📚
Diana
Mais algumas horas se passam e Henrique retorna com um copo d'água e um pedaço de pão.
- Bem clichê. Se vou ficar aqui à seu bel prazer, poderia trazer ao menos algo que preste para eu comer.
- Você fala como se tivesse no controle aqui. - Ruge. - Eu tenho a arma. Eu tenho as chaves da algema, do quarto, da casa. Eu estou no comando. E ninguém sabe onde diabos você está. - termina com um sorriso macabro. Mal resisto à revirar os olhos.
Um tapa estala minha bochecha esquerda e mal consigo recuperar o fôlego quando percebo o que minha insubordinação causou.
A primeira tática não foi bem aceita e terei que ser mais cuidadosa para não parecer.
- O que você quer que eu diga? - tento alcançar o pão, mas ele pisa. Pego a água e bebo rapidamente. A cede incômoda mais que a fome. - Heim? Vai me prender aqui até eu decidir me juntar à você nessa empreitada? - Capto seus olhos. - Se a barganha para salvar a minha vida envolve separar os pombinhos, eu topo. Mesmo que eu não queira.
- Você acha que me engana? Me trairia na primeira oportunidade. - Ele chega mais perto e me acaricia no ombro. - Você disse que não me ajudaria há algumas horas atrás. Mudaria de ideia tão facilmente? - suas mãos agarram meu pescoço. Primeiro com gentileza, mas a medida que sua respiração vai acelerando, as mãos começam a apertar. - O que mudou?
Nunca senti tanto pânico em minha vida. Ele não tem sentimentos para o qual eu poderia apelar. Minhas mãos alienadas na frente do meu corpo seriam inúteis para lutar pela minha vida com um homem tão mais forte que eu. Nada que eu diga vai matar sua cede de sangue. Ele quer que Luna sofra, mas sei que no caminho, ele não medirá esforços para que outras pessoas tenham o mesmo destino. A lei não importa. Não estou aqui para ajudá-lo a escapar ileso do ordenamento jurídico ou para separar o casal apaixonado. Estou aqui para servir de treinamento para o que ele quer fazer com ela. Um aperitivo. E não posso hesitar. Não posso fazer com que ele se exalte. Eu preciso agir. Pensar.
- O que você quer fazer com ela? - O encaro com cara de nojo. - É isso? Está se preparando? - Cuspo em sua cara. E ele aperta meu pescoço até eu quase não conseguir mais falar. - Assim que meu irmão e o Rafael me acharem, eles irão até você e o colocarão atrás das grades. Você terá que conviver com um bando de criminosos da pior espécie. Fazer amizades. Você: um sociopata. Terá que sobreviver. Eles não vão deixar você se matar e eu espero que nenhum dinheiro te tire daquele lugar. Sentirá o peso de ter atentado contra a vida de uma jurista. Você vai sofrer na cadeia...
Mal termino de falar quando Henrique tira as mãos do meu pescoço e as desce pelo meu corpo, alisando meus seios e barriga. Fico tensa e uma sensação de pânico me invade. Quando o perturbei, a intenção era que ele me esforcasse até eu ficar inconsciente e conseguir alguns minutinhos a mais para meu irmão me encontrar. O sinto perto. Mas não esperaria por isso nem em mil anos. Como a preciosa Luna de Rafael se envolvera com um homem assim?
Henrique começa a subir meu vestido.
Meus músculos se contraem e ele se esbalda com meu olhar assustado. Desesperado.
- O que você pensa que está fazendo? Quer prolongar seus anos na prisão? - tento parecer firme, mas minhas palavras saem engasgadas, cheias de medo.
- O que você acha? Rafael tomou uma coisa de mim. Agora eu vou tomar uma coisa dele..
- Eu não sou mais dele. Seu louco!
Fiz a única coisa que não deveria fazer: chamar um sociopata de louco. Henrique aperta minhas coxas com mais força.
- Não. Não. Não. - minha voz aguda vai diminuindo.
Perco a vontade de implorar.
Ele suspende o vestido.
Suas mãos sujas já estão em mim.
Fecho os olhos.
- Abra. Eu quero ver você me observar enquanto eu faço amor com esse delicioso corpinho.
Me acalmo.
Suspiro.
E quando percebo, Henrique já está de quatro. Bem em cima de mim.
Aproveito a oportunidade e atinjo suas partes íntimas com a joelhada mais potente que poderia dar. É o meu corpo tentando se defender. Caso contrário não assinaria minha própria sentença de morte.
- Sua piranha maldita, vou te matar. - Vocifera rolando pelo quarto. Aproveito sua lamentação e corro para a saída. Esse maldito não me vendou, então sei como sair desse mausoléu, e ainda pude retirar os saltos antes que ele regressasse para me atormentar facilitando minha fuga.
- Volte aqui.
A voz dele ecoa pelo corredor enquanto eu desço as escadas correndo.
Ele não seria louco de me trazer para sua própria residência, já que não fez questão de esconder que havia me raptado. Não faço ideia de que lugar é esse, mas parece uma mansão abandonada.
Quando cheguei, memorizei esse lugar como se minha vida dependesse disso e agora, ela depende.
Pego o soquete que vi próximo a pia e corro para a porta dos fundos, a mais fácil de quebrar. Quando esse maldito descer as escadas, vai em direção à porta da frente.
Sinto ele se aproximar lentamente e me apresso. Dou três porradas fortes e concisas na fechadura que quebra simultaneamente.
Quando ele percebe o meu plano, para de se rastejar com sorriso presunçoso e assume uma expressão voraz e medonha.
Assim que eu consigo abrir a porta eu saio correndo e gritando por socorro. Eu grito até me faltar o ar. Não o vejo mais atrás de mim. Talvez tenha se tocado que em breve alguém vai aparecer para me ajudar.
Dou a volta pela casa. Pelo corredor externo lateral para chegar ao portão da frente. Quando o avisto, algo em mim se acalma.
Quando estou a dois passos de chegar ao portão algo me atinge em cheio na cabeça, sangue começa a escorrer pela nuca e eu desmorono à poucos centímetros da fuga.
Consigo tocar o portão com as mãos alienadas e sinto alguém levantar meu vestido.
Ele está atrás de mim, em cima de mim, por todo lado.
Me sinto sufocada pelo choro retido.
A angústia só cresce devido às lágrimas não derramadas.
Ouço o barulho do zíper dele se abrindo e da grama se moldando ao nosso redor para captar dois corpos.
Folhas secas se quebram quando ele se abaixa, minhas nadegas já nuas e minha calcinha rasgada.
- Agora você vai sentir o que a Luna recusou.
Pela primeira vez me sinto sem esperança.
Preferiria que ele tivesse me matado.
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TOSS
Roman d'amour📚 Uma mulher altruísta, dedicada e independente se vê apaixonada por um homem com sonhos que não a incluem e tem que tomar uma decisão importante para que a vida de ambos não sejam sugadas pela imprevisibilidade do amanhã. ⚽️