Ele era real

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Olhei em volta confuso, estava em um corredor vazio, branco e desconhecido. Porém inesperadamente familiar, era semelhante ao do hospital em que WonWoo esteve por um bom período de tempo. Olhei para o final do corredor e encontrei apenas sombras espreitando, senti um calafrio correr por minha espinha ao sentir a escuridão me olhando de volta. Olhei para o outro lado e tive a impressão de sequer ter me movido, o lado esquerdo era um espelho do direito. Ambos ostentavam escuridão tão concentrada que engolia o branco das paredes ao redor. O lugar era claro, e todo aquele branco parecia prestes a me cegar, mas as sombras, mesmo assim pareciam engolir a cor. Nada reverberava dali de dentro do poço de obscuridade.

Mesmo contra mim, veja só, o tempo

Continua a correr me deixando para tras enquanto

Giro sem parar, minha alma se esvaindo

Lentamente até que eu não mais perceba.

Eu não tinha para onde ir, não seguiria até a escuridão, esta não me passava segurança de ser inofensiva. Havia apenas uma porta a minha frente, esta não era como as do hospital, que continham um pequena janela. Não, esta era completamente constituída de madeira. E continha uma sensação errada, hesitei em entrar. Eu não queria entrar ali. Foi então, ao constatar que não queria entrar ali, que as sombras passaram a devorar o branco à minha volta. Aproximava-se rapidamente e engolia a luz, fazendo-a sumir totalmente por onde passava.

Adentrei aquela porta com pressa, mas não parei a tempo de perceber que dentro dela havia o mesmo. Escuridão que devorava a luz e não a refletia de nenhuma forma. Fui engolido por ela e não consegui mais ver nada, virei-me, mas a porta havia sumido. E no lugar dela eu apenas conseguia ver alguém, longe. Usando roupas brancas, sua pele também parecia ser esbranquiçada. Tentei lhe gritar para que me visse ali, mas não saía som algum. Resolvi correr até aquela pessoa, quem sabe ele ou ela possa me ajudar, dizer-me onde eu me encontrava.

Chegando mais perto comecei a reconhecer aquela pessoa, eu o conhecia, aquilo ficava mais aparente e cada passo que eu dava para chegar até ele. WonWoo. Ele pareceu me perceber ali e olhou na minha direção, mas no momento em que fez isso minhas pernas pararam de se mover. E eu parei ali, tentei continuar para chegar até ele, mas não consegui.

Tento me mover, mas as sombras não me deixam,

Minha mente escorre sem volta aos confins do tempo.

Não consigo ver ou sentir, o mundo ao meu redor

Se esvaiu, me restou o vazio.

O desespero se apoderou de mim quando vi DongYul surgir atrás dele, com um sorriso estranho, macabro e vitorioso. Ele parou ao lado de Won e, olhando para mim, segurou seu rosto, finalmente passando a olha-lo. WonWoo não parecia com medo, pelo contrario, sorriu para DongYul. Sorriu. Aquele sorriso que eu tanto lutava para manter no rosto de WonWoo, que aparecia raramente de forma verdadeira. Aquele sorriso era agora direcionado a DongYul. O de cabelos azulados selou seus lábios, e tentei me mover outra vez. Ir até eles para afasta-los, ou para correr dali, eu só queria me mover e parar de ver aquilo.

Será que dormi? Talvez um sonho ruim?

As palavras que emiti não importam para mim.

Eu não quero mais sentir, não quero me entristecer.

Se eu deixo de sorrir, talvez pare de sofrer.

Repentinamente DongYul sacou uma faca e a enterrou no peito de WonWoo, o fazendo cair no chão de escuridão. Desacordado. Sem vida. Tentei me mover mais que nunca, em pânico, desesperado e sentindo o coração bater mais rápido que nunca. Senti as lágrimas banharem meu rosto. Mas tudo em vão, permanecia imóvel ali, á pelo menos uns cinco metros dos dois. DongYul olhou para mim, dessa vez com um olhar psicótico. E sorriu, soltando a faca e indo até o corpo morto de WonWoo.

O garoto estranho que usava pretoOnde histórias criam vida. Descubra agora