Eu fiz um acordo

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(Narrado por DongYul)

*a capa do cap é o DongYul sim porque eu quero*

_Olá sogrinho - Forcei-me a sorrir convidativamente. Ele amarrou ainda mas as expressões como se lembrasse de mim e não me quisesse ali. Mas aguardei que ele pronunciasse algo antes de esboçar qualquer reação a esta minha constatação.

_O que você quer aqui? – esbravejou em tom de ameaça, semicerrei os olhos para seu tom ameaçador sem me dar o trabalho de parecer amedrontado. O lancei um olhar inexpressivo e desafiador e vazio, o que o fez dar um passo para trás cautelosamente. Sorri de sua reação com superioridade, vendo que havia tomado as rédeas ali.

_Visitar meu Wonnie – falei de forma ingênua forçando uma expressão inocente a ficar em meu rosto. A modifiquei para uma seria falando de forma objetiva logo em seguida – Onde ele está?

_Ele não mora mais aqui, mas o que você quer de verdade? – Avaliou-me desconfiado, lhe sorri de forma convencida vendo em sua voz e fala que ele estaria disposto a me dar algo. Andei na direção do sangue no meio da cozinha e passei por ele como se nada fosse, e parei do outro lado da bancada que ali havia.

_Não? E de quem é este sangue? – perguntei sem deixar transparecer a curiosidade, como se não tivesse me incomodado com o fato de haver liquido escarlate bem ali. Como se me fosse um esforço reparar. Sendo que na verdade a sensação de pisar naquele sangue tivesse me trazido a lembrança de outros pisando no meu. Eu me sentia fazendo o papel deles agora, e isso me levava uma sensação estranha, de estar fazendo o errado. Como se eu pudesse olhar para WonWoo agora e me ver mais novo. Como se eu estivesse fazendo com ele algo muito pior do que o que eu achava que estava fazendo. Eu sabia que estava.

_Dele – Um estranho formigamento sob meus pés começou, mas apenas ignorei e engoli em seco. O olhei inexpressivo, mas com uma pontada de tedio. E o esperei falar – O avisei para não retornar a esta casa, ele não me obedeceu – ditou deixando mais que clara toda a sua fúria pelo mesmo. Estranhamente me senti mal ao me identificar com WonWoo novamente, um aperto no peito se fez presente. Mas ignorei.

_Eu estou o procurando – respondo sua pergunta após conseguir minha informação. Falei indiferentemente, embora tenha estranhado sua total modificação de humor ao falar de WonWoo, sua mudança de opinião para com ele – Quero me divertir um pouco mais – Dei um sorriso divertido, mesmo que não acreditasse mais em minhas próprias palavras – Sabe onde está? – indaguei o vendo ficar ainda mais irritado que antes. Conti um olhar para o sangue que ensopava o chão. Sentia um calor desproporcional para o clima nas costas. Era estranha a sensação que o sangue havia me proporcionado apenas por estar ali. Era semelhante ao que havia sentindo ao olhar meu próprio sangue empoçado a minha volta pela primeira vez. Era tão real a sensação ao lembrar daquilo que minha cabeça doía e lampejos da lembrança enchiam meus olhos. Eu tinha que sair de perto daquele sangue.

_Se soubesse já teria ido até ele – Encontrei ali um ponto comum e uma oportunidade. O observei antes de fazer qualquer coisa, ele parecia saído de um filme de ação. O olha assassino, o ferimento no canto da boca, o movimento corporal que denunciava que estava com tanta raiva que poderia me matar ali e agora se eu saísse da linha. Não deixei me amedrontar apesar disso, carregava comigo uma arma e poderia disparar a qualquer momento se quisesse.

_Interessante... estou a procura dele e do namorado, talvez possamos nos ajudar – propus sério vendo sua expressão deixar de ser tão desconfiada para vagamente interessada – Posso encontra-lo para você, mas você terá que me deixar morar aqui.

O silencio tomou conta do lugar, o observei enquanto o mesmo pensava. Encarava-me como se os pensamentos o tivessem levado para outro logar. Provavelmente pesava os prós e contras de fazer o trato, de me deixar ficar ali. Era obvio que eu não cumpriria com minha palavra, não entregaria Wonnie de bandeja para ele com a iminente possibilidade dele o machucar daquela forma. Ainda mais tendo em troca apenas o garotinho bonito e um lugar para pisar. Não, Wonnie valia mais.

Ele tinha um tipo de beleza que eu gostava de admirar. Sua beleza era magnifica, mesmo quando chorava, adorava vê-lo chorar. Sabia que eu era a fonte daquilo, e adorava saber que era a fonte de algo tão bonito, mesmo que isso o machucasse. Estava curioso, mesmo que hesitante, em saber o que aconteceria se mexesse com a cabeça de MinGyu. Mas WonWoo sempre seria a fonte de tristeza mais linda que eu já havia visto.

Ah, a tristeza dele. Ele tinha que supera-la, por mais bonita que fosse ao meu ver, ela o fazia mal. Eu gostava de ver sua tristeza, causa-la, mas apenas o fazia para mostra-lo que as pessoas neste mundo não são boas. Transformaram-me em uma delas. Queria mostra-lo que não era bom agir com o coração como ele fazia. Não se deve confiar em aparências, já que este mundo é feito delas, e quase todas são falsas. Queria protege-lo de gente como eu, que já é quebrado e não sente remorso em quebrar alguém. Mas eu já não estava mais tão disposto a fazer isso, não me parecia mais... divertido como antes parecia ser. Agora parecia apenas cruel. Talvez eu devesse parar.

Ele e MinGyu, eles tinham algo, tinham um sentimento entre si. Eu via a preocupação de um como o outro, os sorrisos que Wonnie dava ao pensar no outro. A tentativa do maior de o proteger de mim, mesmo que inútil já que eu sempre estava ali. Era algo bonito de ver, eu tinha até pena de estragar algo assim. Mas pena não costumava ser algo que me impedia de concluir alguma coisa. E eu terminava tudo que começava.

Tinha a intensão de ver até onde o senhor Jeon iria. Se aquele sangue era de Wonnie, ele não tinha mais nenhuma intensão de protege-lo de mim. Aquilo era um fato óbvio e concreto, apesar de não dito. O sangue dizia bastante, denunciava muito bem seu ódio pelo garoto. Perguntara-me quando e para onde fora aquele afeto que ele tanto adorava demonstrar pelo filho. Havia se passado vários meses, mas sua mudança fora quase drástica.

_Certo... – Murmurou me encarando – Faça o que quiser, mas me traga ele no final – falou, com palavras que para ele poderia parecer que tinha-me nas mãos, mas ele nada mais demonstrava que estava desesperado para ter Wonnie. Passei pelo sangue novamente tentando não me sentir mal, e passei por ele com um sorriso triunfante ao ir na direção do segundo andar explorar minha nova casa.



O garoto estranho que usava pretoOnde histórias criam vida. Descubra agora