시원한 세상

99 15 17
                                    

KC - 33

Com nossas respirações regularizadas, ficamos em silêncio. Apenas o som do vento lá fora, as flores das árvores se mexendo freneticamente. Acariciava a cabeça de Joy, fazendo círculos imaginários, pensando na nossa noite. De como fizemos amor tão perfeitamente e sincronizado. Joy também fazia carícias em mim, as pontinhas de seus dedos subindo e descendo por meu braço. Fechei meus olhos, sorrindo feliz. Por um momento, tive a sensação de ser feliz.

— Você gostou? – me perguntou de repente, levantando a cabeça para me olhar.

— A senhorita tem um extraordinário conhecimento em levar uma dama ao prazer desconhecido, devo afirmar. Foi mais do que bom, foi maravilhoso, algo de outro mundo! – soltei um suspiro, minha mente vagando e mentalizando nossos corpo se mexendo, como algumas horas atrás – Joy, você é simplesmente maravilhosa, de fato. Você me levou para um outro mundo. Nunca me senti como horas atrás. Você me completa, simplesmente.

— Quanto romantismo de sua parte. – ela riu, subindo um pouco, ficando em minha altura. Olhou em meus olhos – Eu amei a forma que fizemos amor. Realmente foi algo de outro mundo. Você me tirou da realidade por um momento, mas ao mesmo tempo era tão real quanto. Eu te amo muito. Só tenho que lhe agradecer pelas sensações que me causo.

Ela beijou-me demoradamente.

— Nós não deveríamos ter esperado a noite de núpcias? – indaguei brincalhona.

— De fato... contudo, confesse que foi melhor assim. Aliás, podemos ter muitas noites de núpcias. – ela disse, logo me fitando de forma lasciva. – e garanto que está será as das melhores.

Admito que fiquei com vergonha quando ela disse aquele flerte. Cobri meu rosto com o lenço, totalmente corada.

— Não diga isso. Você deixa meus pensamentos uma loucura. Fico apenas imaginando como seria, e sempre você supera minhas expectativas. Me sinto um pouco frustrada, confesso. – retruco sincera.

— Eu supero suas expectativas? – perguntou, mordendo o lábio, roçando seu nariz no meu – Isso é inovador. Sinto-me honrada em saber. – fez uma longa pausa, antes de dirigi-me o olhar curioso. Contraiu os lábios antes de perguntar: – Hoje cedo você me disse sobre sua mãe... sem querer ser indelicada, poderia me contar mais sobre ela? Subitamente senti curiosidade sobre... sobre ela.

Ela pegou-me desprevenida. A princípio fiquei meio desnorteada. Nunca falei sobre minha mãe com outras pessoas, meu pai era uma exceção mínima, era difícil falarmos sobre ela. Eu evitava a todo custo. Falar dela era bom, importante, mas ao mesmo tempo era ruim e impotente. Engoli em seco. Não queria ser rude com Joy e negar um pedido inocente dela. Era todo direito dela saber um pouco sobre minha vida e de quem fez parte dela.

Afinal, eu havia anunciado minha mãe.

Tomei coragem da qual mais precisava. Demorei longos minutos para respirar fundo e começar a contar. Segurei minha voz trêmula e minhas lágrimas intrusas. Não queria mostrar meu lado fraco para Sooyoung.

— Mamãe era uma pessoa incrível. Eu e papai a amava. Fazia de tudo para nos manter feliz e unidos. Faz tanta falta sua presença. Parece que depois de sua morte papai ficou mais destabilizado. Foi os piores anos de nossas vidas. O vício de papai nas bebidas, a forma como ele enxergava o mundo, seu ódio por Deus e todos. Papai chegou num momento inerte, que vivia entre a bebida, a dor e o sono. Estava tão desolado que chegou a mim culpar, se isolar do mundo e recusar ajuda... eu passei tanta dificuldade para o manter estável. – explico, mesmo que não fosse o que ela perguntou. Esperei que ela perguntasse de como minha mãe morreu, mas não veio. Então, apenas continue:

