Emily
A cafeteria era muito bonitinha, ficava em uma esquina, não era um lugar enorme, era pequeno e aconchegante, o tipo de lugar que você adoraria ir no final de uma tarde fria.
Tinham portas de vidro com duas plaquinhas penduradas onde se lia “North street’s Café” e “aberto”, perto das janelas tinham mesas com uns sofazinhos marrons e assim que entramos senti cheiro de cookies e capuccino, mais à frente atrás de um balcão, tinha um sr grisalho que mexia na caixa registradora com um pouco de dificuldade.
— Olá Sr Drews. – Zack disse se apoiando no balcão.
— Ah, que bom que chegou garoto... Essa velha nunca colabora comigo. – Ele disse dando um soco na registradora.
— Calma, tem que ter jeitinho com ela. – Zack foi para o lado dele e deu uma pequena batidinha do lado e a caixa abriu fazendo um barulhinho. – Prontinho.
— Só você para fazer isso tão rápido. – Ele levantou o olhar e subitamente notou minha presença, sorrindo amigavelmente. – E quem seria essa mocinha bonita com você?
— Essa é a minha namorada Emily. Emily, esse é o Sr Drews, ele é o dono daqui.
— Olá muito prazer. – Devolvi o sorriso. – Adorei sua cafeteria, é tão charmosa e encantadora.
— Obrigada, minha esposa vai ficar muito feliz em ouvir isso, foi ela quem decorou tudo sabe, temos esse lugar a vinte anos e ela nunca quis mudar um quadro de lugar, mas agora ela tem diabetes então fica em casa por que ela não resiste aos doces que eu faço. – Zack sorriu atrás dele o imitando e eu percebi que o Sr Drews sempre dizia aquilo para todo mundo. – Sinta-se em casa minha flor. E eu sei o que você está fazendo aí atrás garoto!
— Eu? Não fiz nada. – Ele disfarçou (muito mal) antes de ir até uma das portas que ficava ali atrás. – Vou por o uniforme Emy, pode sentar em alguma mesa, comer alguma coisa, eu já volto.
Me sentei no balcão mesmo e fiquei observando o lugar, podia ser pequeno mas tinha muito movimento.
— Ah, então você é a famosa Emily. – Um garoto se aproximou sorrindo com uma bandeja na mão. – Zack só sabe falar de você quando está aqui, chega ser chato as vezes em, mas dá para entender um homem apaixonado, como meu velho diz.
Ele deu de ombros antes de entregar os pedidos que tinha trago para o Sr Drews que foi prepará-los.
— Sou Tony, filho daquele gordinho rabugento. – Ele disse apontando para o Sr Drews que o olhou feio me fazendo rir, Tony apertou minha mão rindo também, ele era loiro com o cabelo meio comprido e uma barba, parecia ter uns 25 anos ou mais, ele era a cara do Thor. – Quer alguma coisa? Eu desconto do salário do Zack depois.
— Eu ouvi isso em. – Zack disse saindo pela mesma porta já vestido com uma camiseta marrom e vermelha igual a do Tony. – Você não está atrasado para alguma coisa não cara?
— Ah é mesmo! – Ele correu até os fundo e se trocou em menos de um minuto pondo uma camisa xadrez azul e por dentro uma branca. – Valeu por me cobrir, te devo mais essa.
— E eu vou cobrar em, você vai ter que me cobrir durante a viagem da turma.
— É justo, pelo tanto de vezes que você já me cobriu. Me avisa quando vai ser e eu acerto tudo. Até mais para vocês. – E ele saiu correndo.
— Ei, ele disse brincando mas pode pegar mesmo o que quiser. – Zack se aproximou.
— Pode mesmo, é por conta da casa. – Sr Drews apareceu com os pedidos.
— Muito obrigada, mas eu não estou com muita fome.
— Não exite em pedir se estiver ok? Agora o sr ai não pense que vai ficar de namorinho o dia inteiro não. Vá levar esses pedidos e depois limpe as mesas. – Sr Drews deu a bandeja cheia para o Zack que saiu rindo.
