Perdedor, solitário
No espelho você é
Apenas um perdedor
Um solitário, um otário coberto de cicatrizes.
Lixo imundo
Passei um tempo tentando digerir aquilo, eu havia falado com alguém e não me sentira tão estranho quanto pensei que sentiria. Apenas não consegui falar muito, mas isso não acontece nem com JeongHan. Suspirei, as aulas se passaram rápido. Tanto que mesmo no intervalo mal percebi que Hannie hyung havia faltado. Caminhei ate minha casa escutando musica, tão imerso na letra e em meus pensamentos que mal percebi que havia chegado a casa. Olhei para o casebre sem conseguir expressar um sentimento ao que me esperava.
Honestamente, eu nunca me encaixei neste mundo.
Eu sempre estive sozinho
Tudo está sendo arruinado
Não consigo parar esta corrida veloz e perigosa.
Peguei as minhas chaves no bolso e abri a porta, não sabia o que faria se não tivesse sido esperto certa vez e duplicado as chaves de meu pai. Senti cheiro de comida vindo da cozinha e subi as escadas para deixar minha mochila em meu quarto antes de ir comer. Vi meu pai no corredor saindo de seu quarto e fiz uma reverencia acentuada, não cometeria o mesmo erro duas vezes. Joguei a mochila de qualquer forma sobe a cama e desci as escadas indo ate a cozinha.
Agora não tenho interesse, nada parece divertido.
Eu estou de pé, sozinho, na beira de um precipício.
Sentei-me a mesa e ofereci um sorriso para minha mãe quando ela colocou um prato de comida a minha frente. Ela forçou um sorriso gentil sobre a expressão cansada e sofrida, acariciou meu rosto deixando um carinho ali e foi se servir. Meu pai entrou na cozinha, baixei a cabeça começando a me concentrar na comida. Uma mão se fechou em meu braço quando eu já iria erguê-lo para comer, o puxão foi brusco, quase me fazendo cair, porem apenas me fez ficar de pé assustado ao olhar para a expressão fechada e ranzinza de meu pai.
Em algum momento
Passei a ter medo de olhar nos olhos das pessoas
Estou cansado de chorar
_O-o que... – Ele apertou meu braço para que eu parasse de falar e quase chorei, ele apertava os cortes. O mesmo arregaçou a manga do meu moletom e me olhou serio, comecei a tremer o que o fez apertar meu braço novamente. Encolhi-me com a dor.
_Eu te dou um teto e comida e é assim que me retribui? – ditou alto o bastante para me fazer encolher novamente, comecei a lacrimejar com a dor do aperto, mordi o lábio inferior na tentativa de conte-las – Eu deveria ter deixado você definhar pelas ruas seu verme desprezível, na verdade não deveria ter deixado você nascer...
Apenas um perdedor
Um solitário, um otário coberto de cicatrizes.
Lixo imundo
No espelho eu sou um
_Por favor, não machuque nosso filho – Minha mãe suplicou baixo, fazendo-o olha-la, engoli em sego sentindo uma lagrima solitária passeando por meu rosto. O aperto novamente tornou-se mais forte.
Ele me soltou, mas não tive tempo de respirar aliviado por não ter mais o aperto sobre os cortes. Meu pai me empurrou bruscamente para o chão me fazendo bater o braço e a cabeça na mesma cadeira em que estava sentado, gemi baixo fechando os olhos enquanto tentava ignorar a dor. Ele começou a andar na direção dela, tentei me levantar para impedi-lo de fazer algo contra ela, mas ele me lançou um olhar mortal que me fez ficar ali mesmo.
_Ele não e meu filho, sua vadia – Encolhi mais, incapaz de segurar mais lagrimas – Acha que sou idiota? Fui eu quem te fiz dar adeus àquele amante – O-o que? Minha mãe traiu meu pai... padrasto?
Às vezes eu quero acabar com tudo
Eu quero dizer adeus
Quando eu parar, vagando no final desta estrada.
Espero poder fechar os olhos sem arrependimentos
Ele deu um tapa no rosto dela, o som estralado foi alto, com certeza ficaria vermelho depois.
_Se você se importa tanto assim com... ele – disse com nojo na voz, eu sentia meu braço latejar, mas não me atrevi a desviar o olhar deles. Ele veio ate mim dizendo – Então ele talvez finalmente sirva para algo além de me fazer perder tempo e dinheiro – Chutou meu estomago, ouvi minha mãe chiar em reprovação enquanto arquejava procurando por ar – Fracote – murmurejou.
_Por favor, não o machuque – Ela pediu e ele se afastou de mim a olhando serio.
_Que isto sirva de lembrança quando resolver fazer algo de má vontade – ditou e se virou para mim novamente – Levante dai e coma em silencio... E se quiser, de fato, se matar... – Não completou a frase e se dirigiu ate a gaveta de talheres, de onde retirou uma faca. Arregalei os olhos assustado, o que ele pretendia fazer com aquilo?
Em algum momento
Eu comecei a olhar mais para o chão do que para o céu
É difícil ate mesmo respirar
Eu estendo minha mão, mas ninguém a segura.
Eu sou um
Ele jogou a faca não muito longe de mim quando voltou a se aproximar, ele se abaixou ate ficar com o rosto na altura do meu e murmurejou novamente, com raiva o bastante para eu saber que ele não estava blefando quando afirmou:
_Faça rápido e longe daqui – Sua expressão era como gelo, fria e impiedosa – A ultima coisa de que preciso é que alguém me acuse de assassinato.
Perdedor, solitário
Um covarde que finge ser durão
Um delinquente ordinário
No espelho, você é.
Apenas um perdedor
Um solitário, um otário coberto de cicatrizes.
Lixo imundo
No espelho, eu sou um.
Perdedor
Eu sou um perdedor
Eu sou um perdedor
Eu sou um perdedor
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O garoto estranho que usava preto
FanfictionQuando um garoto normal, Kim MinGyu, coloca os olhos em Jeon WonWoo, o garoto silencioso e estranho de sua sala, sente uma tremenda curiosidade se apoderar de si e necessidade de o conhecer. No entanto, quanto mais coisas descobre a respeito do gar...