Emily
— Bom pessoal, a trilha dura no mínimo 2 horas, então espero que tenham colocado bons sapatos. – O guia nos disse na entrada da floresta. – Nós vamos começar aqui e subir a montanha e em seguida descer tudo de volta.
Algumas pessoas resmungaram e eu os acompanhei. Fazer o que se sou preguiçosa?
— Será que eu peguei tudo? – Elliot perguntou checando a mochila dele... Pela quinta vez. – Vamos ver, lanterna, garrafa de água, mapa, bússola, repelente, câmera fotográfica, celular, roupa reserva...
— Tem certeza que aí também não tem nenhum sinalizador ou uma barraca não? – Zack disse rindo.
— Para que tudo isso? Só vai fazer peso aí nas suas costas. – Leah disse, a mochila dela parecia vazia, a minha mesmo só tinha umas barrinhas de cereal e uma garrafa de água que falaram ser “necessário”.
— É, por que você trouxe uma câmera e o celular? Não dá para tirar foto no celular?
— Não se você quiser uma boa qualidade. – Ele disse como se fosse obvio. – E quando algum de vocês se perder no meio da mata e for atacado por um urso polar, eu vou esfregar na cara de vocês que eu estava certo ok? – Ele apontou para cada um de nós. – Na verdade não, por que não existem ursos polares nessa região, mas vocês me entenderam!
— Amor, ta sendo paranóico. – Nath cantarolou, ajeitando sua mochila nas costas, que também parecia vazia. – Desse jeito você sabe que eu não aguento.
— Nath? É...
— Eu vou agarrar você no meio da floresta seu nerd maluco. – Nath começou a agarrar ele e os dois esqueceram que a gente ainda estava ali.
— O cara! Dá para não fazer isso em publico por favor? – Sem desgrudar da Nath, Elliot fez um gesto com a mão para o Ross deixar eles em paz. – Só minha irmã igualmente maluca para gostar dessas suas maluquices Elliot.
— VAMOS LÁ, TODOS PRONTOS? ÓTIMO! – O treinador disse nos chamando para o começo da trilha. – ESTOU DE OLHO EM VOCÊ EVAN!
— Mas eu não fiz nada! – Ele se defendeu rindo.
— A SUA PRESENÇA AQUI JÁ É ALGUMA COISA PARA MIM! VAMOS SEUS LERDOS! – O guia começou a entrar na floresta com o treinador e a srta Grace atrás e nós os seguimos.
— Opá, desculpinha Zack. – Crystal disse depois que esbarrou no Zack sorrindo, aí ela me olhou, me empurrou do caminho e foi até às amiguinhas jogando o cabelo.
Revirei os olhos e Zack deu de ombros me puxando para a trilha.
— Hum, “Trilha da tortura”. Sabe, só eu que acho isso um mau sinal? – Perguntei lendo o nome da trilha.
— Calma chaveirinho, eu vou te proteger de tudo. – Zack fez uma pose de super-herói, não vendo que o Ross e o Elliot vieram atrás dele e colocaram um galho de árvore no seu ombro, o fazendo soltar um gritinho fino e os dois quase rolarem na neve de tanto rir.
— Meu herói. – Disse irônica virando as costas e seguindo com os outros.
— Eu fiz de propósito tá! – Tentou se explicar me acompanhando. – Pff eu sabia que era brincadeira.
— Uhum, claro que sabia. – Ele me abraçou pela cintura e começamos a seguir a trilha.
Mas algo sempre me parava, seja o cansaço ou preguiça, por que aquela trilha era mesmo longa, ou a dificuldade de subir em alguns lugares e atravessar alguns caminhos. Ou até mesmo o Zack que me parava toda hora para tirar alguma foto com a câmera que ele conseguiu pegar do Elliot, ou só brincar comigo mesmo e isso fez a gente se afastar um pouco do grupo. Pelo menos ele não saiu do meu lado, se não eu estaria desesperada sozinha no meio de uma montanha.
— Zack! Estamos nos afastando muito deles! – Reclamei quando ele me parou pela décima vez em menos de 2 minutos.
— Deixa, assim podemos ficar mais sozinhos. – Sussurrou no meu ouvido, me abraçando por trás e tirando uma foto nossa.
— Eu vou fazer um álbum gigante com todas essas fotos que você está tirando. – Aproveitei que ele me parou e encostei numa árvore descansando.
— Faz mesmo, assim a gente mostra para os nossos filhos um dia. – Ele piscou me fazendo rir.
— Bobo. A gente vai acabar ficando com problemas. – Disse vendo a turma ficando cada vez mais pequenininha a frente.
— Relaxa, ninguém nem está se importando com a gente. – Puxei ele para andar de volta. – Tá, tá, já tô andando.
Ainda dava para ver a turma de longe, mas a cada vez que a gente parava eles iam se afastando cada vez mais, nem sei como ainda não notaram que estávamos longe.
— Zack! Por favor, vamos nos perder seu chato. – Disse rindo quando ele me segurou fazendo cosquinha. – Para de brincadeira! Já ficamos muito para trás! Para onde eles foram?
