Era meu fim

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(Narrado por WonWoo) 

_Wonnie? – Virei-me assustado ao ouvir aquela voz novamente. Olhei para DongYul espantado dando um passo para trás. Senti o corpo inteiro paralisar diante daquela expressão calma demais. Ele não se aproximou, apenas permaneceu parado me olhando. Parecia calmo, permanecia inexpressivo. Havia me esquecido dele, esquecido do aviso. Tudo estava tão perfeitamente bem ao lado de MinGyu que não pensara naquilo. Esquecera completamente que ainda corria perigo.

Não tive coragem de correr de volta para a escola, não tive coragem de dar as costas a ele. Continuava sem saber o que aquela repentina "ajuda" significava. Engoli em seco, e o olhar sempre analítico de DongYul pareceu captar até mesmo aquele movimento. Eu tremia, tudo parecia terrivelmente delicado e frágil naquele momento. Tudo, minha paz ao lado de MinGyu, a felicidade, o próprio MinGyu. Parecia que de repente tudo estava prestes a desabar completamente mais uma vez na minha vida. Sob meus pés, diante de mim, ao meu redor e acima da minha cabeça. Ele não sorriu com deboche, não me lançou aquele olhar que parecia saber de tudo. Não, ele permaneceu me observando, até eu dar outro passo para tras. Tudo, o mundo havia ficado mais lento naquele momento.

_Não estou aqui para te machucar – murmurou não muito alto, concentrado em mim como se eu fosse um animal assustado. Como se estivesse me caçando. Observando-me até ser o momento perfeito para me atacar. Meus pensamentos estavam a mil, meu corpo inteiro parecia travado no lugar. A coisa mais lógica a se fazer talvez fosse correr, chamar a policia ou algo do tipo. Mas meu desespero me cegava, meu coração batia descompassado, desesperado, chegando a fazer meu peito doer. Sentia que morreria ali.

Dei mais um passo para tras – Não vou te machucar – falou exalando confiança quase me induzindo a pensar aquilo. Mas era DongYul, ele sabia como se fazer confiável, tudo podia apenas ser mais um ardil dele – Por favor – Estendeu uma mão para mim, mas mesmo se eu confiasse nele não lhe daria a mão. Neguei com a cabeça quase imperceptivelmente. Os olhos incrivelmente fixos nele como se mais nada importasse. Como se apenas uma desviada de atenção pudesse me custar a vida. Ele não parecia realmente prestes a fazer algo, no entanto. Reparei nele, o mesmo usava roupas minhas, roupas pretas. Mais uma prova de que ele havia ido a minha antiga casa. Como ele queria me ajudar se para viver lá tinha que conviver com DongHyo? Certamente se juntaram.

Eu era incapaz de proferir qualquer palavra que fosse, sequer abrir a boca parecia dificil naquele momento. Estranhamente ele parecia incapaz de fazer qualquer movimento em demasia. Como se estivesse com medo de me assustar, eu realmente me sentia como um animal acuado naquele momento.

_Você precisa fugir – Ele deu um passo, como se para testar se eu daria outro passo para trás. Mantive-me imóvel diante do movimento, temendo-o de mais para sequer recuar – Seu pai quer te matar e ele está vindo para cá, precisa fugir – disse em tom alarmado, mesmo com a ameaça não tiramos o olhar um do outro. Nenhum dos dois ousou desviar o olhar para verificar em volta. Mas algo no tom de sua voz me fez acreditar naquilo, que DongHyo vinha atrás de mim. Já sabia que ele queria me matar. Ao menos aquilo eu sabia que era verdade – Ele não sabe onde seu namorado mora, corra com ele até lá. Você tem que fugir, Wonnie – Deu outro passo na minha direção, mais uma vez não recuei. Sabia do perigo que estava correndo, mas não conseguia me mover.

Não sabia o que fazer. Queria estar nos braços de MinGyu, mas ao mesmo tempo esperava que ele não saísse daquela escola tão cedo. Eu estando em perigo já me apavorava, não queria que ele estivesse também.

_Wonnie – Ele implorou se aproximando mais, logo estava a meros dois passos de mim. Não ousou chegar mais perto que isso, sua mão já não estava mais erguida. Ele me olhou com brilho de culpa torneando a íris dos olhos. Inspirou para dizer mais algo, mas uma voz grossa o interrompera:

_Sabia que não cumpriria com sua palavra – Cada musculo de meu corpo já tensionado pareceu se tencionar ainda mais. DongYul olhara para o lado, para o outro lado da rua, mas eu não consegui. Lee pareceu se aproximar um pouco mais de mim, assustado. Após um bom tempo consegui mover-me deliberadamente pouco e olhar para DongHyo. Estava completamente diferente, mais pálido, com o rosto macilento. Como se a sede de vingança e a insânia tivessem lhe consumido. Como se a morte o corroesse de fora para dentro. O rosto com uma expressão sombria que eu nunca havia visto, um pequeno sorriso triunfante e medonho. Um brilho de loucura reluzia naqueles olhos.

Dei outro passo para trás, daquela vez inconscientemente na direção de DongYul. Cada átomo de meu corpo estava tenso, cada átomo insistindo para que eu corresse dali o mais rápido possível quando avistei uma arma em sua mão.

_Quietinho aí – disse quando dei outro passo para trás, apontando a arma na minha direção. Fiquei mais imóvel que estava antes, completamente apavorado. Temia mais que nunca que MinGyu aparecesse, entraria na frente da bala voluntariamente se ele se tornasse o alvo.

_Não faça isso – DongYul protestou dando um passo para frente, transferindo o olhar de DongHyo para si por um instante. A mira permaneceu em mim. Temia me mover, temia respirar de forma errada, qualquer movimento podia faze-lo disparar – Disse que eu podia brincar com ele e depois leva-lo até você. Não o mate agora – DongYul disse, em algum momento sua voz falhou, mas ele permaneceu com a postura altiva.

_Acha que não o vi dizendo a ele para que fugisse? Não tente bancar o herói, não após tudo o que já fez – DongHyo retrucou, as expressões sérias como nunca. Eu já não entendia mais absolutamente nada. Se DongYul falara a verdade ou não, se ele havia realmente dito a DongHyo que brincaria comigo.

_Não faça isso – advertiu outra vez. Meu terror não me deixava dar mais nenhum passo, eu não me movia um milímetro sequer. Porém mesmo com os avisos de DongYul, DongHyo apenas sorriu sombriamente. E apertou o gatilho.

Pude sentir o momento em que meu coração parara de bater.



O garoto estranho que usava pretoOnde histórias criam vida. Descubra agora