TOSS

Gêmeos

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Rafael

A imprensa já está em peso na entrada da clínica, porém consigo passar sem problemas.

Ao meio dia entro no hospital e sou direcionado à sala de espera onde encontro Diana e dona Madalena.

- O que aconteceu? – pergunto angustiado.

- Ele bateu com o carro, estava bêbado, Rafa. – diz mamãe.

- Ele estava puto e eu não consegui segurá-lo, ele disse que ia resolver tudo e eu não fiz nada para impedi-lo. – diz Diana em prantos.

- Não foi sua culpa. – me aproximo e abraço-a. Ela retribui e chora em meu peito.

- Foi sim. – sussurra contra minha camisa.

- Filha, não seja tão cruel consigo mesma. Sabemos que Juan é impulsivo e faz o que quer. Quando quer.

- Como ele está, mãe? – pergunto.

- Ele está bem. Os médicos disseram que não corre perigo de vida. Também não se contundiu.

- Viu? – tento acalmar Diana. – Está tudo bem. E outra, a culpa é tão minha quanto sua. – confesso.

- Como assim? – Diana se afasta e limpa as lágrimas.

- Hoje mais cedo ele foi lá em casa, deixou esse presentinho no meu rosto e saiu correndo. Tentei coloca-lo num UBER, mas ele disse que iria acionar o aplicativo por conta própria. Eu, idiota, acreditei. – completo.

- Como você não suspeitou, Rafa? – pergunta transferindo sua frustração para mim.

- Eu sei que ele é seu irmão e que o ama, mas essa não é a hora e nem o lugar para caçarmos bruxa. E se, de fato, existir uma bruxa, ela está lá no quarto. Espero que assustada o suficiente para não fazer essa idiotice de novo.

- Não seja cruel com ela, meu filho. Só está chateada com tudo que está acontecendo.

- Eu também estou, mãe. Se o acidente não foi grave, por que ele ainda está internado?

- Estão fazendo alguns exames, o air bag foi acionado e ele tomou uma porrada na cara. Vocês serão suspensos por um bom tempo do time. Estão com uma cara horrível. – diz sorrindo.

Eu a abraço e digo que tudo vai ficar bem.  Pouco depois o médico autoriza a entrada de dona Madalena no quarto de Juan.

Ela é tão guerreira. Vir para um país que não conhece com os dois filhos e nada mais, não é para qualquer um.
Sinto orgulho por fazer parte de sua família.

- Eu estava sendo dramática, me desculpe. – fala Diana, se reaproximando.

- Relaxa, loira. Eu também fiquei louco quando descobri do acidente. – digo dando um aperto nela e beijando o topo de sua cabeça.

- Esse acidente foi bom, de certa forma, para revermos nosso conceito. – olho em seus olhos.

- Como assim?

- Eu me senti culpada por tê-lo deixado ir, mas minha mãe, você sabe, ela dá uns conselhos e uns puxões de orelha que se você não absorver, morre ignorante.

- E você, como a pessoa maravilhosa que é, preferiu absorver. - pisco para ela. - Me diz o que dona Madalena falou para apaziguá-la e fazer com que tirasse algo de bom desse terrível acidente. – digo, sorrindo.

- Seu sorriso é um dos mais lindos que já vi, mas não é o mais lindo que já vi.

- Foi isso que ela disse?