Emily
Eu e Zack ficamos juntos o resto do dia, e nenhum de nós se trocou ou se secou por que toda vez que eu ameaçava sair de perto dele, aquele garoto me puxava para cima dele de volta e começava a me beijar. E mesmo com as roupas molhadas, eu não sentia frio algum, então nem me preocupei.
— Estou com fome. – Resmunguei já no fim da tarde, a última refeição que tive foi o café da manhã, nem sei como eu ainda estava de pé.
— Eu também. O que acha de fazermos alguma coisa para comer e depois ver um filme?
— Eu vou amar, mas o que acha da gente se trocar antes disso em? – Apontei para nossas roupas ainda molhadas.
— Hum é melhor mesmo não é? – Ele disse sem graça.
Zack tinha algumas roupas aqui, então as entreguei para ele e o deixei tomar banho e se trocar no quarto dos meus pais, enquanto eu fui para o meu e também tomei banho, depois pus um short curto de dormir e um moletom gigante dos vingadores que eu roubei do Zack a anos.
Assim que saí do quarto o vi me esperando encostado na outra parede do corredor, de regata e bermuda.
— Sabe, eu acho que conheço esse moletom. – Ele disse me analisando inteira.
— Jura? Acho que não em. – Passei por ele disfarçando e desci as escadas indo para cozinha, mas chegando lá senti os braços dele me rodearem me abraçando.
— Vamos fazer o que para comer? – Zack sussurrou no meu ouvido.
— Doce, quero algo bem doce. – Sussurrei de volta.
— Hum, que tal, pipoca doce? – Ele disse sorrindo igual criança.
Quando éramos pequenos minha mãe fazia pipoca doce com chocolate sempre que o Zack vinha dormir aqui, virou tipo uma tradição nossa. Sim, era uma bomba de diabetes, mas era muito bom.
— Só se for um balde gigante de pipoca. – Ele se afastou e eu já senti falta. Até porque ainda estava frio.
O ajudei a preparar tudo e terminamos bem rápido, mas se não fosse por mim, Zack teria botado fogo na casa, ele não leva o menor jeito com cozinha. Eu também não, mas pelo menos sou melhor que ele.
Levei a pipoca até a sala e peguei alguns cobertores para gente, enquanto Zack ligava para a mãe dele avisando que estava aqui.
— Ela disse que tudo bem eu dormir aqui. Por causa da chuva e tal. – Ele se sentou ao meu lado no sofá, pegando o controle. – Que filme você quer ver pitoco?
— Esse parece nome de cachorro Zack. – Disse com a boca já cheia de pipoca. – Pode ser qualquer coisa, menos terror.
Ele passou os canais e acabou escolhendo Cinderela, o que me fez rir um pouquinho e ele me olhar engraçado.
— Não ri não. – Ele disse também enchendo a boca de pipoca.
Porém quando chegou a parte dela fugir do baile, eu olhei para o Zack e ele para mim e nós dois acabamos rindo. Eu estava deitada em cima dele no sofá, o que me causava um arrepio bom toda vez que ele acariciava meu cabelo, descendo até minhas costas.
— Fica quietinho aí, que de Cinderela nossa história não tem nada em. – Eu disse deitando minha cabeça no peito dele.
— A Não é?
— Não, para começar eu não chegaria perto de um rato nem que me pagassem, tenho alergia a abóbora e jamais usaria aqueles sapatinhos de cristal, por que tenho certeza que eles eram bem desconfortáveis sim.
— É mas você tem duas fadas madrinhas piradas como amigas. Os ratinhos podem muito bem ser o Elliot e o Ross. E claro, tem seu príncipe encantado, charmoso e perfeito, que sou eu né.
— Charmoso e perfeito? Eu não diria isso não. – Resolvi provocar.
— E diria o que?
— Diria idiota, chato, palhaço... – Me apoiei no peito dele ficando na altura dos seus olhos.
— Me senti ofendido agora. – Eu ri e ele chegou mais perto. – Além do mais, se eu sou tudo isso por que você me olha assim?
— Assim como? – Ele estava tão perto que me desconcentrava.
— Como se não estivéssemos em cinderela mas em chapeuzinho vermelho e você fosse o lobo mau. – Disse contra meus lábios.
