(Narrado por JeongHan)
_JeongHannie? – Ouvi a voz de Cheollie e ergui o rosto, ele se sentou ao meu lado e olhou em volta observando o pátio vazio. Baixei a cabeça de novo e ele disse após alguns minutos de silêncio – Por que não vai vê-lo? – interrogou me fazendo voltar a querer chorar, mas havia prometido que não choraria. Eu me sentia simplesmente horrível e impotente por estar ali com ele desde o inicio do ano e não ter achado estranho quando ele dizia que estava "doente". Ele havia sido espancado pelo pai! Isso é tão... Sei lá! Eu me sinto péssimo por não tê-lo protegido disso. Eu tinha vindo atrás dele justamente para protegê-lo, mas nem para aquilo eu servia.
_Ele deve me odiar Cheol, eu me sinto tão mal com isso... – lamentei baixinho com a voz embargada. Ah, o que eu estava fazendo? SeungCheol deveria ter mais o que fazer e eu estava o enchendo com meus assuntos pessoais que provavelmente nem lhe importavam. Ele deveria estar ali para me perguntar sobre as aulas particulares de inglês e eu agindo feito uma criança sem coragem de tomar atitude nenhuma.
_Não se sinta assim, você não sabe se ele te odeia. O que acha de irmos juntos vê-lo? Eu sei que eu não o conheço, mas eu te acompanharia – explicou me fazendo erguer o rosto para olha-lo, que também me olhava com um sorriso encorajador. Como eu diria não aquele sorriso? Acabei sorrindo fraco de volta sem nem perceber e ele me ajudou a levantar.
Como o mesmo disse, ele me acompanhou até o hospital em que me informaram que WonWoo estava. O caminho até lá fora silencioso e incômodo, eu passava o tempo todo pensando que deveria dar meia volta e esquecer aquilo tudo. Mas então eu percebia que estava sendo infantil e respirava fundo controlando-me e continuava a andar. Cheol de vez em quando falava algo procurando me distrair ou puxar assunto, mas não dava muito certo. Apenas me fazia querer rir de sua vergonha, mas eu estava sobrecarregado de mais para rir.
Chegamos ao hospital e Cheollie começou a falar com a recepcionista enquanto eu me controlava para não sair correndo. Ele veio até mim sorrindo após um tempo e disse que era no segundo andar, eu estava ansioso de mais com a situação para ficar esperando numa caixa de metal então fomos de escada mesmo. Ele me guiou olhando para o número das portas e abriu a penúltima do corredor, estanquei no lugar sem conseguir dar mais nenhum passo e ele olhou para mim me chamando com um gesto da mão.
Neguei fracamente com a cabeça, era muita pressão, eu não queria vê-lo machucado. Ele machucado emocionalmente por minha culpa já era de mais, fisicamente então...
_Ele não esta acordado, não vai te expulsar – disse com a voz singela para me acalmar, engoli seco. Não conseguia mover as pernas, havia parado ali, e não sairia tão cedo. Não importava se estava agindo como criança, eu não conseguia por ser fraco. Eu era fraco de mais para dar mais um passo e ver as consequências de minhas ações, eu era um covarde.
_Eu acho que não consigo...
_Deixe disso Hannie, você precisa disso Não quero que perca seu sono – Olhei para o chão tentando tomar coragem de dar ao menos mais um passo, por fim apenas suspirei e comecei a andar até onde Coups se encontrava.
Mas me arrependi amargamente ao atravessar aquela porta e ver WonWoo desacordado numa maca, ligado a algumas máquinas. O que havia acontecido com ele? Por que ele estava com um BiPAP ligado a si? Ele estava pálido, com aparência desnutrida e fraca. E ver isso havia me quebrado.
_WonWoo... – murmurei me aproximando involuntariamente de si, mal percebia que estava chegando mais perto. Até que parei ao seu lado e hesitei em lhe tocar o rosto, como podia algo assim acontecer justo com ele? Ele não fez nada de ruim para ninguém, pode ter se mudado e ter feito os garotos chorarem, porem não é como se ele quisesse fazer com que chorassem. Eu sabia que ele não queria, sabia por que tinha ciência de que ele chorara também.
_O que aconteceu? – perguntei tentando conter a tremedeira em ver WonWoo daquela forma. Minha voz quebrou alguns oitavos deixando claro minha vontade de chorar, e respectivamente minhas lágrimas. O medico que estava ali _ e que eu só havia reparado naquele momento _ pegou uma prancheta e disse, deixando-me pior do que estava:
_Pelo que o garoto que o trouxe disse, ele foi agredido. Seu pulmão aparentemente foi acertado, pois foi danificado e ele estava com insuficiência respiratória por isso, a anemia também contribuiu para que ele não conseguisse respirar normalmente. Ele aparentemente não tinha uma boa alimentação, pois a anemia já é de um nível um pouco mais avançado, por isso a aparência desnutrida. Bem, ele acordou um pouco mais cedo e pude perceber que talvez sua cabeça tenha sido acertada, pois eu fiz algumas perguntas, mas ele permanecia encarando a parede. Então ele terá que ficar aqui por mais um tempo em observação.
Senti o chão ser retirado de baixo de meus pés, isso não podia estar acontecendo.
O médico saiu da sala após checar mais algumas coisas de WonWoo que não prestei atenção. Senti a mão de Cheol em meu ombro e o toque apenas me fez desabar, enquanto ainda mantinha os olhos em WonWoo eu desatei em lágrimas. Eu não podia acreditar naquilo, éramos amigos desde criança, eu sempre estive do lado dele. Mas agora ele estava naquele estado e provavelmente não queria me ver em sua frente por eu ser o culpado disso. Não deveria tê-lo empurrado tão forte.
Levei a mão até o rosto para tentar secar as lagrimas, mas senti Cheol a segurando. O olhei enquanto ainda chorava, pela primeira vez retirando os olhos de WonWoo. Ele sorriu triste e falou baixinho.
_Não se force a parar de chorar, coloque tudo para fora e se sentirá melhor – falou e apertou minha mão passando segurança – Eu vou estar aqui, eu vou ficar do seu lado e você vai ver. Ele não te odeia, eu tenho certeza que não, mas se você acha que a culpa é sua, peça desculpas, isso o fará se sentir melhor. Eu vou estar do seu lado. Confie em mim.
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O garoto estranho que usava preto
FanfictionQuando um garoto normal, Kim MinGyu, coloca os olhos em Jeon WonWoo, o garoto silencioso e estranho de sua sala, sente uma tremenda curiosidade se apoderar de si e necessidade de o conhecer. No entanto, quanto mais coisas descobre a respeito do gar...