Meu anjo da guarda

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Trice após se despedir de Alexia, foi para casa, Eduardo estava trabalhando e Manuela estava no quarto, não estava se sentindo bem e não foi ao trabalho naquele dia, estranhamente percebeu Manu com os olhos inchados por ter chorado a manhã inteira.

— Você está bem? Quer alguma coisa?
— Perguntou Trice sem entender os motivos que levavam Manu a estar tão abatida.

— Quero ficar sozinha, só isso.

Trice a encarou, sabia que Manuela era sim a parte mais complexa daquela relação, mas não se tratava de uma simples birra, sabia que tinha algo mais ali.

Trice se aproximou abraçando-a, e naquele momento mesmo tentando evitar, a mulher caiu no choro, um choro de tristeza e desespero, soluços que não podiam ser disfarçados mais. Trice estava tentando manter-se calma, mas com a gravidez tudo o que sentia, era um pouco mais aflorado.

— Manu... me conte o que está acontecendo, por favor.

— Não é nada, está tudo bem.

— Manuela, não está, por favor...

Manu secou as lágrimas ainda trêmula e encarou Beatrice, não queria preocupa-la, afinal, uma gravidez de gêmeos já é algo bastante complexo, mas sabia que Beatrice não era como o Eduardo que sabe esperar o momento certo, ela sabia que não poderia fugir dos questionamentos que Trice lhe fizera.

— Manu... estou ficando nervosa, preciso saber o que aconteceu... você e Eduardo brigaram? Por favor me diz de uma vez.

— Eu descobri que estou com um câncer no útero.

E com essa frase ambas se olharam como se não pudessem acreditar nas palavras mencionadas naquele momento, Trice estava trêmula e nervosa, sentia-se mal, levou as mãos para a boca num gesto desesperado, deveria dar apoio a Manu, mas não conseguia, abraçou-se a ela e choraram, lavaram a alma de peito aberto e com medo do que enfrentariam pela frente.

— Eduardo sabe?

— Ainda não, eu fui ao médico hoje pela manhã, Edu está o dia inteiro em reuniões no hospital.

— Você já sabe qual a real situação? Precisa iniciar o tratamento o quanto antes.

— Vou fazer alguns exames depois, hoje estou sem condições.

Trice abraçou-a com carinho, não podia sequer imaginar o que Manu sentia naquele momento, e mesmo se quisesse não poderia. Manu estava devastada, era apenas um exame comum de rotina, tinha o desejo tardio de engravidar, depois de tantos anos casada com Eduardo, viu que gostaria de gerar um bebê, mas após descobrir que estava com câncer viu suas chances sendo anuladas para sempre.

— Eu posso ir com você, nós vamos passar por isso juntas, ok?

Eduardo entrou no quarto, aproveitou o horário do almoço para ver Manu que estava estranha na última ligação, viu que Manu não estava bem, ao olhar para Beatrice sentiu que o clima estava muito pesado ali e que ambas andaram chorando.

— O que aconteceu aqui?

Manu ficou em silêncio e Trice a encarou, não cabia a ela revelar, esperava que Manu fosse sincera, mas não podia obrigá-la a isso.

— Não vão me dizer? Ok.

Eduardo desceu as escadas e ligou para a ginecologista de sua esposa, sabia que ela teria consulta pela manhã e desconfiou que fosse algo relacionado, com alguma insistência conseguiu que a mulher lhe informasse sobre o real estado de saúde de Manuela. Eduardo como médico naquele momento manteve-se calmo, sabia exatamente os problemas possíveis assim como a probabilidade de cura da doença.