Prós e Contras

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Rafael

- Oi, Luna, quer me contar alguma coisa? - arqueio a sobrancelha e dou o sorriso de canto mais presunçoso que consigo.

- Filho, vai brincar com seus amigos. Está todo mundo aproveitando os jogadores. Tio Juan está no comando. - ela pede à Noah, praticamente como se eu não existisse.

- Não mesmo. MEU FILHO VAI FICAR COMIGO. - rujo, substituindo o sorriso por uma expressão mais carrancuda.

- Por favor, Rafa. - ela repara em minha mudança de humor e tenta apaziguar com um sorriso nervoso. - Filho, vai lá. - dirige o sorriso ao garoto.

- Pai, eu não vou sumir, vou ficar com tio Juan. Relaxa, tá bom? Sem brigas. - implora usando a mesma expressão carrancuda que usei anteriormente.

- Tá bom. - me rendo. - dois minutos e eu vou pegá-lo. - dou-lhe um abraço apertado. Outro abraço apertado.

- Como assim vai pegá-lo? - pergunta Luna indignada e quando o menino se afasta põe as mãos na cintura.

- Oi, Lu. Peguei agua para nós. - Aparece o tal médico do nada. Só o que me faltava.

- Obrigada, Henrique. - O sorriso que antes estava destinado à mim, agora é dele. Isso me irrita.

- Ah, você quer que eu fique? - diz o fulano ao perceber minha presença.

- Ela não precisa de você, cara. Eu vou conversar SOBRE O MEU FILHO com a MINHA MULHER a sós. Pode ir. - tento mostrar indiferença.

- Rafael, eu não me chamo Diana Assis. - ela me repreende. Só compreendi o que eu disse depois de dizer e não me desculparia.

- Você, com certeza, está desenformado, pois ela é MINHA NAMORADA, não é mulher de ninguém e, justamente por ser o pai do filho dela, deveria saber disso.

- Acha que bancar o bom samaritano feminista vai fazê-la amá-lo como me ama? - arrisquei, pois nunca tive certeza se o que sentia por ela era correspondido. Talvez bancar o adolescente contrariado e mimado pudesse contar alguns pontos. Não para ela, mas para minha auto estima que não sairia da situação por baixo.

- Henrique, pode ir agora. Fica de olho nas crianças por mim, por favor. - ela lhe dá um beijo no rosto e ele sai, me encarando o tempo todo. Como não tenho maturidade para fazer cara de durão, dou meu famoso sorriso de canto e uma piscadela para alertar que não vou ceder. Luna fica perplexa e me dá um soco no braço.

- Ei, doeu.

- Não o irrite, pois está sendo muito bom para mim e para o seu filho. Isso não é um campeonato, pois não há prêmios para serem disputados então se controle. - ah se ela soubesse.

- Ele te beijou. Eu vi quando estava indo ao restaurante.

- É o que casais fazem, Rafa. Por isso nos deu um bolo, né? Como você está e o que quis dizer com "vou buscá-lo daqui a pouco"?

- Eu tenho tantas coisas para te falar, para explicar, mas parece que não fui o único quem errou, né? - digo me aproximando, nunca senti tanta falta de um cheiro. - Portanto não vou perder meu tempo com desculpas, vou recuperar cada segundo que passei longe do meu filho, começando por esse final de semana. E não ficaria vendo vocês de namorico podendo estar aqui, na minha festa. - concluo.

- Não seja presunçoso, não pode chegar mudando todo o planejamento da vida do meu filho.

- NOSSO! - digo um pouco mais alto do que deveria e me arrependo imediatamente.

- Olha, não é o momento, tá?. Passa mais tarde lá em casa e conversamos sobre tudo que precisamos.

- Eu vou pegar o meu filho.

- Eu não estou o impedindo de ficar com o Noah, Rafa. Só precisamos combinar tudo direitinho. Ele tem sete anos, precisa de tudo esclarecido, nenhuma complicação, uma rotina.

- Você é incrível. Esconde um filho, o MEU FILHO de mim e mesmo assim não consigo sentir raiva das suas indagações. Sem contar que está mais linda do que nunca. - chego mais perto, ela percebe, pois fica vermelha e começa a colocar o cabelo atrás da orelha. - Maravilhosa. A mãe do meu filho. - falar isso em voz alta torna mais real. Nunca estive tanto feliz. Mesmo com todos os contras, os prós valeriam bem mais apena.

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