_MinGyu... – Ouvi a voz fraca de WonWoo e o olhei desesperado vendo seus olhos se fecharem. Levantei-me e fui até ele pouco me importando com o outro _ que agora estava inconsciente devido a um soco na cara muito bem merecido.
Eu sabia, sabia que não deveria tê-lo deixado vir. Eu era tão idiota, por que não simplesmente pensava nas coisas antes de fazê-las? Não era possível, a mesma cena se repetia, e por pura questão de sorte não havia sangue ali daquela vez. Segurei seu rosto e chamei seu nome algumas vezes esperando ter alguma reação de sua parte. Puro desespero tolo, no fundo eu sabia que ele não me responderia tão cedo. Com cuidado o peguei no colo e comecei a correr na direção de casa, não importava se estava deixando suas coisas para trás, poderia vir desacompanhado buscar depois.
Seu corpo pela primeira vez estava quente, indicando febre, e ele permanecia mole em meus braços. Meu coração se apertava ao ver expressões de dor em seu rosto, mesmo que ele estivesse desacordado. Tentava correr o pais rápido que podia a cada movimento seu que denunciava desconforto, mas tomando cuidado para não escorregar na neve. Tentava evitar as lágrimas ao máximo para que não atrapalhassem a visão. Tropeçar e cair com WonWoo naquele estado estava completamente fora de questão.
Sem prestar atenção em nada a minha volta, entrei em casa de forma afobada correndo até meu quarto e finalmente o colocando sobre a cama. Levei minha mão até sua testa e me surpreendi com sua temperatura elevada. Minha mãe apareceu na porta parecendo preocupada, mas ainda assim não retirei o olhar dele e apenas desloquei minha mão de sua testa até sua bochecha finalmente deixando algumas das lágrimas escaparem. Mas apenas algumas, ainda tinha que cuidar de si. Porém, a preocupação doía.
_MinGyu, o que houve? – Ouvi minha mãe enquanto ela se aproximava. Engoli em seco sentindo um nó na garganta se formar novamente enquanto acariciava a tez do rosto de Won.
_O pai dele... eu não cheguei a tempo... ele está quente – falei desesperado entre os soluços que não consegui evitar, esperando que ele acordasse e dissesse que estava tudo bem, que tudo fora apenas um susto. Mas aquilo não aconteceu.
_Calma, meu filho. O que aconteceu exatamente, o que ele fez para WonWoo? – Ela disse levando uma mão até a testa dele checando sua temperatura também.
_Eu não sei, eu só vi quando ele chutou a perna dele e Won caiu no chão chorando. Ele parecia tão fraco... – falei tudo em tom de choro. Eu sentia perfeitamente todo o percurso que as lágrimas faziam por meu rosto, deixando ele e parte do forro da cama úmidos.
_Bem, se for só isso mesmo, acalme-se um pouco garoto. Ele desmaiou pela fraqueza e provavelmente pelo choque de ter o pai na frente dele de novo. Tem certeza que não quer que eu ligue para policia para denuncia-lo? – Ela interpelou-me, dei de ombros sem conseguir me acalmar ou sequer desviar o olhar de WonWoo. Não conseguia deixar de manter o semblante triste e preocupado. Antes eu não queria ligar para a policia ainda por não saber se WonWoo estava de acordo, afinal, era o pai dele. Não sabia se ele estava de acordo e não queria chamar a policia porque ele ainda estava no hospital naquela época e não queria que lhe incomodassem com interrogatórios e seja-la-o-que-fosse. Mas agora não importava, aquele cara tinha que ir preso, ou ainda mataria WonWoo.
Minha mãe saiu do quarto e retornou pouco depois com uma toalha úmida a qual colocou sobre a testa de Won. Continuei ali do seu lado durante o resto do dia, por sorte ele aparentava estar dormindo após um tempo. Provavelmente devido ao cansaço, às noites mal dormidas por culpa do choro. Algumas vezes ele acabava por se revirar um pouco e murmurar coisas inaudíveis. Retirei a toalha de sua testa assim que ela secou e ele pareceu começar a sentir frio. O cobri e fechei a janela, provavelmente ele havia sentido a brisa da neve que voltava a cair.
Mas ele apenas pareceu dar sinais de que acordaria quando escureceu, quase de madrugada. Eu tinha aula no dia seguinte, mas não me importava com aquilo naquele momento, cuidar de Won era bem mais importante. Tinha que permanecer ali até no mínimo ter a confirmação de que ele estava bem. Vi suas pálpebras se moverem como se tivessem dificuldade para se abrir e suspirei aliviado quando seus olhos finalmente se abriram. Ele olhou em volta parecendo procurar algo até que seu olhar parou em mim.
_Como se sente? – indaguei baixo mas ele não me respondeu e baixou o olhar passando a encarar o nada parecendo melancólico – Precisa de algo? – Engoli em seco com a preocupação da falta de resposta, ele continuou em silencio com seu olhar se tornando cada vez mais triste. Cada vez com mais melindre. Deixando bem aparente que choraria em pouco tempo.
Desloquei-me até onde ele estava deitado e me deitei ao seu lado o abraçando. Suas lágrimas começaram a escorrer e a única coisa que pude fazer foi tentar seca-las. Ele colocou a mão em meu peito quase como se fosse me empurrar e me afastar de si, mas ele apenas me abraçou de volta, logo depois escondendo o rosto onde antes estava sua mão.
Apenas consegui descansar duas horas depois que sua respiração se acalmou e se tornou leve indicando que ele havia adormecido. Eu tinha que protege-lo, ele não merecia sofrer daquela forma.
E imaginar que aquelas lágrimas rolavam há muito mais tempo do que desde quando eu o conhecia apenas fazia tudo me parecer doloroso e irreal de mais. Por que fazer alguém como ele sofrer, justo alguém tão inocente? Tão incapaz de fazer mal a alguém. Eu podia não conhecer seu passado, não saber o que havia acontecido entre ele e DongYul, o que havia acontecido com sua mãe para sumir daquela forma. Mas sabia que ele era alguém bom de mais para fazer mal a qualquer pessoa, alguém bom de mais para sofrer daquela forma. Ele tinha um bom coração, era tão perceptível que com apenas uma conversa podia se perceber tal coisa. Eu tinha que protege-lo, não podia permitir que aquelas lágrimas continuassem a cair.
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O garoto estranho que usava preto
FanfictionQuando um garoto normal, Kim MinGyu, coloca os olhos em Jeon WonWoo, o garoto silencioso e estranho de sua sala, sente uma tremenda curiosidade se apoderar de si e necessidade de o conhecer. No entanto, quanto mais coisas descobre a respeito do gar...