Sin Spalda

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Algo dentro de mim insiste em se regozijar pelo que acabou de acontecer, sinceramente eu não sei o que tem na minha cabeça para agir desse jeito.

Cometer o erro uma vez: legal. Show. A experiência será levada em consideração em momentos futuros.

Cometer o mesmo erro duas vezes: burrice, burrice, burrice.

Pior: E se eu agi conscientemente?

E se eu soubesse que era exatamente isso que iria acontecer e mesmo assim eu quisesse?

Eu sou mais patética do que pensava.
Mereço tudo o que está acontecendo. Meu filho que não merece, mas eu sim, contudo minhas atitudes imprudentes só prejudicam a ele, infelizmente.

Preciso tomar uma decisão, dar uma guinada na minha vida.

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Chego em casa e coloco as chaves em cima do livreiro perto da porta.

- Já chegou, mãe? - pergunta Noah.

- Pensei que estivesse com meu padrinho.

- Ele viu que a senhora estava entrando então me deixou vir pela entrada dos fundos.

- Pensei que tivesse medo de passar naquele beco sozinho.

- Ah, mãe ainda é de tarde, está claro e, sou quase um homem.

- Claro que é. – digo me aproximado e beijado sua testa.

- Mãe, a senhora foi na rua de pijama? - meio que exclama indignado.

- Éh, éh, mamãe precisa de um banho, enquanto isso, poderia ver o que temos para almoçar, por favor?

- Claro. Congelados de novo? - pergunta. - Ainda bem que comi na casa do vovô. – resmunga. Meu filho se refere ao meu padrinho e seu parceiro como avós.

- Sorte a sua. Você sabe que não gosto e não sei cozinhar.

- Sei sim. - confirma. - Papai disse que é um ótimo cozinheiro. - resmunga novamente.

- Ah, ele é muito bom mesmo.

- Temos lasanha. Vou colocar no micro-ondas enquanto a senhora toma seu banho. Quando terminar, quero saber de tudo que a senhora sabe sobre meu pai, tá? Eu não sei de muita coisa. - diz num rompante. Fico incomodada, pois sei que também não conheço muito bem Rafael.

- Pode deixar, reizinho. - digo.

- Mãe?

- Oi?

- Te amo.

- Eu te amo muito mais.

- A senhora sempre diz isso.

- E é a mais pura verdade. – beijo sua testa novamente e me dirijo ao banheiro.

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Cerca de duas horas depois recebo uma ligação de Henrique, prefiro marcar um encontro pessoalmente para explicar tudo o que tem acontecido entre mim e Rafael.

Preciso saber se nossa amizade resistirá a isso e se podemos manter contato, pois ele tem me ajudado muito ao longo dessas semanas e sinto que devo um esclarecimento.

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Essa semana foi muito calma, passou como um foguete.

Rafael foi pegar Noah na escola algumas vezes, conversou com a professora sobre o evento do dia dos pais, alterou seu nome no registro, tudo na mais perfeita harmonia.

Ele respeitou todas as minhas regras e tem sido cordial. Cordial até demais.

Henrique tem ligado todos os dias e eu comunico tudo que tem acontecido, mais tarde nos encontraremos para decidirmos o rumo de nossa relação.

Mesmo que nada de ruim tenha acontecido, chego do trabalho com um pressentimento não muito bom, uma angustia crescente no peito.

- Aconteceu alguma coisa? – pergunta Rafael, na minha cozinha.

- Não. Está aqui há muito tempo? - quero saber.

- Desde que trouxe Noah da escola, apenas. Ficamos brincando e acabei perdendo a hora.

- Tudo bem. Está fazendo o que de bom aí? – sinto o ar inundar meu nariz  com o aroma de sua comida.

- Feijão tropeiro.

- Hum. - comento frustrada, pois sei que precisarei sair daqui a pouco.

- Cadê Noah?

- Pediu um tempo para o dever de casa.

- Rafa, você está muito presente essa semana. Aconteceu alguma coisa? – pergunto.

- Nada demais. O diretor pediu para eu e Juan ficarmos em casa até o rosto melhorar. Não quer que nosso rosto quebrado afete a imagem do clube.

- É uma suspensão.

- Não é uma suspensão.

- Vão receber?

- Não.

- Logo...

- É uma suspensão. – admite.

- Vou tomar um banho rapidinho. – digo como se ele pudesse sumir enquanto eu estivesse no banheiro e me arrependo instantaneamente.

- Ok.

Não sei por qual motivo me aproximo e beijo seu ombro. Ele se encolhe, porém sinto que é apenas de surpresa.

Afasto-me e caminho em direção ao quarto do meu filho.

Quando entro, beijo-o rapidamente para não tirar-lhe a concentração e saio do recinto.

Escolho um vestido sin espalda branco até os joelhos para substituir o traje social do trabalho e vou cuidar da minha higiene pessoal.


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