KC - 20
— Joy, ainda estou desacreditada de como falou daquela forma para aquele cavalheiro! – Wendy retrucava, enquanto via amiga desmanchar o penteado pronta para ir dormir.
— Quanto exagero, Seungwan! – resmungou, passando os dedos finos nos cabelos. – foi uma resposta que ele bem merecia. E lembre-se, sou uma realeza. Deve-me respeito e honra, dignidade e confiança. Queria entreguer Yerim para forca, só por quê, alguém que nem existe disse que era crime!
— Eu compreendo sua revolta. Mas o sr. Yoongi estava apenas brincando. Ele não iria realmente entregar Yerim. – Wendy riu fraco. Sentando-se na cama junto a mim. – Eu a admiro, Joy! Muito destemida! Muito voraz! Nenhuma dama jamais respondeu á um cavalheiro dessa forma! Confesso, foi excitante!
— Eu o conhecia. Éramos amigos. – comecei a contar, meio impaciente, meio hesitante. – éramos melhores amigo, para ser mais específica. Vizinhos, também. – ri. – Portanto, ocorreu vários acontecimentos. Desde que... Eu... Bem, desde que eu...
— Não precisa contar, Yerim, se não estiver confortável. Pode pular essa parte. – Joy aconselhou, com sua voz doce e suave. Estava atenta a minha história.
— Bem, depois que tudo aconteceu. Descobri que ele iria pedir-me em casamento. Pediu permissão para meu pai, que, logicamente, cedeu rapidamente. Senhor Yoongi ficara indignado, se sentia traído, uma revolta assustadora! – explico, lamentando todo momento em que vi Yoongi furioso. Fechei os olhos, lembrando de cada cena, minuciosamente. – Acredito que foi ele que me entregara para a guarda... Suas palavras ríspidas, por dias não saía de minha cabeça. Era uma completa tortura. Ele não aceitava nada que explicasse, e sempre tinha na ponta da língua as passagens da Bíblia. Fez uma lavagem cerebral nas pessoas da vila.
— Eu... Sinto muito por tudo, Yerim. – Wendy disse, parecia desconfortável com algo. Segurou minha mão, acariciando-a tênue.
— Não sinta, Wen! Tem que sentir pena do pobre coitado do Yoongi. – Joy retrucou, sentando-se na sua cama, abraçando-me de lado. – Yerim é uma moça forte! Passou por tudo, sem sequer julgar alguma pessoa que lhe apontou o dedo. Ela, sim, é motivo de admiração! – senti ela apertando mais contra seu corpo, uma leve queimação percorrendo meu organismo. – Yoongi é um fraco, que não soube observar as coisas que aconteceram com dignidade e empatia. Ele é motivo de desprezo e pena infinita. Contudo, desejo tudo de bom para ele. Vai encontrar uma boa esposa, se parar com essas crises com a Yerim. Tem que respeita-la acima de tudo!
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O dia começara agitada. No entanto, soube que a princesa havia se retirado mais cedo que o costume. Novamente sua mãe arrastara para igreja. Joy era completamente contra a igreja, não acreditava de forma nenhum nas palavras do padre ou da bíblia. E claro, era sempre obrigada a ir, pois sua mãe queria converte-la. A casa estava vazia, de fato. Apenas Wendy e Jimin estavam ali e os criados. Depois de tomar café, saude-os e me juntei a eles. Queria acompanhar Joy nesse "passeio". Pelo menos iria tentar distrair ela.
— Sua mãe não o obrigou a ir a igreja? – perguntei, pegando o jornal do dia.
— Obviamente, sim. Portanto ela não sabe que sinto o mesmo que Joy, só que por homens, claro. – Jimin disse simplista. Como se Wendy já tivesse escutado isso diversas vezes.
Confesso que fiquei assustada. Para mim, ele havia admitindo seus sentimentos, apenas para mim, por estarmos no mesmo barco. Mas parecia que os únicos que não sabiam eram Joy e seus pais. Olhei para Wendy que estava concentrada em seu livro.
