiras fundas e o rosto inchado pelas mãos pesadas de Jeremy Bieber. Os meus joelhos estão ralados, o corte não jazia sangue mas doía o dobro do dia anterior, coçava.

Eu não toquei nas roupas que ele deixou, não limpei o sangue me meu corpo e muito menos consegui dormir. Ligo a torneira da pia, molhando as mãos para jogar no rosto tentando despertar. Vejo aquela pequena bolsa com algumas coisas de higiene, não me poupei em usa-las. Precisei tomar coragem pra me por embaixo de um chuveiro aquela hora da manhã enquanto tentava não me machucar ainda mais.

Encosto as mãos na parede apoiando o peso do corpo, deixo a cabeça baixa sentindo a pressão da água quente sob meus ombros. Aquilo relaxa o corpo cansado, deixa menos pesado toda a tensão que sentia.

Suspiro, solto o ar devagar mantendo o controle. Uma pequena meditação para que não surtasse de uma hora pra outra.

Ao terminar, desligo a ducha e ainda de costas para a porta pego a toalha enrolando em torno do corpo.

smooth criminalOnde histórias criam vida. Descubra agora