Após uma manhã lenta como se o tempo nunca fosse passar, finalmente eu estava em casa. Estranhamente daquela vez SeungKwan não havia tentado falar comigo ou me arrastar para a mesa da cantina _ o que me permitiu ficar na sala. Ao menos ele não perguntara nada de WonWoo, o que me fez estranhar. Aproveitei aquele fato para falar o menos possível e apenas aguardar que tudo aquilo acabasse para poder ir para casa cuidar de WonWoo hyung.
Para não deixar de ser educado passei na cozinha para dar um bom dia à minha mãe entes de subir para o nosso quarto. Abri a porta vendo que novamente o hyung havia me desobedecido e saído da cama para ir para minha escrivaninha desenhar. Ele se assustou com o ranger da porta e se virou me vendo. Ele rapidamente virou o papel em que estava desenhando e colocou o braço por cima de forma que me impedisse de ver o que havia ali.
_O que está escondendo? – Aproximei-me tentando ver algo que me denunciasse o que fosse, mas apenas vi superfícies brancas idênticas a central. Ele colocou a mão em meu peito com os braços esticados a frente do corpo me afastando como uma criança, ri de seu ato.
_Nada, sai daqui – falou sério, embora tenha me aparentado ser tremendamente adorável. Franzi o cenho rindo, mas parei de tentar ver quando seus braços pareceram perder um pouco da força.
_Se não fosse nada você deixaria eu ver – falei segurando seus braços da forma mais delicada possível para lhes dar apoio. Ele puxou os braços de mim e se encolheu me olhando parecendo nervoso.
_Não é nada para você ver – Quase formou um bico nos lábios, mas se conteve continuando emburrado. Segurei-me para não apertar suas bochechas e acabei parando o olhar na cicatriz branca quase invisível contra sua pele pálida localizada ali – O que houve? – indagou quando o olhei por tempo de mais, vi sua expressão se tornar desconfiada.
_Por que não posso ver? – Afastei-me e me sentei em minha cama mudando de assunto. Não gostava do costume de encarar aquela cicatriz, mas não conseguia conter . Sempre me lembrava dele jogado no chão da cozinha da própria casa, desacordado. E aquela era uma lembrança que não me fazia nem um pouco bem. Lembrava-me de que quase havia perdido WonWoo, mesmo que ele nunca tivesse sido meu, quase havia o perdido para sempre.
_Porque não – disse assim que percebeu que eu não tentaria ver novamente, ele se virou para a escrivaninha retornando ao seu tão secreto desenho. Não tentei ver novamente para não acabar o aborrecendo e apenas continuei a o olhar. Mesmo de costas eu me perdia em pensamentos que lhe envolviam.
_Não vou poder ver? Nem mesmo quando terminar? – interroguei apenas para me distrair e não ficar o fitando perdido em meio a pensamentos. Ele corava quando me flagrava o fazendo, ficava sem graça. Era divinamente fofo e sempre me fazia sorrir e ter vontade de chegar mais perto, mas eu nunca tinha essa coragem.
_Quando eu terminar sim, mas não é para ver agora – disse ele de forma lenta, bem como fazia quando concentrado. Adorava a forma melódica com a qual sua voz era emitida quando ele estava centrado em seus traçados. Sua voz era tão magnifica, naturalmente grossa e potente, proferida de forma lenta se tornava um timbre ainda mais perfeito.
_Eu espero então... – Ele olhou por cima do ombro para mim por um instante antes de voltar a seus traços de forma rápida, disfarçando de forma quase imperceptível seu constrangimento. Sorri novamente e antes que começasse a pensar em WonWoo enquanto o contemplava, levantei-me e peguei minha mochila separando e iniciando meus estudos e deveres.
WonWoo hyung ainda não podia ir para a escola, o garoto permanecia fraco, embora andasse por aí às vezes. Ele não o fazia muito por reclamar de tonturas, então preferia ficar quieto, na maioria das vezes desenhando em minha escrivaninha. Daquela forma ele permanecia em meu quarto na maior parte do tempo, saindo apenas por insistência da minha mãe para que ele vá ao jardim respirar ar puro.
Mas, para ajuda-lo, eu tentava me dedicar a recuperar o que não havia entendido das matérias por não prestar atenção ultimamente. Assim, entendendo as matérias, poderia lhe explicar para que assim que ele estivesse melhor apresentássemos seu atestado médico para que ele pudesse fazer as provas. Embora não tivesse total certeza de que estava realmente o ajudando, se antes ao prestava atenção por estar preocupado, agora apressado para chegar em casa e ansioso ficava pior. Mas faria um esforço pelo hyung ainda que achasse que ele não estava aprendendo nada comigo.
Mirei mais uma vez em sua direção após terminar de abrir os cadernos e o descobri me olhando. Seu rosto assumiu uma tonalidade avermelhada muito bem destacada na pele quase imaculada. Retornou as suas coisas me fazendo sorrir outra vez, baixei a cabeça me concentrando nas minhas atividades.
Com pouco mais de quinze ou vinte minutos ouvimos batidas na porta e fitamos a mesma vendo-a abrir revelando minha mãe.
_Posso atrapalhar seus estudos? Venham almoçar meninos – falou com um doce sorriso e saiu dali deixando a porta aberta para que logo fôssemos. Olhei para WonWoo o vendo suspirar e segurar o papel, ele bufou frustrado e se levantou vindo ate mim. Levantei-me também.
_Ah, está horrível... Mas eu tentei – Ele me estendeu a folha parecendo desanimado, mas ao mesmo tempo, ansioso. Segurei a folha e deixei a surpresa tomar conta das minhas expressões. Olhei do papel para ele diversas vezes abrindo e fechando a boca sem saber o que dizer.
_Você... me desenhou – Perplexo com o desenho, afirmei o obvio. Era incrível, ele havia me desenhado apenas olhando para mim quando eu estava nem ao menos o olhando, e sem nenhuma foto. Aquilo era incrível, havia ficado lindo. Aquele era nitidamente meu sorriso, embora parecesse muito mais bonito ali no papel.
_Não ficou muito bom – Levou a mão até o pescoço falando com a cabeça baixa ocultando seu rosto de mim e mirando o desenho como eu agora fazia.
_Ficou incrível – falei eufórico e entusiasmado sem saber conter a animação e a felicidade, ele havia gastado um bom tempo naquilo, parecia realmente ter se dedicado muito.
_Mesmo? – Ele me vislumbrou surpreso, assenti finalmente deixando de olhar o desenho e lhe oferecendo um sorriso extremamente feliz.
_Eu adorei – O vi corar e sorrir.
_Meninos, venham comer logo, a comida vai esfriar.
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O garoto estranho que usava preto
Fiksi PenggemarQuando um garoto normal, Kim MinGyu, coloca os olhos em Jeon WonWoo, o garoto silencioso e estranho de sua sala, sente uma tremenda curiosidade se apoderar de si e necessidade de o conhecer. No entanto, quanto mais coisas descobre a respeito do gar...