— Nossa chapeuzinho mas que boca grande você tem... – Inverti as falas, mordendo o lábio.
— Se eu disser para que eu vou usá-la você vai me bater então... – Ele puxou minha nuca me beijando enquanto me apertava mais em cima dele.
Não me levem a mal, eu estava amando esses momentos com ele, mas ainda estava meio confusa, queria saber... O que nós somos agora? Somos namorados? Ficantes? Amigos coloridos? Será que ele quer namorar comigo? Eu sei que ele disse que me ama e eu não poderia estar mais feliz com isso, mas não me culpem por ser chata.
Ouvimos a porta ser destrancada e nos separamos, apoiei meu queixo no peito dele e sorri para minha mãe.
— Oi mãe.
— Oi tia Marisa. – Zack disse acenando.
— Zack oi, que bom que veio nos visitar, não te vejo desde que o Noah chegou. – Ah não.
— O que? A Sra conhece o Noah? – Ele me olhou rapidamente.
— Emily ainda não nos apresentou oficialmente, mas ele ligou para cá algumas vezes, querendo saber dela e conversou bastante comigo. É um rapaz tão encantador.
— É, encantador. – Zack ficou emburrado e eu olhei sugestivamente para mamãe, ela respondeu baixinho que ia nos deixar e foi para cozinha.
— Zack... – Tentei chamar a atenção dele.
— O que? – Ele respondeu sem me olhar.
— Eu e o Noah não temos nada. – Ele me tirou de cima dele se sentando ao meu lado de novo, fiquei de joelhos ao lado dele tentando fazê-lo me olhar.
— Sabe, é um pouco difícil de acreditar depois de tudo o que eu vi. – Ele me encarou com o cenho franzido.
— Olha quem está tirando conclusões precipitadas agora. – Cruzei os braços o olhando, ele suavizou a expressão.
— Estou fazendo isso? – Ele coçou a nuca envergonhado e eu assenti. – Ok me desculpe, pode falar.
— Depois que eu vi VOCÊ beijando a Crystal no corredor...
— Ela que me beijou! – Olhei para ele brava e ele abriu um sorrisinho. – Foi mal...
— Continuando... Eu fiquei muito mal, vim para casa correndo e encontrei o Noah na minha porta, a gente conversou, e depois ele teve uma ideia maluca, ai no outro dia eu fui com ele para escola, ele esperou você chegar e...
— E te beijou na minha frente. – Ele fechou a cara de novo. – Foi meio que uma vingança é isso?
— Não seu ciumento! Foi só para te incomodar, ele achava que fazer ciúmes funcionária para juntas nós dois...
— Então quer dizer que você estava me fazendo ciúmes anã de jardim? – Ele sorriu torto vindo para cima de mim. Que garoto bipolar, estava bravo a um segundo.
— Que? É... Eu não, eu fui contra... – Ele foi se aproximando mais, mas quando ia me beijar, ouvimos a porta novamente e Zack se afastou tão rápido que eu nem vi.
— Oi pai. – Disse a ele assim que entrou, ele me deu um beijo na testa e cumprimentou Zack que sorriu tímido e nervoso.
— Olá s-sr Jones... – Que estranho, Zack nunca agiu assim com meu pai.
— Tudo bem ai garoto? Fiquei sabendo da vitória! Meus parabéns Zack.
— Ah, obrigada. – Eles se abraçaram.
— Gente, venham jantar! – Minha mãe nos chamou.
Assim que o jantar acabou eu e Zack ficamos mais um tempo vendo TV na sala, mas comecei a sentir uma dor de cabeça muito forte e um enjoo e ele resolveu subir comigo. Literalmente, Zack me pegou no colo subindo a escada comigo.
— Zack eu consigo andar. – Disse rindo no pescoço dele que se arrepiou.
— Todo cuidado é pouco com minha bebê. – Ele me olhou de um jeito tão intenso e apaixonado que foi impossível não corar.
Zack me colocou deitada na cama, se deitou ao meu lado e nos cobriu.
— Você está muito mal Emily? Quer que eu te traga um remédio? Outro cobertor? Talvez um... – Dei um selinho nele, o interrompendo.
