(Narrado por WonWoo)
Abri os olhos lentamente sentindo a luz do sol bater contra meu rosto. Percebi que não estava em cima da cama quando olhei para a janela e a vi de um ângulo mais baixo. Já iria usar os braços de apoio para me sentar, mas me desequilibrei e caí deitado novamente. Estava no colchão d'agua de MinGyu, mas por quê?
Lembrei-me de tê-lo confortado por conta de um pesadelo e de termos feito a brincadeira das perguntas novamente. Então tudo me pareceu mais claro do porquê de estar ali. Olhei para o quarto ao meu redor, deixando os olhos passearem pelo local. Mas não vendo nada realmente, a mente vagava por aqueles momentos. Senti meu rosto corar ao lembrar de como me deitei sobre ele. Sentindo seu calor contra o meu. De tanto me acostumar àquele momento, o quarto iluminado daquela forma me aprecia levemente estranho.
Sorri sozinho lembrando das pequenas coisas fofas que ele afirmava ao longo das perguntas. Mesmo que me preocupasse com o fato dele se preocupar tanto com o fato de eu me machucar. Afinal, eu me lembrava muito bem de DongYul dizendo que voltaria. Lembrava-me muito bem daquele dia no hospital. Aquele apavorante dia. Lembrava-me de todos. Mas MinGyu havia prometido me proteger, e eu me sentia protegido por ele.
Sorri fracamente antes de me levantar e me dirigir até a porta, a abri olhando para fora do cômodo. A porta era bem em frente a escada. Senti um calafrio passar pela minha espinha ao lembrar do que Min havia falado, engoli em seco. O silencio que a casa exalava não ajudava em nada. Desci as escadas tentando não imaginar o que havia acontecido ali. Tentando não visualizar em minha mente a imagem de MinGyu caindo daqueles degraus. Andei pela cozinha e cumprimentei a senhora Kim. Tentando não me recordar do pai de MinGyu, tentando apenas sorrir. E acho que consegui já que ela não pareceu ter notado nada de estranho em meu rosto.
_Gyu já vai chegar da escola – falou indo até um dos armários de madeira branca. Abriu uma das portas, com dificuldade em pegar algumas coisas por ser um pouco baixinha, colocou os ingredientes sobre a mesa e voltou para os armários. Cogitei ir ali e ajuda-la, mas da ultima vez que tentara ela se zangou dizendo que "Essa juventude cresce de mais e ainda é abusada a ponto de ficar exibindo o quanto é alta". Tive que me segurar para não rir muito naquele dia - Vou começar a fazer o almoço agora, ou vai querer um café?
_Obrigado, eu espero – agradeci e passei por ela enquanto a via começar a preparar a mesa para fazer o almoço. Fui até o lado de fora da casa encarando toda aquela neve. Precisava de ar puro.
Caminhei calmamente até aquela arvore de cerejeira que se encontrava no centro do pequeno espaço reservado para a parte de trás da casa. Era um pequeno terreno gramado _ mesmo que agora coberto de neve _, com apenas uma cerejeira como planta. Coloquei uma de minhas mãos sobre o lenho do tronco olhando para cima e vendo apenas galhos e neve. Adorava o inverno, gostava do frio, mas mal podia esperar pela primavera. Ver as flores de cerejeira ali, devia ser lindo. Imaginava Min e eu sob ela, sorrindo um para o outro.
Olhei em volta e percebi algo que não estava ali antes, senti confusão e curiosidade tomarem conta de mim enquanto andava naquela direção. Espanto tomou de minhas expressões conforme eu percebia que aquilo era minha mochila.
_O quê? – murmurei completamente perdido, não entendendo absolutamente nada. Caminhei até ela hesitante e vi algo pregado na mesma. Um papel dobrado, peguei e desdobrei, o soltei assustado logo em seguida ao ler "D.Y" escrito. Era apenas isso, minha mochila e um papel com as iniciais de DongYul. Estava ainda mais confuso com aquilo.
Olhei em volta temeroso, porém não encontrando ninguém. Franzi não sabendo o que fazer e abri a mochila vendo todos os meus materiais ali. De escola, desenho e até mesmo minhas pastas. Logo eu me encontrava ainda mais confuso. Como DongYul havia encontrado minhas coisas? E por que ele se dera o trabalho de deixar ali? Como sabia que eu estava ali?
O que estava acontecendo?
Peguei minha mochila juntamente do papel e levei para dentro de casa, bufando para o peso de todos os materiais _ e devido a minha vida sedentária e corpo fraco. Engoli em seco ao ver MinGyu na cozinha, falando com Eun com seu belo sorriso no rosto. Mas o sorriso se dissipou numa feição preocupada e cautelosa ao disparar o olhar para mim.
_Won... você foi até sua casa? – Pendeu a cabeça para o lado se aproximando de mim, a voz esbanjado preocupação. Neguei com a cabeça e lhe estendi o papel com uma expressão com certeza temerosa e medrosa.
Ele me olhou confuso, mas antes que eu pudesse dizer algo ele travou o maxilar e contraiu os lábios numa linha fina. Pegou a mochila de minhas costas cuidadosamente, com um carinho que quase me fez sorrir, e a levou até a mesa. Apenas voltei a reparar na presença de EunByul quando esta se aproximou da mesa para conferir minha mochila junto de MinGyu.
Como num estalar de dedos, toquei-me que Eun estava avulsa a tudo aquilo, àquela bagunça a qual minha vida havia se tornado. Então tratei de me pôr a contar. Contei aos dois sobre DongYul, sobre o que ele havia me feito e sua promessa de voltar. EunByul havia ficado chocada, horrorizada com cada fato que acrescentava a historia. Enquanto MinGyu permanecera de cabeça baixa, encarando o papel em suas mãos a todo momento. Raramente me lançava olhares cautelosos e sofridos. Tentei não ceder às lágrimas com eles
Ao final, estávamos todos os três no mesmo barco, confusos. Sem saber absolutamente nada da razão pelo qual DongYul poderia ter feito aquilo, deixado minhas coisas ali. Não entendíamos o que aquilo significava.
Minimamente, eu ao menos havia retirado um bom peso de minhas costas contando aquilo para eles.
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O garoto estranho que usava preto
FanfictionQuando um garoto normal, Kim MinGyu, coloca os olhos em Jeon WonWoo, o garoto silencioso e estranho de sua sala, sente uma tremenda curiosidade se apoderar de si e necessidade de o conhecer. No entanto, quanto mais coisas descobre a respeito do gar...