Eu não via e nem ouvia mais ninguém e puxei o Zack para andar mais rápido. Até que chegamos numa parte em que a trilha se dividia em duas, tinha uma seta apontando para trilha da direita só que ela descia a montanha e eu tenho quase certeza que o guia nos disse que subiriamos até o topo.
— Tá bom calma, hum, é só seguir a seta viu? Eles foram por aqui. – Zack me puxou para trilha da direita.
— Zack eu não sei... – Disse meio desconfiada.
— Emily, eles não colocariam uma seta apontando para a direção que não devemos seguir sem nenhum aviso. Vai por mim, é por aqui. – Ele sorriu tentando me tranquilizar e eu relaxei.
— Tá. – Comecei a andar para a trilha até que ele me segurou pela cintura.
— Espera aí srta, antes eu quero um beijo. – Soltei um risinho e me aproximei dando apenas um selinho rápido nele. – Ei, eu disse um beijo de verdade.
— Se quiser mais vai ter que me pegar antes de eu alcança-los! – Sai correndo pela trilha com ele atrás de mim.
Só que aí eu percebi que a floresta estava ficando fechada demais a medida que eu avançava, e eu ainda não tinha visto nenhum sinal deles, não tinham marcas de pegadas no chão e eu não ouvi nenhum barulho indicando que eles estavam próximos, não tinha nada.
— Te peguei! – Zack me agarrou pela cintura me prendendo contra uma árvore. – Agora, eu quero o meu beijo.
— Zack espera... – Ele me beijou e passou os braços pela minha cintura me levantando. – Zack!
— Que foi? – Ele disse se afastando.
— Tem alguma coisa estranha nessa trilha! Parece que ninguém passa aqui faz tempo.
— Nós só ficamos muito para trás, no máximo vamos levar uma bronca do treinador. Vem. – Ele me abraçou voltando a caminhar, sem brincar mais.
Andamos por mais vários minutos e nada de achar ninguém. Que estranho.
— Hum cade eles? – Zack perguntou, começando a ficar preocupado também.
— Agora você se preocupa né? – Bufei me soltando dele e andando na frente.
Depois de um tempo começou a nevar e ventar forte e o Zack tentou me abraçar de novo, e eu deixei por que já estava tremendo de tanto frio.
— C-calma, vem aqui. – Ele me apertou, também tremendo um pouquinho. – A g-gente vai achar eles já já, n-não se preocupe.
— E-espera. Tenta... Tenta li-ligar para alguém.
— Claro o celular, p-por que não pensamos nisso antes? – Ele falava enquanto tateava os bolsos em busca do celular, mas de repente o semblante dele ficou mais confuso e ele franziu as sobrancelhas. – Não está aqui! Eu juro que ele estava no meu bolso.
— Zack, Zack calma a g-gente vai re-resolver, por sorte a-ainda tem o meu. – Peguei meu celular que graças a Deus estava no meu bolso, mas assim que eu o liguei senti vontade de chorar. – Não tem sinal.
— Ah não. – Ele voltou a me abraçar.
— Z-Zack. O que vai acontecer com a g-gente...
— Shh, não vai acontecer nada. – Ele tentou ser firme mas a voz dele tremeu. – N-nós vamos s-sair des-as antes do que você imagina e aí estaremos no lo-lobby do hotel, em fr-frente a uma lareira quentinha rindo disso tudo amor. Além do mais é só descer a montanha certo? Não deve ser nenhum mi-mistério.
Tentamos andar mais rápido, sempre olhando em volta para ver se não tinham sinais de que pessoas passaram por aquela área. Até que chegamos a outra divisão na trilha e com nenhuma placa dessa vez.
— Z-Zack, e agora? Pr-para qual la-do a-a gente seg-eu? – Eu quase não conseguia falar de tanto frio.
— N-não sei.
— D-direita? – Dei de ombros, eu não fazia ideia. Droga.
— Direita s-sempre. – Ele tentou sorrir.
Seguimos pela trilha da direita e andamos, andamos, andamos e... Andamos, já estava anoitecendo quando chegamos a uma outra placa, bem no meio da trilha.
Dizia “fim da trilha secundária”
— Trilha se-cundária? Achei que e-estavamos na trilha pri-principal antes. – Zack disse mas eu não conseguia pensar em nada naquele momento por que já estava quase escuro e só esfriava cada vez mais. Nesse ponto a nevasca já tinha aumentado muito e eu sentia meus ossos serem congelados aos poucos.
— M-meu D-deus. E a-agora? – Eu queria até chorar, mas tinha medo das lágrimas congelarem no meu rosto.
— A ge-nte podia v-voltar pelo me-mesmo caminho e t-tentar... – Quando a gente se virou percebemos que não dava para voltar, por que a nevasca já tinha coberto tudo, de modo que não dava para enxergar mais nada a nossa frente, eu quase não via mais as árvores da própria floresta.
É, agora estamos perdidos de vez.
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When we fell in love...
Teen FictionEu sempre fui apaixonada por ele. Desde criança, desde que ele me protegeu naquele primeiro dia de aula. Só tem um problema, a partir daquele dia Zack me trata como uma gatinha indefesa, pequenininha e que precisa de ajuda para tudo, e não me leve a...