19

5.9K 540 213
                                    

Octávia estava de volta ao trabalho e pensativa como nunca, sabia que precisava urgentemente resolver com a Flávia, mas não fazia ideia do que fazer.

— Tenente, que bom te ver.

— Oi, Bruno, como está?

— Não tão bem quanto você, soube que se casou.

— Sim...

— Fico feliz, podíamos tomar uma cerveja quando saírmos.

— Hoje não posso, mas marcamos um dia desses.

Bruno sempre foi um grande amigo da tenente, eles trabalharam juntos por muitos anos, apesar dele ter sofrido um acidente e ter ficado afastado por um longo período, retornando agora.

— Eu jamais teria atirado se soubesse que atingiria Elisa, e pra ser sincera, se fosse hoje, eu jamais atiraria em Flávia. Mas é algo que saiu do meu controle na época, eu era inexperiente.

— O que você diria nesse momento se estivesse frente à frente com Elisa?

Ester analisou Octávia ainda fardada de policial deitada confortavelmente em sua segunda sessão. Percebeu que por diversas vezes Octávia se emocionava.

— Eu imploraria que ela me perdoasse, diria que eu agi de forma tola e sem pensar, eu pediria desculpas por não ter procurado ajuda. É difícil reconhecer que a gente precisa de ajuda.

— O que você busca hoje, Octávia?

Octávia encarou o lustre de vidro e pensou, não sabia exatamente o que fazia ali, além de estar seguindo as ordens de Trice.

— Pra ser sincera, estou aqui inicialmente porque minha irmã me pressionou. Mas não só por isso, eu me descontrolei com minha esposa, fui grossa por ciúmes e não quero machucá-la nunca.

— Feche os olhos.

— O que?

— Feche os olhos. — Repetiu calmamente. — Siga minha voz e respire fundo, quero que preste atenção apenas na minha voz e na sua respiração. Relembre a cena que te fez perder a cabeça, pense em sua esposa, apenas nela, olhe para mim...

Octávia encarou os olhos cinzas da mulher próximo a ela.

— Acredita no amor de sua esposa por você?

— Completamente. — Respondeu com convicção.

— Qual o seu maior problema hoje?

Octávia imediatamente se sentiu nervosa.

— Flávia, a amiga da Elisa, quer que a gente mantenha um caso extraconjugal. Ela está me ameaçando, dizendo que vai me entregar para Alexia... eu não sei o que fazer.

Ester analisou cuidadosamente a situação, não costumava adentrar na vida de suas pacientes, mas talvez viria a quebrar alguns protocolos.

— Por que não tenta encontrar algo que intimide ela?

Octávia olhou imediatamente para Ester e por um instante sua respiração parou.

— Todos temos segredos, Tenente.

— Eu já procurei e não encontrei, estive na casa dela, revirei tudo. — Suspirou jogando a cabeça para trás novamente.

— Terá que buscar uma saída, talvez a verdade seja a melhor saída.

Octávia se sentia preocupada, apesar de talvez ter encontrado um caminho a seguir.

— Sua sessão acabou, nos vemos na próxima semana.

Meu anjo da guarda Onde histórias criam vida. Descubra agora