Capítulo 36

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Emily

E ele fez uma cesta perfeita.

Nós três começamos a pular que nem desesperadas, nos abraçando e gritando, na verdade toda a escola estava assim, até o treinador, e os meninos fizeram montinho no Zack, coitado.

Noah e Ella se juntaram a nós e depois que a euforia baixou um pouco vimos o fim do jogo, e finalmente a vitória do nosso time que fez todo mundo correr para o meio da quadra que nem louco.

— Emily! Preciso te contar uma coisa! – Zack gritou tentando se aproximar, antes de ser tomado pela multidão.

— Vai lá Emily, agarra o boy! – Noah gritou me empurrando e eu ri.

Antes que eu pudesse enfim alcançá-lo, vi que outra pessoa chegou primeiro, Crystal se agarrou nele como carrapato, e resolvi que se fosse até lá estaria sobrando.

Sai da quadra com raiva e chutei um armário para tentar me controlar, acabei encontrando a Carly andando de um lado para o outro nervosa e quando ela me viu ficou ainda pior.

— Você! Só pode ter sido você que armou aquilo! E armou contra mim!

— Não fiz sozinha, mas sim fui eu. E se mexer com meus amigos de novo, vai acontecer muito pior com você!

— Você se acha demais garota, só porque está mais apresentável agora, acha que pode mudar alguma coisa nessa escola? Acha que pode me deixar assim? Acha que pode ser melhor que nós?

— Por favor Carly, eu não sou você e suas amiguinhas. Não preciso rebaixar ninguém para ser feliz.

— Mas o Zack te faria bem feliz né? – Ela riu. – Sabe por que ele acreditou que minha amiga é a garota do baile e não você Emily? Por que ele jamais iria querer que fosse você, você é só uma cdf patética que se apaixonou pelo melhor amigo que é muita areia para o seu caminhãozinho. – Ela riu chegando perto de mim como se fosse contar um segredo. – Ah e tem o motivo mais óbvio... Ele ama a Crystal Emily e não você. E você não pode fazer nada para mudar isso. O Zack já é dela a muito tempo... E agora que eles voltaram, você nunca mais vai os separar, sua vadiazinha de quinta.

— O que?

— Ele não falou que queria te contar algo? Ah, acho que contei mais rápido. – Ela pôs a mão na boca fingindo surpresa.

Eu não daria o gostinho para ela de sair chorando, por mais que fosse o que eu queria, apenas passei por ela e sai da escola, encontrando só chuva, bem mais forte que de manhã, eu não estava com meu guarda-chuva mas nem liguei, eu precisava esfriar a cabeça, e nada melhor para isso do que chuva né?

Comecei a andar lentamente para casa e um trovão ao longe me assustou me fazendo estremecer, eu nem lembro a última vez em que tive medo de trovões, na verdade, eu meio que lembro sim foi em uma noite em que eu fui dormir na casa do Zack.

💙

— Zack... Estou com medo. – disse abraçada a ele e ouvindo os barulhos dos trovões lá fora.

Tínhamos uns onze anos. E estava tendo a maior tempestade da história. Eu tentei dormir no colchão que a tia Vivian pôs no chão para mim, mas assim que o primeiro clarão rompeu o céu, eu corri para cama do Zack com ele. A luz tinha acabado e a mãe dele já estava dormindo. Não tivemos coragem de sair da cama para acordá-la. Tia Vivian tinha um sono muito pesado, nem com o barulho dos trovões ela acordou.

— Tudo bem Emily, vai ficar tudo bem. – Ele disse acariciando meu cabelo. – Você sabe que eu nunca vou sair do seu lado né? Não importa o que aconteça.

— Você promete? – Me aconcheguei nele.

— Claro que sim, e se eu algum dia descumprir, deixo você vender todos os meus videogames. – Ele levantou a mão direita jurando e eu ri.

— Cuidado que eu vendo mesmo em.

— Ah eu sei, te conheço melhor que ninguém né? Agora dorme minha coisinha pequena. —  dei um tapa no ombro dele resmungando enquanto ele ria daquela droga de apelido, deitei de costas e fui fechando meus olhos devagar ao som da chuva e a última coisa que ouvi foi. – Boa noite Emily. Eu te amo.

Foi a primeira vez que ele me deu um desses apelidos ridículos e nunca mais parou. Eu nunca quis admitir, mas eu amava aqueles apelidos, ainda mais quando ele dizia que eu era DELE.

Mas ele nunca foi meu, na verdade, acho que agora ele é da Crystal...

Mas que merda eu tô fazendo? Por que eu estou lembrando disso agora? Gritei pondo para fora toda a raiva que eu tinha acumulada, no meio da rua mesmo, uma senhorinha me olhou estranho da varanda de casa mas eu ignorei. Por que eu sempre deixo elas acabarem comigo assim? Por que eu não consigo olhar na cara dele e dizer o que eu sinto... Ser insegura é uma droga mesmo!

