Capítulo 38

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Lily

Acordei sentindo a madeira quente e desconfortável contra minhas costas, apesar de haver poucos lençóis na cama improvisada, ainda sim, não torna o lugar macio ou confortável. Sentei depois de acostumar a visão com a pouca claridade, graças a pequena janela; a mais ou menos dois metros do chão, e as brechas da porta me possibilitaram ver que agora faltava pouco tempo para anoitecer, acho que fiquei muito tempo desacordada. Um cubículo minúsculo e sujo. O que me pareceu ser um quarto, apenas à uma cama velha e algumas bolsas velhas jogadas no chão, tateei os bolsos na esperança de encontrar o celular mas nada.

Lembrei de tudo que aconteceu e como vim parar aqui. Não lembro de ter visto o rostos das pessoas que me sequestraram e nem o motivo, por sorte não estou machucada. Levantei devagar tentando ouvir melhor os barulhos do outro lado da porta, duas pessoas conversando ou discutindo. Tentei abrir mas foi em vão, estava trancada, já esperava por isso. A conversa pareceu diminir agora apenas um falava, creio que seja ao telefone. Não consigo reconhecer a voz, mesmo já tendo ouvido antes. Assim que a ligação foi encerrada o silêncio tomou conta do local, apenas se ouvia passos apressados e o rangido da velha madeira. Os passos se aproximaram da porta e essa foi aberta de uma vez. Minha reação foi andar para trás mas quando vi quem abrira a porta parei no mesmo lugar. Não sabia o que falar, esperava encontrar qualquer pessoa ali, menos Pietro.

Pela minha expressão de espanto, mesmo com a pouca iluminação, ele pareceu entender que não esperava por isso. Antes que ele falasse alguma coisa, já estava surtando.

- Que palhaçada é esse Pietro ? O que você está fazendo ? Me deixa ir embora agora. - briguei, praticamente gritei, enfurecida. Ele continuou da mesma forma, não moveu um músculo. Já sentia minha cabeça girar, apoiei meu corpo na cabeceira da cama.

- Lily me desculpa mas isso é preciso, eu sei que somos amigos e que você esta grávida, não vamos te machucar, não vou deixar ele te machucar.

- Ele quem Pietro ? Por favor me tira daqui. - Me aproximei devagar mas a sombra na porta me fez parar. Ele empurrou Pietro para o lado e parou na minha frente.

Me olhando tão profundamente que me senti amedrontada. Suas feições batidas e cansadas o deixavam com um ar mais sombrio, a enorme barba com muitos pelos brancos lhe cobriam a boca praticamente. Ele não me parecia muito velho, mas sim acabado ou cansado. Por mais que tentasse lembrar quem era falhei, tenho certeza que já o vira antes.

- Olá Lily Marchetti como você está fofa grávida. - isso foi sarcasmo com toda certeza. Me senti um pouco tonta com seu hálito forte de charuto. - Creio que você não esteja lembrada de mim, vou ter que recobrar sua memória.

Se virou para Pietro e esse saiu rápido fechando a porta logo em seguida, andou a minha volta e atentamente o acompanhei. Seus passos lentos e firmes faziam meu estômago revirar de medo ou talvez temendo o que poderia acontecer daqui pra frente. A luz de uma lanterna pequena iluminou uma parte do cômodo, um cenário digno de filmes de terror. Parou em frente a luz, sua postura eminente me fez sentar na cama sem perceber. Minhas pernas estavam trêmulas e não quero demonstrar fraqueza. Ele continuou:

- Quando você e sua família foram embora, você ainda era muito nova por isso não se lembra de mim, deixe-me apresentar, seu Marco Matteo um grande amigo do seu pai.

Por sorte estou sentada, pois bastou isso para minha cabeça girar como se fosse desgrudar do meu corpo. Agora lembrei, ele foi o homem que roubou a vinícola. O antigo amigo do meu pai, mas ele estava preso, ou pelo que parece conseguiu fugir, e com a ajuda do Pietro.

- Por que esta fazendo isso ? Você deveria estar preso. - a última frase não deveria ser uma pergunta e sim uma confirmação.

Ele gargalhou, um pouco sinistro o que me deixou com medo, mais do que já estou. Toda essa situação ainda não esta clara para mim.

Meu irresistível chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora