KC - 22
Observava meu pai gritando comigo nervoso. O frio da madrugada atravessando as janelas entreabertas da cozinha. Me abracei, tentando me esquentar de forma inútil. Meu pai dizia várias coisas que mal podia entender. Minha mente estava vagando por várias cenas desconexas. Me encontrava em estado de imersão não sabia ao certo o que fazer, o que responder. E novamente estava causando tristeza e decepção para meu pai. Não conseguia o olhar, apenas fitava meu copo com café, vendo ele a cada sermão beber um longo gole do seu.
Ele dizia coisas como desrespeitar tanto a condessa quanto Sohee. Eu me sentia extremamente envergonhada. Se pudesse voltar para o passado nunca teria feito aquilo. Nunca teria dado atenção aquela víbora. Rainha era tóxica e fazia muito mal para mim, até mesmo para sua filha. De fato ela me odiava, e todos sabiam. Na verdade, qual ser dessa época não me odeia ou sente repugnância á mim?
Mirei qualquer lugar especial na mesa. Estava farta de ouvir tantas coisas sobre minha vida e desonra. Respirei fundo quando a cozinha se tornou silenciosa. Um silêncio profundo e melancólico, entristecido, cheio de decepção. Sentia os olhos tristes de meu pai me mirando, esperando alguma resposta, alguma explicação. Apenas queria ir para outro estado e esquecer tudo que vivi aqui; somente os momentos ruins. Tudo que presenciei com a princesa é especial, foi um momento único. E nada nessa vida pode preencher nossa história. Nossos momentos.
- Promete não arrumar mais confusões e estressar a rainha? - meu pai perguntou preocupado. - Yeri, é para seu bem. Eu te amo muito, minha filha, e você sabe que a rainha pode te denunciar para os guardas a qualquer momento. Fique atenta, e não desrespeite as regras da casa. A propósito, se afaste da princesa. Não tenha relações com ela. Por favor. Eu lhe peço, Yeri.
- Posso fazer tudo o que senhor pediu, meu pai. Mas, infelizmente, se afastar de Joy está fora de contexto. Está fora de meu controle. Não posso simplesmente deixa-la. - afirmo honesta. - Apenas posso amenizar nossa amizade.
- Você a estima? - questionou.
- Aaah, papai! Eu a estimo demais! - respondo entusiasmada. - o senhor não sabe o quanto ela me faz bem. Me sinto outra Yerim perto dela. Eu a estimo demais! E nada pode causar o contrário. Nem as supervisões da rainha.
- Compreendo. Entretanto, tome cuidado. - aproximou, pegando minhas mãos. - Agora vá dormir. Está tarde e precisa descansar.
Assenti, recebendo seu beijo na testa. Abracei meu pai bem apertado, querendo transmitir todo meu amor por ele naquele simples abraço.
- Me perdoe por tudo, papai.
•
Passei pelos corredores com pouca iluminação, levando comigo uma vela. Passo pelo quarto de pintura da princesa. A fenda da porta entreaberta saia uma parca luz. Supus imediatamente que ela estivesse pintando. Decido entrar, sem fazer muito barulho. Joy pintava algo enquanto cantarolava alguma música que aprendera. Deixei a vela na comôda próxima, aproximando dela. Fitando o quatro inacabado. O esboço do desenho parecia bonito e agradável. Percebi que ela desenhava uma pessoa.
- Senhor seu pai brigou muito? - perguntou, me olhando por cima do ombro. Sem deixar de pincelar o quadro.
- Não. Não foi um dos melhores sermões, mas não foi tão assustador como imaginara. Papai tem muito o que fazer. Eu deveria parar de chateá-lo. - explico, mexendo na paleta de cores.
- Você precisa relaxar, Yerim. - Joy disse, descansando o pincel na mesinha e me fitando. - Acredito que nesse horário a taberna esteja aberta.
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;; kingdom come | joy+ri [red velvet]
FanfictionSéculo 18, onde as pessoas são reservadas e selam por suas reputações. A qual amar diferente é crime. Após ser feita de chacotas, Yerim se ver perdida quando se descobre homossexual e acaba se apaixonando pela amiga, que a traí espalhando seu segred...