A vida da Alexia, uma mulher forte de 29 anos tornou-se um verdadeiro inferno desde que decidiu se separar do seu marido abusivo Rafael, apesar de ser ainda 7h da manhã, essa era a quarta vez do dia que estava na varanda chorando após uma discussão daquelas, seu lábio estava cortado do tapa que ele aferiu em sua face, algo recorrente dos últimos meses.A porta se abriu e um frio na barriga embrulhava seu estômago, ela acendeu um cigarro na tentativa frustada de se acalmar e respirou fundo.
— Alex, não fez o café? Estou com fome. — Disse ele de forma estúpida.
Ela fingiu não ter escutado como ultimamente tem feito, agora ela tenta se fingir de morta, para que assim, talvez ele resolva deixá-la em paz.
— Não me ouviu? — Insistiu ele aparecendo na porta da varanda.
Ela olhou para ele e em seguida para a rua, deu um forte trago em seu cigarro que agora era seu companheiro mais fiel de sofrimento, já que estava naquela vida sozinha, seus pais faleceram há alguns anos, e seus amigos foram afastados por Rafael.
— Sua puta, estou falando com você.
Alexia não se chocava mais com esses apelidos carinhosos, puta era o mais leve deles.
— Uma mulher imprestável como você deveria morrer.
Ele a puxou pelos braços, empurrando-a e fazendo com que ela batesse fortemente as costas no parapeito da varanda, Alexia soltou um gemido de dor e o cigarro escapou dos seus dedos finos.
— Não tem medo de morrer? Vadia. — Ele tinha um sorriso sádico nos lábios.
— Prefiro morrer ao ter que viver ao seu lado. — Alex respondeu com sinceridade.
Ela olhou em seus olhos transtornados e cheios de fúria, não sabia o que havia levado a se interessar por esse homem algum dia. Ele subiu as mãos para o seu pescoço tentando enforca-la, e ela sabia que ali seria seu fim, mas não se importava tanto assim com sua fracassada vida, sabia que se morresse, poderia talvez encontrar a paz que não lembrava como era há alguns anos.
— Eu vou te matar sua desgraçada. — Ele a empurrou furioso.
Ela fechou os olhos à espera da morte, não queria mais lutar por sua vida infeliz. Justo? Talvez não, mas o que poderia fazer se não sentia mais prazer em viver, se acordar era um martírio, talvez a única coisa boa que Rafael pudesse fazer, seria dar um fim à todo esse sofrimento.
As mãos fortes daquele homem apertavam seu pescoço querendo muito mais que ela sofresse lentamente, do que morresse de forma rápida, ele estava disposto a matá-la e fugir, tinha plena convicção que seu pai, um excelente advogado renomado iria livrar sua pele como já fizera tantas outras vezes.
Octávia dirigia de volta para casa depois de um longo e desgastante plantão policial em que cumpria em seu cargo de tenente majoritária que ocupara em alguns anos, ela seguia os passos de seu velho pai, que agora era um militar aposentado.
Ainda com sua farda colada e sua arma na cintura, soltou seus cabelos negros que se transformaram em uma bela cascata brilhante, tirou o pendrive com defeito assoprando-o, na tentativa frustrada de fazê-lo pegar, assim que pegou, cravou seu olhar para as ruas calmas da cidade.
Sempre muito atenta, e quase na metade do caminho, Octávia ouviu um grito desesperado de uma mulher, olhou a sua esquerda e parou o carro imediatamente tirando a arma e voltando a carregá-la, era comum em sua profissão, ter que se deparar com homens que aproveitam de sua força contra mulheres.
Se Alexia pudesse, ela mesmo acabaria com isso, não aguentava mais ser torturada, percebeu que Rafael olhou para a rua e deixou de enforca-la segurando em seus cabelos e batendo seu rosto contra a pedra fria do parapeito da varanda, ao olhar para a calçada, avistou uma policial fardada em seu uniforme preto e apontando uma arma para eles, seu coração se encheu de esperanças de que talvez, só talvez tudo terminaria bem.

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Meu anjo da guarda
SpiritualA vida da Alexia, uma mulher forte de 29 anos tornou-se um verdadeiro inferno desde que decidiu se separar do seu marido abusivo Rafael. Mas o que ela não podia imaginar, era que a mulher que a salvou, no dia em que ela pensou que morreria nas mãos...