Acho que quando o Zack disse “meio turno” ele se enganou um pouquinho, por que quando percebi já estava de noite e a cafeteria estava esvaziando. Mandei mensagem para minha mãe avisando onde estava e observei o Zack limpar as mesas dos últimos clientes que saiam.
— Desculpa por isso, acho que o Tony se enganou um pouco com o horário. – Ele riu sem graça.
— Tudo bem, a gente pode sair outro dia né? – Dei de ombros fazendo biquinho.
— Zack, pode vir aqui? – Sr Drews o chamou lá atrás.
— Já vou. – E ele correu para lá, passou um tempo e a porta abriu de novo.
— Bom querida, eu já estou indo. – Sr Drews disse pondo uma jaqueta, já sem o uniforme. – Façam bom proveito do resto da noite.
— An? – Mas ele já tinha saído rindo.
Segui até a portinha e a abri vendo o Zack de costas, ele tinha acabado de tirar a camisa, acho que ele estava se trocando e eu só fiquei ali babando nele encostada no batente até ele por outra camisa e se virar.
— A srta estava me espionando é? – Ele cruzou os braços sorrindo malicioso.
— Eu, uma garotinha tão inocente? Claro que não. – Ele me abraçou beijando meu pescoço. – Você vai me levar em casa agora?
— Hum, por que a pressa? Eu ainda quero ter meu primeiro encontro romântico com minha namorada.
— Mas está um pouco tarde não acha? Vai estar tudo fechado.
— Mas quem disse que a gente vai sair daqui? – Ele foi até a cozinha e trouxe uma bandeja com alguns cupcakes, cookies e duas canecas do que parecia ser chocolate quente, tudo decorado com uns confeitos coloridos em forma de coração. – Por conta do seu maravilhoso namorado.
— Foi você quem fez? – Perguntei admirada.
— Só o chocolate. Chocolate quente especial do Zack, com marshmallows. Exclusividade daqui em. – Ele pôs a bandeja no balcão sorrindo.
— E eu não vou passar mal se beber isso não né? – Ri o provocando.
— Há há, assim você me magoa tá? Por que isso aqui, tá uma delicia. – Ele bebeu um pouco, fazendo uma cara de dor antes de colocar a caneca de volta e por a mão na boca. – Me queimei, ai, ai, ai.
— Jura? Estava saindo fumaça Zack. – Fui até ele rindo mais um pouquinho. – Você devia prestar mais atenção... Hum e se eu der um beijinho, será que passa?
— Pode ser que sim em...
Dei um selinho demorado nele, Zack segurou minha cintura me encostando no balcão e me olhando.
— Passou? – Perguntei.
— Uhum. – Ele disse encostando nossas testas.
— Bom, agora vamos comer que eu to morrendo de fome. – O empurrei voltando para o balcão.
Ele riu e sentou ao meu lado comendo comigo.
💙
No fim de semana a autorização para a viagem chegou pelo correio e eu comecei a me preparar psicologicamente para me jogar no chão e implorar aos meus pais para ir. Vamos ficar fora uma semana, saindo na sexta e só voltando na outra sexta, e a chance deles deixarem é bem pequena. Mas eu ainda tinha esperança.
Tudo bem Emily, isso vai ser fácil, eles não tem por que negar. Você tem notas perfeitas, você nunca faz nada errado. Eles não tem argumentos contra você.
Só o fato de que agora eu tenho um namorado e sei bem como papai é. Mas, a mamãe vai me ajudar, eu sei que vai... Eu espero que vá.
— Vamos lá, você consegue. – Respirei fundo e caminhei até a sala, onde eles estavam vendo TV. – Oi mãe, pai, sabe que eu amo muito vocês né?
Comecei bem.
— Pode falar, o que você quer? – Minha mãe disse arqueando uma sobrancelha para mim.
