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A tenente estava sentada de frente para Alexia e via naquela mulher um sorriso contagiante, nem parecia mais a mesma de algumas horas atrás, degustou daquela massa feita com capricho e não pode deixar de sentir um prazer enorme ao estar ali.

— Você cozinha muito bem. Poderia abrir um restaurante. — Alexia sorriu sem jeito.

— Nunca pensei nessa possibilidade, eu tenho uma joalheria. —Disse olhando-a.

— Se abrir um restaurante eu iria todos os dias. — Disse Octávia com sinceridade.

Octávia comia com prazer, ela não levava o menor jeito para essas coisas, era um verdadeiro desastre na cozinha e adorava ser convidada para comer, mas especialmente nesse dia, se sentia diferente, em todos os seus anos na corporação nunca saiu para jantar com a vítima que salvou, ela não queria nem imaginar o que poderia ter acontecido se não estivesse passando por ali, no mesmo momento em que por pouco, Alexia não foi cruelmente assassinada.

Alex olhava aquela mulher em sua mesa comendo com prazer, se sentia estranhamente feliz por estar tendo a oportunidade de um jantar na companhia da Octávia. Elas terminaram o jantar e ficaram na varanda bebendo cervejas geladas, e ouvindo uma boa música.

— Há quanto tempo você é policial? — Alexia perguntou com curiosidade e ao mesmo tempo que tentava não ser evasiva. Octávia tomou um profundo gole da sua cerveja e a olhou.

— Mais de dez anos... — Disse pensativa.

Ela queria perguntar a idade da tenente, mas não quis ir além, não achava que Octávia tivesse mais do que trinta e cinco anos, porém com quantos anos ela teria ingressado na corporação?

Octávia se sentia leve ali, como se aquele lugar tivesse uma paz imensurável, parou por alguns instantes para observar melhor a garota a sua frente. Pele pálida, cabelos abaixo dos ombros castanhos, pescoço fino, ossos da clavícula saltados, além de vários hematomas pelos braços, pescoço e pernas, ela também tinha um corte no lábio. Seus lábios eram rosados, como se usasse um batom que na verdade não existia, tinha covinhas nas bochechas e um sinal charmoso próximo ao lábio superior. Ela percebeu o olhar da Octávia analisando-a tempo demais, por um momento quis se esconder constrangida ao imaginar a policial analisando seus hematomas espalhados pelo corpo, Octávia percebeu e a olhou.

— Eu preciso ir, vou te deixar descansar. — Disse Octávia se levantando.

— Tem certeza? Está cedo. — Ela não queria que Octávia saísse dali, embora não podia pedir que ficasse, elas não tinham intimidade para isso.

— O jantar estava maravilhoso, obrigada por me convidar. — Agradeceu.

— O prazer é meu, tenente.

Octávia olhou para ela e sorriu, Alexia não fazia ideia de como algumas mulheres despertavam um prazer imenso ao chamá-la de tenente, ela parou na porta e olhou para aquela mulher por alguns minutos antes de se despedir.

— Espere. — Disse Alexia correndo para dentro de casa e pegando na bolsa um cartão com o endereço e os telefones da joalheria. — Aqui está, meu telefone é esse último, apareça mais vezes para jantar.

A tenente olhou o cartão e colocou no bolso de trás da calça, se aproximou da Alexia e a abraçou sentindo seu cheiro suave e adocicado, não sabia muito bem se devia fazer isso, mas fez enfim.

Meu anjo da guarda Onde histórias criam vida. Descubra agora