Eu não queria mais sopa

236 32 42
                                    

(Narrado por Lee Chan) 

Pela primeira vez no dia consegui colocar os pés para fora da cama, achava que SeokMin estava exagerando. Estava apenas um pouco gripado, não era nada de mais. Calcei meus chinelos e me levantei, logo sentindo frio. Andei até meu armário e abri as portas de madeira escura logo passando a procurar uma blusa de frio. Peguei uma blusa de lã vermelha, grossa e comprida o bastante para chegar até o meio de minhas coxas e a vesti satisfeito.

Mais agasalhado, abri a porta de meu quarto e dei de cara com Seok hyung. Arregalei os olhos com o susto e o vi recuar um passo, um pouco desorientado. Ele segurava uma tigela branca e por pouco não derramara o conteúdo sobre o carpete, apenas transbordara perigosamente, deixando rastros de gotas da superfície da própria tigela. Seok me olhou calmo, mas com um toque de alarme.

_O que faz fora da cama? – indagou mansamente, limpando uma de suas mãos na bermuda e levando até minha testa pela milésima vez no dia. Fiz um bico emburrado – Não está mais tão quente... – constatou e sorriu levemente, mas continuou a me olhar a espera de uma resposta.

_Não quero mais sopa, é a única coisa que como há dias! – reclamei e cruzei os braços. Desfiz o bico nos lábios quando ele apertou minhas bochechas sorrindo. Ele olhou para o conteúdo da tigela e entortou a boca, dando de ombros logo em seguida e pegando a colher, tomando uma colherada para si.

_Por quê? Está bom – Sorriu, fazendo-me rir e descruzar os braços ao reparar que ele tinha se sujado. Aproximei-me negando com a cabeça enquanto mantinha um sorriso suave. Elevei dessa vez, minha mão ao seu rosto, usando o polegar para lhe limpar o canto do lábio de forma distraída. Mal percebendo o movimento.

_Porque eu estou comendo todos os dias a mesma coisa – repeti levemente, para ver se daquela ver ele me escutava e entendia. O olhava nos olhos enquanto dizia, mas ele mal pareceu me escutar. Permaneceu me olhando sem dizer nada numa expressão petrificada naquela calmaria antiga que ele sempre exibia. O único diferencial era que ele parecia não estar ali realmente. Seus pensamentos pareciam estar em outro lugar completamente diferente – O que foi? – Ele olhou para baixo, na direção onde minha mão permanecia repousada sobre a tez de seu rosto. O polegar demasiado próximo a sua boca. Senti-me entrar em combustão enquanto tentava recuar, mas ele segurou minha mão ali. O olhar calmo e aéreo denotando-se surpreso e profundo. Mal ouvi o som do impacto daquela tigela com o chão, não quis e não me importei com olhar para o conteúdo que a deixava de preencher para encharcar o carpete. Estava muito ocupado e muito bem entretido em ouvir meus próprios batimentos cardíacos acelerados no momento em que SeokMin selara nossos lábios.

Arregalei os olhos, imóvel e sem compreender o que acontecera em tão poucos segundos. Pouco depois, meu coração batia tão forte, e eu já o escutava retumbando no peito clamando por mais daquele beijo. Então apenas parei de tentar entender, resolvi sentir. Aproximando-me ainda mais, levei meus dois braços até seu pescoço os entrelaçando ali e me entregando ao momento.

_Mas que bagunça é... – Assustei-me de sobressalto ao ouvir a voz de outra pessoa não muito longe de nós. Soltei SeokMin hyung dando um belo passo para trás olhando para nossa direita, onde no fim do não muito amplo corredor se encontrava JiSoo com olhos arregalados. Provavelmente igual as expressões de SeokMin e minhas. Ele mantinha as sobrancelhas erguidas enquanto nos olhava surpreso – Ah... desculpa ter atrapalhado, mas se vão se beijar, podem ao menos não sujar o carpete? – Usou a destra para indicar o chão, percebi sopa encharcando madeira e carpete verde e bege não muito longe de mim e de SeokMin.

Olhei para JiSoo novamente, envergonhado e sentindo o rosto completamente ruborizado. O que apenas piorou quando ele me lançou um olhar travesso e saiu dali. Voltei a encarar o chão, completamente envergonhado. Mas senti a mão de SeokMin sob meu queixo o erguendo, gradativamente meu olhar seguiu o movimento até encontrar os seus, que brilhavam com certa satisfação e grande felicidade. Aquilo foi o bastante para fazer meu coração bater muito mais acelerado que antes. Eu amava aquele lindo sorriso, e agora ele era direcionado a mim.

E então mandei as consequências ao inferno pouco me importando com o resto ao puxa-lo para mais um beijo.

O garoto estranho que usava pretoOnde histórias criam vida. Descubra agora