— Tá... Hum... Eu... Eu posso ir a viagem da turma para vermont na sexta? – Entreguei a autorização para ela sorrindo.
— Não. – Meu pai disse depois de também ler.
— Por que?
— Por causa do seu “namoradinho”, não confio nele sozinho com você, longe dos meus olhos por uma semana.
— Pai, tenho certeza que o Zack me ama, e nunca faria nada que eu não quisesse.
— Também não confio em você sozinha com ele, vimos o que aconteceu da última vez. – Ele estreitou os olhos em mim me fazendo corar.
— Mãe! – Pedi ajuda para ela, que revirou os olhos e sorriu para mim. Acho que tenho uma aliada. Como sempre né.
— Querida, posso falar com seu pai um minutinho a sós?
— Claro. – Dei meia volta e me escondi no corredor tentando ouvir alguma coisa.
Não deu certo, eles falavam muito baixo, sabiam que eu estava ouvindo. Só consegui ouvir umas frases soltas tipo “ela é responsável”, “precisa ter mais confiança nela”, “Zack é o genro dos sonhos” e algumas outras coisas.
— Filha, pode voltar. – caminhei até lá e fiquei na frente deles me preparando para ajoelhar. – Deixamos você ir...
— Ai meu deus, obrigada, obrigada, obrigada! – Pulei neles que nem uma doida mesmo e os abracei. – Podem confiar em mim, eu não vou fazer nada errado e...
— E esse é o ponto, agora quem vai conversar seremos você e eu. – Minha mãe me puxou até meu quarto, se sentando ao meu lado na cama. – Filha, você está crescendo rápido e bom, nessa idade as coisas começam a mudar, ficar estranhas e doidas... E agora você tem um namorado e...
— Mãe, onde a Sra quer chegar? – Disse apreensiva. Ela respirou fundo.
— Nós temos que ter “A conversa” querida. – Arregalei os olhos. – Além de termos que ir ao médico antes dessa sua viagem.
— É sério? Tem certeza que isso é realmente necessário? Por que parece constrangedor e estranho.
— É constrangedor e estranho, pode ter certeza. Mas foi a condição do seu pai para deixar você ir, e eu concordo. Posso amar você e o Zack juntos, mas ainda não quero netinhos. E você vai me agradecer depois.
— Mãe... Eu e o Zack não...
— Não diga que não irá fazer nada disso por que você não sabe. Você é jovem, namora um garoto que te ama e que você também ama. Além do fato de vocês se conhecerem desde que nasceram, se quiserem fazer alguma coisa, vão fazer Emily. E não é nada errado como seu pai faz parecer, vocês jovens só tem que ser cuidadosos e se prevenir, ouvir os conselhos dos seus pais chatos pode ser um bom começo. – Ela me abraçou de lado e eu vi que não poderia fugir de nada daquilo.
— Tudo bem, se não temos escolha. – Sorri para ela tentando ficar mais à vontade com aquela situação (tarefa difícil).
— Então vamos do começo...
Ficamos conversando o dia inteiro e sim, foi constrangedor e estranho, pra caramba. Mas também foi engraçado e por incrível que pareça foi muito significativo para mim, por que eu descobri respostas naquela conversa para perguntas que eu nem sabia que tinha, e minha mãe só saiu de perto de mim quando eu não tinha mais dúvida ou receio algum.
— Mãe. – A chamei antes dela abrir a porta e ela se voltou para mim novamente.
— O que?
— A sra estava certa, obrigada. – Sorri e ela sorriu de volta saindo do quarto.
Mandei mensagem para todo mundo avisando que eu poderia ir e me joguei na cama.
Será que pode mesmo acontecer algo entre mim e o Zack nessa viagem?
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When we fell in love...
Teen FictionEu sempre fui apaixonada por ele. Desde criança, desde que ele me protegeu naquele primeiro dia de aula. Só tem um problema, a partir daquele dia Zack me trata como uma gatinha indefesa, pequenininha e que precisa de ajuda para tudo, e não me leve a...