Panquecas

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Acordo e tomo um susto ao notar que Rafael já não está mais na cama.

Levanto, faço um coque simples no cabelo e tento aliviar a cara amassada.

Sei que ele não consegue ficar entre lençoes e não gosta de me acordar, então quando desperta, apenas sai de fininho. Um hábito que aprendo a tolerar.

Assim que entro no banheiro sinto o cheiro de panquecas. Não devo comer panquecas há um bom tempo, isso me anima.

Tomo um banho rápido e coloco uma roupa leve. Consegui um atestado recheado e pretendo fazer valer cada segundo.

Sento no balcão e observo meu jogador de futebol fazendo panquecas recheadas com Nutella.

Nunca foi meu forte misturar doce com salgado, mas dou uma chance, afinal, trata-se de um master chef de alta estirpe.

Vejo que Rafa está concentrado no café da manhã, beijo seu ombro e vou ao quarto de Noah para acorda-lo.

- Só mais um pouquinho, mãe. - resmunga se debatendo na cama.

- Você precisa ir para a escola. - aviso acariciando suas costas.

- Mais 5 minutinhos e eu levanto. Prometo. - como virou rotina, o deixo cochilar mais um pouco com a responsabilidade de despertar sozinho em alguns minutos.

Volto para a sala e Rafa já está passando o café.

- Você não tem jogo hoje? - pergunto. Lentamente ele se aproxima e coloca os braços ao redor da minha cintura.

- Nós combinamos de ir prestar queixa depois de deixarmos o Noah na escola. - diz, beijando minhas pálpebras.

Acho o gesto carinhoso então supremo minha irritação pelo seu jeito inquisitivo de me lembrar sobre a denúncia.

- O clube deixa você fazer o que quer.

- Porque dou conta dentro de campo e cuido da minha saúde e contrato.

- Não tem um empresário? - tento mudar de assunto.

- Eu e Juan cuidamos de tudo, inclusive da parte do marketing, optamos por isso quando tivemos um problema anos atrás. Juan é formado em administração e eu em publicidade. - enquanto beija minhas bochechas, continua. - Dai é advogada, então decidimos que um empresário seria inútil.

- Entendo. - digo, simplesmente, esquecendo do meu objetivo inicial.

- Ei, minha cheirosa, está tentando me desviar do foco? - pergunta semicerrando os olhos. Tão próximo que se chegar uns 3 centímetros mais perto nossos narizes se encostam.

- Claro que não. - confesso desviando o olhar para a porta do quarto do Noah. - Se eu disse que iria prestar queixa, eu o farei. - completo.

- Então vai lá buscar nosso guri, se não as panquecas esfriam. - comenta Rafa dando uma piscadela. - As doces não são muito boas quando geladas.

- Tudo bem. - Mas antes que eu possa cruzar a cozinha em direção ao corredor, meu filho, ainda sonolento abre a porta e caminha em direção ao banheiro. Noah toma um banho rápido e coloca o roupão. Uma regra que criei para ele não sujar o uniforme enquanto toma o café da manhã.

- Bom dia, mãe. - diz em minha direção, depois vira para o pai e o cumprimenta. - Bom dia, pai.

- Bom dia, meu amor. - responde Rafa fazendo bagunça no cabelo ainda úmido de nosso filho.

- Bom dia, filho.

- Não acredito que vou comer panquecas no café da manhã! - exclama. - Sabia que seria útil a estada do papai aqui.

- Obrigada pela parte que me toca. - levo a mão ao coração para enfatizar o drama.

- Sem ofensas, mamãe. Mas quando papai vai para o cozinha, a vida faz sentido. - brinca.

- Muito obrigada, garotão, mas você está atrasado. Prometo ensinar sua mãe a fazer coisas gostosas pra você. - sorri para mim. - Principalmente enquanto eu estiver viajando.

- Só faltou bacons.

- Você está muito exigente com seu pai. - comento fazendo carinho em seu ombro. Noah finge não se importar uma vez que sabe da proibição de bacom certas horas.

- Eu só estou brincando, e acho que nem se mamãe fizesse gastro aprenderia a cozinhar.

- Eu não sou valorizada nessa casa. O dia em que eu sair por aquela porta e não voltar mais, você sentirá falta até da minha comida, rapazinho. - faço beicinho, impertigando-me. Noah levanta-se, pois já terminou seu desjejum e me cerca num abraço aconchegante e delicioso. Aproveito o máximo esse momento.

Me arrumo e Rafael lava a louça, poucos minutos depois Noah aparece na sala uniformizado e com mochila nas costas.

Pego alguns documentos e enfio na bolsa, logo em seguida imprimo alguns prints dos pedidos de desculpa de Henrique. Quando tudo está pronto, nós saímos de casa. Prendo Noah na cadeirinha e ele não para de falar um segundo se quer. Está extremamente entusiamos com o evento do dia dos pais.

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