Capítulo 59

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Emily

Então enfim chegou o dia de eu ir embora. O verão passou muito mais rápido do que eu gostaria, tenho que admitir, mas eu garanto que aproveitei cada segundinho dele.

Acampamos, fizemos fogueiras na praia (apesar das praias de Nova York não serem das mais limpas do mundo), fizemos inúmeras festas do pijama, as vezes todo mundo junto, o que dava muito problema, e outras só eu e as meninas. Mas eles não me deixaram quieta uma noite sequer e eu amei isso.

— Bom dia filha. – Minha mãe disse entrando no quarto, ela estava com uma cara chorosa mas um sorriso fraco também brilhava ali. – Ainda arrumando essas malas?

— Sim, só conferindo para ver se não vou esquecer nada... Ou só não querendo terminar mesmo por que assim que eu terminar vai estar mais perto de eu ir.

Ela me abraçou quando as lágrimas começaram a descer pelo meu rosto desenfreadas, eu não queria chorar de novo, não queria ver mais ninguém chorando, mas não consegui segurar quando percebi que estava tão perto, em algumas horas eu não moraria mais naquele quarto ou naquela casa por 6 anos inteiros!

— Shh calma meu amor, a mamãe tem certeza que vai dar tudo certo para você lá. – Ela segurou meu rosto limpando as lágrimas e me fazendo olhar nos olhos dela que também escorriam lágrimas. – E você sabe que a mamãe sempre está certa.

— Hum, cadê as duas mulheres da minha vida? – Meu pai abriu a porta e nos viu ali abraçadas, com várias roupas em volta e chorando. – Meu Deus, já está na época do mês que eu tenho que fugir de vocês?

— Não pai, só estamos conversando. – Fui até ele e o abraçei também. – Eu vou sentir tanta falta de nós três juntinhos, tentem não destruir a casa sem mim por perto ok?

— Não prometemos nada. – Meu pai acariciou meu cabelo rindo.

O soltei e vi os dois se abraçarem e olharem para mim com os olhos brilhando.

— Olhe isso David, nossa filha já é uma adulta. Acho que fizemos um ótimo trabalho. – Minha mãe comentou.

— Sem dúvidas, nossa princesinha nos dá muito orgulho mesmo. – Meu pai completou como se eu não estivesse ali ouvindo e não segurei as lágrimas de novo, já percebi que hoje eu vou chorar pra caramba.

— Eu amo vocês. – Os abracei juntos e ficamos um tempo ali até eles me lembrarem da hora e que eu não podia me atrasar.

— Acabe aí rapidinho e desça querida, fizemos um café da manhã especial. – Minha mãe piscou para mim antes de fechar a porta me deixando sozinha.

Terminei de arrumar minhas roupas e fui pegar outras coisinhas que eu considerava muito importantes, teriam de ser poucas, eu não podia esquecer que dividiria o quarto com mais gente lá.

Peguei algumas fotos com meus pais, meus amigos, e o Zack. Uma muito importante foi sem dúvidas a que tiramos na viagem, em frente ao chalé que tivemos nossa primeira vez, era quase a minha foto favorita, só perdia para a foto que minha mãe tirou da gente no nosso primeiro dia de aula, na primeira série, estávamos de mãos dadas, rindo e ele levava minha mochila que era maior que eu. Eu jamais esqueceria essa foto.

Assim que arrumei tudo e me arrumei, eu olhei para o meu quarto meio vazio e pode até parecer ridículo, mas eu sussurrei um adeus, senti que precisava. Depois disso apaguei a luz e desci com minhas malas.

— SURPRESA! – Comecei a rir quando vi todo mundo sentado na mesa comendo.

— Estão comendo a minha comida desse jeito e ainda tem coragem de dizer que é surpresa? – Disse para os meus amigos esfomeados.

— E até parece que você não conhece a gente, nunca recusariamos comida. – Elliot disse pegando mais um brownie de chocolate da mesa.

— Bom dia amor. – Zack me agarrou por trás me fazendo dar um gritinho surpresa e me virou, me beijando.

Ele e o meu pai fizeram as pazes depois de uma conversa muito longa que eu tive com meu pai dizendo que eu amo o Zack e ele teria que aceitar, depois disse tudo de bom que eu sabia do Zack e minha mãe ajudou um pouquinho, agora ele está mais ou menos neutro com meu namoro.

— Bom dia. – Disse feliz.

— Para você. – Ele me estendeu uma caixa rosa, a abri e eram cupcakes de chocolate, daqueles com vários confeitinhos de coração. – Sr Drews disse que fez com o máximo de amor possível, do jeitinho que você merece.

— Meu Deus Zack obrigada, diz para ele que eu amei demais. – Enchi o rosto dele de beijinhos o abraçando, com cuidado para não derrubar a caixa.

— Da para vocês pararem de melação e virem comer logo? Ou a Nath vai acabar com tudo. – Ross disse roubando uma panqueca do prato dela enquanto ela batia nele.

Eu e o Zack rimos e nos sentamos para comer com todo mundo, dividi alguns cupcakes com ele mas ele disse que era para guardar o resto para comer na viagem por que comida de avião é horrível.

Meu vôo era meio-dia e as 10:00 o alarme do meu pai apitou avisando que teríamos de ir logo para não nos atrasarmos, nessa hora todo mundo ficou em silêncio e me deu um frio na barriga que eu não tinha certeza se era bom ou ruim.

— Bom pessoal, tá na hora. – Leah disse me dando a mão, segurei a dela de um lado e da Nath do outro, minhas duas irmãs de outra mãe, as doidas que eu mais amava.

