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Naquele dia, Octávia não conseguiu dormir, precisava urgentemente procurar seus pais e exigir deles uma explicação, como não quis comentar com a Alexia antes de ter certeza, avisou-a que estava indo a cidade de seus pais para resolver um problema familiar. Alexia por outro lado já começava a melhorar visivelmente.

O coração de Octávia acelerava em decorrência da proximidade da casa de seus pais, suas mãos estavam suadas e seus pensamentos a mil, não conseguia imaginar que viveu trinta e quatro anos de sua vida sendo enganada. Ela parou o carro na garagem e respirou fundo, abriu a porta com a chave que sempre tinha em seu porta luvas e entrou, o cheiro do almoço recém preparado invadiu suas narinas assim como uma profunda angústia.

— Meu amor, que bom que veio. Deveria ter avisado que eu faria o pudim que você gosta.

— Oi, mãe, não tem problema. Aonde meu pai está? Queria falar com vocês.

— Ele foi comprar umas coisas que faltaram. Está tudo bem?

— Mais ou menos.

— E o que foi? — Insistiu ela.

O assunto foi interrompido com Philip entrando com algumas sacolas, ele olhou para Octávia e sorriu.

— Oi, que bom que veio minha menina.

— Oi, pai.

Seu pai deixou as compras na mesa e foi até ela abraçando-a, Octávia viajou por muito tempo e não suportava mais esperar para tocar no assunto.

— Pai, mãe... estou aqui porque quero confirmar uma coisa que descobri.

Seus pais se olharam mostrando uma cumplicidade imediata, Octávia percebeu que talvez tudo o que Beatrice disse, poderia ser verdade.

— Eu sou adotada?

Flora olhou para Philip nervosa, se pudesse imploraria para que Philip negasse tudo aquilo, mas sabia quem era o homem com quem se casou, ele podia até omitir a pedido dela, mas jamais mentiria a respeito desse assunto.

— Você é nossa filha e ponto final, Octávia. — Respondeu Flora nervosa abandonando a cozinha.

— Não foi isso que perguntei. Pai... — Olhou para ele esperando uma explicação.

— Sim, Octávia. Você foi adotada por nós, sua mãe nunca pôde ter filhos.

Octávia sentia-se enganada por sua família, segurou as lágrimas com os lábios trêmulos e olhou para ele.

— Por que esconderam de mim? Acharam que eu nunca descobriria?

— Filha...

— Não me chame assim, Philip. Por favor.

— Qual diferença faz? Não foram nós que te criamos, te educamos e te demos amor? Sua mãe não pode criar você, eu auxiliei ela em tudo, ela era muito pobre, não podia ficar com três crianças.

— Três? — Octávia perguntou assustada.

— Trigêmeas idênticas.

— Como? — Não podia acreditar.

— Olha, Octávia. Sua mãe biológica era pobre, mas muito honrada, ela conheceu sua mãe na época de uma profunda depressão por não conseguir ter filhos, você teve uma doença ao nascer que precisava de muitos cuidados e ela não teria dinheiro para isso, ela ficou com as outras meninas, e nós nos comprometemos a cuidar de você.

— Eu merecia saber... — Disse triste.

— Eu sei... eu sei Octávia. Mas não foi por mim que você não soube, Flora queria proteger você, ela tinha medo de perdê-la.

Meu anjo da guarda Onde histórias criam vida. Descubra agora