— O senhor... Bom... Deveria dar algum conselho para Joy não ir. – respondo, confusa. Muito confusa.
— Esqueceu-se que ela não fala comigo? Estou fardo de seu mau-humor á mim, uma linguinha afiada que apenas ela tem. – contou, bebendo seu chá. – a propósito. Ela fez mal em ser descoberta. Que arque com as consequências.
— O senhor desejaria isso para si? – indago, muito mais confusa. Ele não sentia empatia para aqueles que era iguais?
— Claro que não, srta. Yerim. Contudo, não contei a eles, e nem deixei nítido. – citou irônico. – estou vivendo perfeitamente bem. Flertando com alguns homens.
— O senhor pretende viver por baixo do pano a vida toda? Não deseja se casar? Viver uma vida boa, sem preconceitos com seu parceiro? – interroguei novamente. De fato estava revoltada com suas palavras um tanto contraditórias com que ele se diz ser.
Wendy largou o livro, inclinando-se para ouvir a conversa.
— Yerim, entenda, irei me casar. Mas sem meus pais saberem. Aliás, quando eles morrerem. A opinião obtusa da sociedade não me importa. – Falou em um tom sarcástico. – Você sabe que esses casamentos já está ocorrendo na Europa? Ouvi dizer que duas mulheres bularam a igreja católica e se casaram. Vivem longe agora, por conta da perseguição que sofreram pelos católicos, e as pessoas caóticas que acreditam nisso.
— Posso conta-lhes minha opinião? – Wendy propôs, depois de um tempo ouvinte. – Acredito eu, que um dia vocês serão livres dessa sociedade de mérito á reputação. Mas para isso acontecer, devemos nos abrir mais. Devemos fazer algum tipo de palestra, não acha? Fazer as pessoas mudarem a mentalidade delas.
— Isso é complicado, Wendy. – respondo. – Se todos, como nós, nos pronunciarmos, vai ser pior do que aconteceu comigo. Na vila, todos acham que fui presa ou enforcada. A princesa, vocês, me acolheram como ninguém me acolheria. – explico, tentando engolir as lágrimas que queria descer. – Somos apenas nós, e mais ninguém. De fato, estamos sozinhos, mesmo que alguns aceitem nossos sentimentos. Mas sempre estaremos sozinhos. Sempre.
O profundo silêncio preencheu a sala. Fiquei quieta, pensando no que disse. Era realmente verdade. Papai podia me apoiar, mas sempre terá um Yoongi para me destruir, ou uma Rainha para me ameaçar e acabar com minha vida. A papai nunca iria conseguir me proteger, sem se proteger. Papai nunca iria conseguir dar uma ordem!
— Sente medo, Yerim? – Jimin questionou sério. Pronuncei o "do quê?" mudo, não sabia na onde ele queria chegar. – de morrer? De ser o que você é? De não ter mais seu pai? De não poder viver como uma cidadã do bem... De não poder construir uma família, ao lado de uma mulher. Ou, de lutarmos e lutarmos, para no fim não conquistarmos nada e morrermos enforcados?
Wendy encarou o interlocutor. Apenas fiquei em silêncio, digerindo suas palavras. Eu tinha medo de todas essas coisas? Eu tinha medo de morrer com todos sabendo quem realmente sou? Ou de lutar para eles me aceitarem e morrer lutando, sem conquistar nada?
— Seu silêncio diz tudo. – esperei a continuação de sua frase. Com uma breve pausa, retornou. – incertezas. De certo, o melhor para nós cometedores de "pecado", fircamos em silêncio. O mais sensato, Wendy. E Yerim, pense, pense em tudo que eu disse. E da minha forma de expressão.
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;; kingdom come | joy+ri [red velvet]
FanficSéculo 18, onde as pessoas são reservadas e selam por suas reputações. A qual amar diferente é crime. Após ser feita de chacotas, Yerim se ver perdida quando se descobre homossexual e acaba se apaixonando pela amiga, que a traí espalhando seu segred...