— Estou bem, só foi um mal estar, nada de mais, uma boa noite de sono resolve.
— Ok, boa noite meu amor. – Ele me aninhou nos braços dele e não consegui deixar de sorrir. Acho que eu gosto mais desse apelido do que dos outros.
— Boa noite chapeuzinho.
💙
Como eu já esperava, acordei com a maior gripe. Estava espirrando, tossindo, com febre, com dor e enjoada, tudo ao mesmo tempo.
— Ai estou morrendo. – Reclamei abrindo os olhos só para encontrar a cama vazia ao meu lado e nenhum sinal do Zack.
Minha mãe apareceu algum tempo depois e disse que ele saiu correndo de manhã para casa, porque precisava de algo muito importante que deixou lá. Não entendi mas a dor me impedia de pensar.
Contei a ela que provavelmente tinha poucos minutos de vida e ela riu do meu drama.
— Aposto que essa gripe não passa de hoje, mas como seu pai é tão paranóico quanto você, ele disse que vai dar um jeito de sair mais cedo do trabalho para cuidar da bebezona dele. E não precisa ir a escola hoje ok querida?
— Ok, eu vou ficar bem aqui até voltarem. Sozinha... Abandonada... Sem ninguém... – Sim, fiz mais drama.
— Você nem vai ver a hora passar Emily. – Ela revirou os olhos.
— Então tá né... – Espirrei algumas vezes, o que fez a cabeça doer mais. – Hum, odeio ficar doente...
— Mamãe tem que ir agora amorzinho.
Ela deu um beijo na minha testa e saiu, resolvi ficar o dia inteiro no sofá, enrolada no cobertor, vendo TV e passando mal, e foi exatamente o que eu fiz. Até minha campainha tocar.
— Como você está? – Zack disse me abraçando assim que abri a porta.
— Péssima... Mas o que faz aqui?
— Seu pai me mandou uma mensagem perguntando se eu podia cuidar de você enquanto ele não chega. E eu jamais recusaria.
— Mas e a escola?
— Você é a nerd aqui, não eu lembra? E hoje só estava tendo comemoração da vitória, eu não poderia ficar lá me divertindo sabendo que você está aqui doentinha, então saí mais cedo.
— Obrigada. – O abracei quase me desfazendo nos braços dele.
— Estou me sentindo culpado, se eu tivesse deixado você se trocar antes, você não estaria doente agora. – Ele fez uma carinha triste e preocupada me levando até o sofá.
— Não é sua culpa... – Ele se deitou comigo e claro que eu o agarrei igual carrapato.
— Mas não se preocupe, o doutor Zack agora vai cuidar de você. – Ri baixinho. – Desculpe ter fugido de manhã, é que eu precisei... Resolver um assunto pendente.
— Tudo bem, o que eu quero mais saber agora é como você não ficou doente também? – O encarei.
— Sou maior que você e mais forte, além de praticar exercícios quase todo dia. – Fiz uma cara feia para os exercícios. – E você sabe que eu quase nunca fico doente... Mas a gente pode fazer um teste se você quiser, só para comprovar sabe.
— Qual teste? – Ele não respondeu, apenas segurou meu queixo, o levantando e me beijou calmamente, suspirei adorando o teste.
— Viu, agora tenho certeza que não fico mais doente. – Ele acariciou minha bochecha sorrindo.
— Prefiro continuar testando... – O puxei de volta e aos poucos fui ficando mais quente, e tenho certeza que não era febre.
Zack aprofundou o beijo, mordendo meu lábio inferior, e eu o puxei para cima de mim no sofá, depois ele puxou minha cintura, me pressionando contra ele o que me fez soltar um pequeno gemidinho bagunçando todo o cabelo dele.
— Então é assim que você está cuidando da minha filha? – Aquela voz fez o Zack ficar completamente petrificado em cima de mim. Me separei dele e olhei para porta da sala onde meu pai nos encarava com uma cara nada boa.
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When we fell in love...
Teen FictionEu sempre fui apaixonada por ele. Desde criança, desde que ele me protegeu naquele primeiro dia de aula. Só tem um problema, a partir daquele dia Zack me trata como uma gatinha indefesa, pequenininha e que precisa de ajuda para tudo, e não me leve a...