— Foi no ano de 1842, tinha quatorze anos, mamãe pegou uma pneumonia muito grave e em estágio avançado. Não tínhamos condições para pagar médicos, portanto conseguimos que ela fosse examinada e medicada com valores acessíveis. Contudo ela tinha pouco tempo de vida. Foi uma das piores notícias que recebemos. – engoli minhas lágrimas – mamãe era muito jovem para morrer, mas o doutor nada podia fazer, a menos que amenizar a dor que mamãe sentia. Foi a qual papai começou a nos abandonar e deixá-la sozinha, começou a frequentar a taberna, procurando novos "amores"... novos prazeres para saciar sua carne. Ela só precisava de sua companhia e atenção. Somente do seu amor e carinho... talvez assim ela pudesse ficar boa logo... Mas eu soube que pneumonia não havia cura. Ela começou a piorar, a febre não baixava, as tosses ficavam mais intensas e sucessivas, seguidas de sangue... e por fim ela se despediu, dizendo que seu peito doía de todas as formas... parecia que sabia de sua morte iminente.

— É por isso que não gosta de tabernas e me contou tudo aquilo? – Joy perguntou, preocupada.

— Decerto que sim. – confirmo, brincando com seus dedos. – Papai deixou mamãe quando ela mais precisava. E depois de sua morte só foi piorando. Teve momentos que pensei que ele estivesse levando algumas daquelas damas para casa...

Minha voz falhou no momento. Funguei, enxaguando algumas lágrimas que caíra.

— Mamãe era uma pessoa incrível de bom coração. Muitíssima modesta e humilde. Contava-me histórias lindas, fazia-me ter esperanças no futuro. Além de cantar e tocar instrumentos perfeitamente. Viera de Seul, uma família muito rica. Fazendeiros. Porém eles eram contra o romance dela e do papai, por ele ser plebeu. Mas ela destruiu os obstáculos e fugiu, casando-se aqui.

— Um romance proibido. – Joy murmurou pensativa – Me lembra uma história semelhante...

— Seria a nossa? – perguntei retoricamente. – De fato, é como nós.

— Queria ter a conhecido. Creio que ela nos apoiaria.

— Ou ficaria triste...

— Jamais! Pelo que me conta sua mãe te amava demasiadamente. Jamais ficaria contra a você. – ela ponderou, ficando de frente para mim. Cobriu os seios com o lençol. – Yerim, você acredita em Deus?

Não compreendi a princípio sua pergunta. Pensei por um grande momento. Eu acreditava? De certo, sim. Mamãe sempre falava sobre Deus e Jesus, mesmo que eu não frequentasse as missas. Entretanto, mamãe falava de maneira diferente sobre eles, com um brilho no olhar e um sorriso indecifrável. Ela me dizia que somente Ele pode mudar o mundo.

— Decerto que sim.

– Você não acha que ele é injusto com algumas pessoas? – ela me olhou séria.

— Você acha?

— Decerto que sim. Ele está sendo injusto conosco agora mesmo, nesse exato momento. – ela contou veemente, parecia convicta. – Ele que diz que não podemos amar abertamente. Que somente homens podem amar mulheres e vice versa.

— Ele não nos condenaria por amar. Ele mesmo diz para amarmos um aos outros. Creio que são as pessoas que interpretam errado a mensagem que ele tenta passar. Ele ama a todos, mesmo com todos os pecados. Não nos condenará quando estamos o obedecendo. – explico, da forma que achava.

Joy não me respondeu de imediato, parecia pensar e digerir o que dizia.

— Conversei com o padre sobre... ele me disse uma passagem da bíblia. Um completo dissimulado! – reclamou, parecendo lembrar-se do dia. – Eu fiquei com tanta raiva que poderia ter o enforcado. Ele me explicara que Deus jamais perdoaria quem cometesse sodomia. O mesmo com ninfomania feminina. Eu não acredito em Deus. Não creio que ele possa ter nos criado para sofremos... não creio que fomos feitos para seguir regras que diz respeito somente a nós. Não creio que ele nos fez para ter os justos e injustos.

Fiquei em silêncio, as palavras de Joy passeando em minha mente. Ela me olhou esperando uma resposta, mas eu não tinha o que responder. Ela suspiro cansada, deitando-se novamente em meu peito. Fiz o mesmo, me acomodando melhor na cama. Abracei o corpo quentinho de Joy, vagando minha mente em algo incógnito.






// sou neutra quanto a isso. coloquei minhas duas visões sobre, já que frequentei a igreja por muito tempo por causa da minha mãe. nenhuma está certa. mas esse cap é importante para o último. espero que tenham gostado ❤️

;; kingdom come | joy+ri [red velvet]Onde histórias criam vida. Descubra agora