Trice estava em seu quinto mês de gestação, seu corpo estava visivelmente inchado e com bastante retenção de líquido, mas o que mais incomodava era não ver Manu há mais de uma semana, desde que Edu viu a necessidade de interna-la, ele a proibiu, tinha medo que Trice ficasse no ambiente hospitalar e que contraísse alguma infecção.
Aquela não era a gestação que ela esperava, pra nenhum deles na verdade, Eduardo desejava cuidar da Trice, mas precisava dar atenção ao tratamento de sua esposa que começava a falhar, e obviamente Trice não sabia desse detalhe.
Sentada no sofá e alisando a barriga nervosa, Trice pôs-se a chorar, tinha saudades da Manuela, queria estar com ela e não aguentava mais esperar. Beatrice pegou as chaves do carro e dirigiu até o hospital, ao chegar, colocou uma máscara e luvas, sabia que levaria uma bronca daquelas, mas não se importava, foi diretamente até a sala do Edu antes.
— Eduardo, eu sei que está tentando poupar sua esposa, mas estamos perdendo tempo.
— Van, ela está reagindo.
— Não como deveria. Seja racional Eduardo, é a melhor saída.
Trice abriu a porta após ouvir mais do que deveria, e encontrou Eduardo com o semblante abatido, ele encarou Trice e se levantou imediatamente.
— Beatrice... você deveria estar em casa.
— O que está acontecendo?
— Vou deixá-los a sós. — Disse a médica saindo da sala.
Beatrice trancou a porta e tirou a máscara encarando Eduardo.
— Eduardo... fale de uma vez.
— Trice, não se preocupe.
— Já chega, eu não vou engolir suas desculpas, quero que seja sincero comigo.
— Vou ter que aumentar a dosagem, ela não está mais reagindo a dosagem anterior.
— Qual era a saída de que vocês diziam?
— A histerectomia total... cirurgia para a retirada do útero.
— Já falou com ela?
— Não é a última saída, podemos ainda...
— Para Edu, você não vê que tem outra alternativa para o tratamento? Cabe a ela decidir.
— Ela quer ser mãe Trice, como vou propor que ela retire o útero?
Trice acariciou a barriga nervosa, voltou a colocar a máscara e saiu dali em direção ao quarto que Manu estava. Manu estava abatida, com os lábios rachados e ressecados, ao ver Trice sorriu e ambas se abraçaram.
— Não devia estar em casa mocinha?
— Não aguentava mais de saudades, como você está?
— Estou bem, muito melhor agora, mas não é bom que esteja aqui, Edu vai ficar uma fera.
Eduardo entrou e encarou as mulheres ali, sabia que Beatrice iria dizer a verdade para Manu, e não sabia se o melhor era tomar a frente e conversar de forma mais racional possível ou deixar que Trice conversasse.
Edu se aproximou e beijou Manu sentando-se ao seu lado, tocou suas mãos frias e olhou por um momento para Beatrice em cumplicidade.
— Manu... a gente vai precisar aumentar a dosagem. — Disse Eduardo encarando-a com seriedade.
Manu olhou para eles e sorriu entristecida, estava se sentindo cansada, mas não se importava em lutar mais um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu anjo da guarda
SpiritualA vida da Alexia, uma mulher forte de 29 anos tornou-se um verdadeiro inferno desde que decidiu se separar do seu marido abusivo Rafael. Mas o que ela não podia imaginar, era que a mulher que a salvou, no dia em que ela pensou que morreria nas mãos...