Parte II
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- Oi riqueza de mamãe. – acordo Noah, aplicando-lhe beijinhos suaves no rosto.
Montei todo o seu enxoval na minha ex biblioteca/escritório. Ele acha esse termo infantil, mas não me importo.
Seu quarto é muito bem equipado... com brinquedos, bolas, bonecos e bonecas, ursos de pelúcia, pôsters de todos os desenhos e animes que marcaram a minha infância e que ele aprendeu a gostar, mas o que ele insiste em dizer designer de interiores eu continuo chamando de enxoval mesmo. É nossa atividade favorita, decorar e redecorar o quarto.
Fico observando-o enquanto resmunga, lindo como o pai. Idêntico. Chega a ser injusto carregarmos um ser nove meses no ventre e ele nascer um clone do progenitor: Os olhos cinza, pele cor de tamarindo, sobrancelhas grossas e arqueadas, se o corte de cabelo for igual, não há um no bairro que não o compare ao pai. O que ele detesta, diga-se de passagem.
A única coisa que ele puxou da minha pessoa foi o sorriso. Que sorriso. Que narizinho. A perfeição tem nome e sobrenome: Noah Pereira.
- Ah, mãe, é meu aniversário. Só mais um pouquinho. – resmunga.
Meu filho sempre levanta de prontidão, raramente se queixa e por isso, não deixo de estranhar um pouco.
- Filho, mamãe preparou um super café da manhã pra você, não vai querer, tem certeza? – barganho.
- Ahim mãe, não podemos deixar para outro dia?
- Se você quiser comemorar seu aniversário, QUE É ANUAL, outro dia, não vou me opor. Juro. Mas diz pra mamãe porque não quer se levantar.
Chego mais perto e percebo que está um pouco mais quente que o habitual.
Quando apliquei os beijinhos, pareceu que estava morninho porque ficou a noite inteira debaixo do edredom, mas agora parece quase febril.
- Vamos, filho. Um pouquinho de iorgut e um banho gelado vai te fazer se sentir maravilhosamente bem, prometo.
Nada.
Como a boa mãe desesperada que sou, corro na bolsa e pego o telefone do pediatra.
Sei que isso é patético, mas sou uma mãe de primeira viagem. Que não teve muita experiência para saber o que fazer em momento como esses.
Noah é quase indestrutível.
Ligo para o doutor que atende ao primeiro toque.
- Dr. Henrique. Quem é?
- Bom dia, dr. É a Luna. Eu estive em sua clínica há alguns anos. Sei que não deve se lembrar, mas meu filho teve intoxicação alimentar e eu até confirmei com o senhor que ele não costumava ficar doente. Sabe? Eu estava louca de pavor no dia.
- É claro que eu lembro.
- É que ele acordou queimando em febre e eu não consigo fazê-lo comer ou se levantar.
- Ele está vomitando ou com dores em alguma parte do corpo em especial?
- Não.
- Deve ser uma breve indisposição, apenas. Uma boa vitamina deve resolver.
- É que hoje é aniversário dele, não acha melhor examiná-lo? Posso leva-lo até o senhor.
- Hoje estou de folga. Me passe sua localização e vejo se poderei ir até vocês.
Não penso duas vezes, passo o endereço completo e, imediatamente ele se prontifica a comparecer.
Sua residência fica cerca de 40 minutos daqui.
Fico um tempo com o telefone nas mãos e, em seguida, volto a atenção para Noah.
- Filho, você prometeu aos seus amiguinhos que levaria lanche e entregaria sua bike hoje. Não gostaria de se esforçar um cadinho mais? – insisto.
- Tudo bem, estou tão cansado, mas acho que vou melhorar depois de um banho. – diz já levantando-se.
O ajudo a entrar no banheiro e enquanto toma banho, levo seu café da manhã para a mesa na cozinha.
Quando Noah termina de se arrumar e tomar seu café, já vejo a cor em sua face, antes ausente, voltar ao normal.
Ouço a campainha tocar e corro para abrir o portão.
- Oi, Dr. Henrique. Nem sei como agradecê-lo. Temo que tenha sido um pouco exagerada e meu filho já esteja passando bem.
- Uma mãe nunca é exagerada nos cuidados ao filho.
Convido-o a entrar e percebo que ainda estou, praticamente, de camisola. Não me recordava do pediatra ser tão lindo, pois quando o vi pela primeira vez eu estava completamente desesperada, caso contrário, não passaria despercebido.
Alto, provavelmente 1,88m, bronzeado, cabelos curtos, loiros, olhos de um castanho esverdeados quase perfeitos.
O homem é praticamente um Apolo e eu, com o cabelo preso num coque alto, de blusão sem sutiã e shorts quase tão largos quanto um bermudão, pareço uma boa mendiga.
Somando tudo ao óculos. Bom, ainda bem que é só um pediatra e, portanto, só avaliará meu filho. Que, por sinal, está impecável.
- Bom, cadê o garotão dessa casa? – pergunta entrando em minha residência.
Antes que Noah apareca, esclareço como acordou, passo os detalhes do que fez nos últimos dias e o que estava programado para fazermos hoje.
Ele pede um segundo para conversar com meu filho em particular, após uma breve constatação de que a febre já havia passado e eu permito.
Como a boa mãe enfadonha que eu sou, fui à varanda e comecei a molhar as plantinhas de uma posição em que me permitia livre acesso ao que estava acontecendo na sala.
Não deixaria meu filho sob a tutela de um estranho sem minha supervisão nem a pau.
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TOSS
Romance📚 Uma mulher altruísta, dedicada e independente se vê apaixonada por um homem com sonhos que não a incluem e tem que tomar uma decisão importante para que a vida de ambos não sejam sugadas pela imprevisibilidade do amanhã. ⚽️