Fui tirada dos meus pensamentos quando cheguei em casa, pingando e tremendo mas não me importava muito com isso, assim que entrei, bati a porta e fui atrás de uma toalha e outra roupa para mim tomar banho, me trocar e dormir o resto da semana. Mas quando ia entrar no banheiro a campainha tocou.

Pensei em deixar a pessoa lá para ver se ela ia embora, mas depois que ela tocou outras cinco vezes eu soube que a pessoa não desistiria.

— Já vai! – Bufei caminhando até a porta.

A abri e encarei o ser de olhos azuis mais bonito que eu já vi, também encharcado e ainda de uniforme.

— Zack? O-o que faz aqui?

— Sabe eu cansei. – Ele disse dando de ombros.

— O que?

— Cansei. Cansei de você sempre fugir e não me deixar contar minha versão da história, de não me deixar contar a verdade! Eu jamais voltaria com a Crystal Emily! Ela me dá nojo, ela não tem um pingo de caráter e ver que você prefere acreditar mais nelas do que em mim dói.

— Zack eu... Me desculpa...

— Não! Me deixa terminar! Cansei de esconder o que eu sinto também... Cansei de fingir para mim mesmo que ficar longe de você não esta me matando. E o mais importante, cansei de não admitir para mim mesmo que toda vez que te olho, o que eu mais quero fazer... É isso...

E ele puxou minha cintura me beijando forte, como se o mundo fosse acabar a qualquer segundo. Nada de delicadeza, nada de selinho nem de fofura, Zack me empurrou para dentro prendendo os dedos no meu cabelo e puxando levemente para trás, na fazendo inclinar a cabeça quando chegamos ao pé da escada, eu me agarrei no pescoço dele aprofundando o beijo, já sem fôlego, mas sem vontade nenhuma de parar, até que ele puxou de novo, nos separando e respirando fundo.

— Eu não aguento mais fingir que é só amizade chaveirinho. – Ele sussurrou me fazendo rir. – Você é tão maravilhosa, mas é tão complicada as vezes...

— Zack, eu sou a garota do baile. – Soltei rápido de olhos fechados, nem sei se ele ouviu. Mas ou eu contava agora, ou nunca mais teria coragem.

E de todas as reações que eu achei possível ele ter, o que ele fez me surpreendeu bastante. Ele riu, riu pra caramba.

— Já entendi. Você é um imbecil sabia? De todas as pessoas que eu achei que debochariam de mim você era a última! – O empurrei e comecei a subir a escada.

— Não Emily! Não é isso, você entendeu errado. – Parei o olhando. – Eu já sabia que era você. Sempre soube.

Ai eu buguei. Sério, eu fiquei paralisada o encarando até conseguir estabilizar minha mente o suficiente para falar algo.

— Mas... O que? – Perguntei com um ponto de interrogação gigante na cara. – Como?

— Qual é chaveirinho, você achou mesmo que eu não seria capaz de te reconhecer por conta de umas mechas coloridas e uma máscara? – Ele cruzou os braços fazendo uma carinha de deboche. – Eu convivi com você minha vida inteira Emily. Eu posso saber o que você está pensando se eu quiser... Mas eu também posso ter visto sua cicatriz quando tirei seu sapato, não acho que duas pessoas possam ter cicatrizes iguais então liguei os pontos.

Ele deu de ombros e eu revirei os olhos voltando para perto dele.

— Mas então... Por que agiu como se não me conhecesse? E... Por que...

— Por que te beijei?

— É. – Respondi corada.

— Acho que está meio óbvio né? Por mais que eu não sabia naquele dia. E em minha defesa, eu estava bem confuso com o que estava acontecendo aqui, por isso não contei. – Ele apontou para o próprio coração. – E você também não disse nada e olha que eu te dei várias oportunidades Emily.

— Eu sei, e estava errada... Mas, agora você sabe o que acontece aqui? – Coloquei minha mão no peito dele, bem onde ficava o coração.

— Hum, acho que sei... Mas é melhor sempre ter certeza não é? – Ele se aproximou, me beijando de novo e sorrindo no meio do beijo. – Ah, eu com certeza sei.

— E o que é? – Meu coração batia muito rápido, e como eu estava com a mão sobre o dele, o sentia muito acelerado também.

— Eu te amo. – Ele sorriu segurando meu rosto. – Muito mais do que como amigo.

— Eu também Zack, a tanto tempo que você nem imagina. – Juntei nossas testas quase chorando de felicidade, eu não conseguia parar de sorrir. – Você disse que sabe o que eu estou pensando... Então, sabe o que eu estou pensando agora?

— Hum, que você quer me beijar. – Ele puxou minha cintura. – Que quer me beijar o resto da tarde.

— Como tem tanta certeza de que é isso? – Abracei o pescoço dele rindo.

— Por que é exatamente o que eu quero fazer. – E ele me puxou para cima me pondo no colo dele antes de acabar com a pouca distância que restava entre nós.



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