Fomos juntas até lá fora e os meninos pegaram minhas malas, fui no carro com meus pais e todos eles foram no carro do Zack, chegando lá eu fiz meu check in e sentei no meio de todo mundo, ficamos lá jogando conversa fora até darem a primeira chamada para o meu vôo.

Me levantei e me despedi primeiro dos meus pais, os abraçando e não querendo soltar mais, querendo voltar para casa e ser uma adolescente de 16 anos para sempre. Eles me deram um monte de avisos e sermões o que já me fez chorar, diziam para eu ter cuidado com o que comia, para não esquecer de comer ou sair sempre com um casaco e eu só sabia chorar e assentir.

— Eu amo tanto vocês, são os melhores pais do mundo inteiro! – Os agarrei chorando mas com um sorriso no rosto.

Depois de mais choro e promessas de ligar três vezes por dia eles me deixaram me despedir dos meus amigos. Elliot e Ross vieram primeiro e como eu já sabia o que eles iam fazer eu coloquei a mão na frente impedindo.

— Vocês vão fazer mesmo isso de novo? – Perguntei sorrindo boba, os dois se entreolharam e também sorriram.

— É claro que sim. – Disseram me dando um beijo na bochecha, um de cada lado e depois me abraçando, me esmagando entre os dois e me fazendo morrer de rir. Eu amo esses dois.

— Vou sentir tanta saudade! Cuidem bem das minhas amigas em? Estou confiando elas a vocês. – Apontei para cada um séria e os dois assentiram. – Muito bem, vou atrás dos dois se não fizerem o que eu mandei...

Eu nem terminei de falar direito quando já fui levada ao chão por duas malucas que pularam em cima de mim.

— Amiga não vai! – Nath exclamou chorando e agarrando meu pescoço. – Nosso trio não é um trio sem você! Quem vai impedir a Leah de me agredir agora?

— Nossa assim parece que eu sou uma selvagem! – Leah exclamou.

— É quase isso!

— Venham aqui. – Agarrei as duas ainda no chão, não estava nem aí para quem nos visse daquele jeito. – Não esqueçam de que eu vou sempre ser a caçulinha em? Não ponham ninguém no meu lugar.

— É impossível amiga, ninguém seria tão perfeita. – Nós três já estávamos fazendo uma poça de lágrimas no chão.

— Eu amos muitíssimo as duas.

— Também te amamos! – Quando elas se prenderam em mim de novo eu ouvi a outra chamada para o meu vôo, geralmente são três chamadas antes de fecharem os portões.

Me soltei delas com muito custo e nós levantamos rindo daquela situação.

— Só a gente mesmo para fazer essa cena no meio de um aeroporto.

— Cadê o Zack? – Perguntei olhando em volta.

— Ainda está sentado. – Leah apontou, ele estava lá com a cabeça abaixada entre as mãos.

Antes de eu ir até ele porém, Nath me segurou sussurrando no meu ouvido.

— Fica tranquila, vai demorar bem menos do que você pensa para reencontrar ele amiga. – Nath piscou para mim e eu a olhei confusa.

— O que? Como assim?

— Nada não, umas viagens da minha cabeça, agora vai logo com seu boy. – Ela me empurrou sorrindo esquisita e eu dei de ombros indo até ele.

— Zack? – Ele olhou para mim e se levantou rápido me puxando para os braços dele.

Zack me deu um beijo de cinema, mais apaixonado e intenso que todos os que já trocamos até hoje, afundei os dedos no cabelo dele pelo que eu achava que seria a última vez e o senti apertar minha cintura, algumas lágrimas dele caíram no meu rosto e não consegui mais segurar as minhas também, e mesmo chorando só nos soltamos quando eu decidia que precisava falar algo.

— Não importa o que aconteça, ou o quanto a gente fique separado, eu sempre vou amar você. – Disse olhando naqueles olhos azuis como o céu no verão, que faziam eu me apaixonar mais a cada vez que me perdia neles e ali eu tive a certeza de que não existiria outro homem na minha vida, a não ser Zack Marrin.

— Pode ser horrível e a distância pode nos destruir, mas nada nesse mundo vai me fazer desistir de você. – Ele segurou meu rosto limpando minhas lágrimas. – Você é a pessoa mais perfeita que eu já tive o prazer de por os olhos nessa vida Emily, você é a mulher da minha vida e algum dia eu aínda vou te ver de vestido branco, pronta para dizer sim do meu lado.

Agarrei o pescoço dele o beijando e beijando, mais e mais até ouvirmos o último aviso, eu não queria sair dali, eu não queria deixar ninguém, mas eu também sabia o quanto queria me formar naquela faculdade e ser bióloga e eu faria isso, me esforçaria o máximo possível, para acabar a faculdade logo e poder voltar para todo mundo.

Então respirei fundo algumas vezes e me preparei para pegar aquele avião. Não sem antes ser esmagada em um abraço em grupo maravilhoso e cheio de risadas misturadas com choro.

Caminhei até o portão e entreguei a passagem para a aeromoça, só que antes eu parei e me virei, olhei meus pais que pareciam mais orgulhosos do que nunca, minhas amigas que choravam abraçadas nos namorados mas estavam sorrindo e o amor da minha vida, que só me encarava com os olhos vermelhos (não muito diferentes dos meus) e as mãos nos bolsos, sorri gravando aqueles rostinhos na mente e mandei um último beijo para eles, embarcando no avião, para uma nova vida daqui em diante.

Eu estava deixando todos ali por 6 anos e quando eu voltasse, talvez nada mais fosse igual. Porém uma coisa eu tinha certeza que seria a mesma, meu amor pelo Zack.

Ou talvez não também, talvez ele ficasse ainda mais forte. Isso, só o tempo diria...



When we fell in love...Onde histórias criam vida. Descubra agora