TOSS

Mãe

📚

Rafael

Enquanto dirijo tento fazer um resumo de tudo que aconteceu hoje. Tenho certeza que esse resumo daria um ótimo filme.

Porém preciso ser justo, pensar em tudo que vivi com Diana e ponderar se o que estou sentindo no momento é auto preservação ou altruísmo e se abrir mão da nossa união vai ajudar em algo.

Tudo é em vão.

Não estou fazendo isso porque estou insatisfeito com meu casamento ou porque quero voltar com a Luna de qualquer maneira ou pelo meu filho, faço isso por mim, pois quero ser leal à mim mesmo.

Não consigo chegar à um consenso.

É muito tarde e a rua está deserta. Mesmo assim preciso ir à comunidade pegar minha esposa.

Se eu não conseguir colocar tudo o que estou sentindo para fora, morrerei sufocado. Essa sensação é agonizante.

Enquanto estaciono o carro, tento manter a compostura, não parecer muito ansioso, pois não quero Juan enchendo a droga do saco antes deu me resolver com Diana.

Aperto a campainha.

Minha sogra atende.

- Filho, você tem a chave, não sei porque ainda tem essa mania de apertar o interfone.

- A senhora sabe que eu sempre esqueco, mãe.

- Vem, Diana está esperando lá dentro, estamos tomando a sobremesa.

- É, que está tarde. Não quero me demorar, sabe como as ruas podem ser perigosas, né?

- Isso nunca te preocupou, por que agora? - suspira. - Tá bem, vou abrir ou portão.

- É melhor eu entrar, também não quero apressá-la, não é mesmo? - tento parecer tranquilo.

- Você não consegue me esconder nada. Diz o que está acontecendo, querido?. - exige quando abre o portão. Eu entro e o encosto com o pé. Ela cruza o braço ao meu e caminhamos lado a lado.

- Nada, é o estresse da reestreia apenas e uma coisa do passado que ressurgiu. Prometo ajeitar as coisas.

- Eu confio que você vai tentar, mas não acredito que tudo dará certo para todos. Algumas pessoas se machucam quando estão no caminho de quem quer ser, verdadeiramente, feliz.

- A senhora sempre tem razão. - digo beijando-lhe a cabeça.

- Só espero que essa pessoa não seja minha filha.

- A senhora pode ter certeza que eu sempre respeitare e tratarei a Dai como uma princesa.

- Eu não duvido disso meu filho, mas o amor é diferente. É avassalador. Eu não o vejo com essa expressão há 8 anos. Você sempre foi maravilho com a Diana. Sempre. Eu não tenho do que reclamar, mas nunca a amou como ela merece.

- Eu sinto tanto por isso. - começo a chorar. A quem eu estava enganando todo esse tempo? As lágrimas são rapidamente substituídas por obstinação. Agora, mais que nunca preciso resolver essa situação.

- Não sinta. Apenas aja com cautela e determinação. Minha filha é mais forte do que pensa, Rafael. Seja sincero e os dois serão felizes.

- Como a senhora sabe de todas essas coisas? - pergunto sentando na cadeira próxima à churrasqueira do extenso quintal dos Macuello.

- Eu sei de tudo. Eu sei que tem um menino. Nessa favela as fofocas voam como um foguete. Independente de tudo que possa acontecer, sempre poderá contar comigo. Você sabe?

- Eu sei.

- Vou buscar Diana. Para sua sorte, Juan foi festejar numa balada qualquer por aí. Ele está impossível desde que chegou. Não percebeu a aflição da irmã, para sua sorte. Tenha uma boa noite, meu filho.

- Obrigada, mãe. Boa noite. Limpo as lágrimas de aflição.

- Seja gentil com ela. - pede antes de se virar.

- Sempre. - prometo.

Alguns minutos se passam e Diana aparece, minha sogra já se recolheu.

- Tudo que disseram é verdade? - ela pergunta.

- Podemos conversar em casa? - sugiro.

- Eu só preciso saber, Rafa. - me implora.

- Eu não sei o que disseram, Dai, por favor, vamos embora.

Ela volta para dentro da casa da mãe, pega a bolsa e caminha em direção ao carro sem dizer mais uma palavra se quer.

Durante todo o percurso mantemos o silêncio, mas ele é quebrado assim que abrimos a porta do apartamento aconchegante, branco e monótono em que vivemos, ela joga a bolsa no sofá e se adianta:

- Pronto, me explique tudo. - ordena.

Continua...

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