ANO 2033

Férias de verão

Férias de verão

19-07-2025

— Ei Tob, são cinco horas. — Chamou meu pai.

Apenas duas pessoas me chamavam de Tob no mundo, meu pai e meu avô. Minha mãe odiava que me chamassem assim quando eu era criança. Tobias é um nome hebraico que significa, 'agradável a Deus'. Minha mãe havia escolhido meu nome como se aquilo de alguma forma fosse responsável pelo meu caráter. Ela não era judia, nem meu pai, ela era uma cristã protestante, enquanto meu pai evitava religiões de todos os tipos. Mas aquilo não pareceu ser um empecilho para a escolha de meu nome de cunho religioso e seu significado só dava forças a minha mãe para ficar brava com qualquer um que tentasse impor um apelido a mim. Mas ela havia falecido a dois meses em um acidente de carro e seria difícil ela brigar com meu pai por estar me chamando assim enquanto me acordava as cinco horas da manhã para mais uma corrida de bicicleta até Prince William Forest Park. Era uma corrida de quase sessenta quilômetros e que não ficaria mais agradável após chegar lá.

Eram férias de verão e enquanto alguns alunos dormiam até mais tarde, alguns outros trabalhavam com os pais para ganhar um dinheiro extra, alguns poucos tiravam férias na Europa ou Califórnia ou pelo menos iam para casa dos avós no interior do país. Com toda certeza eu era o único aluno da Paul Public Charter School a acordar as cinco horas da manhã para fazer uma corrida de quase sessenta quilômetros com o pai.

É claro que eu queria passar mais tempo com ele, principalmente após a morte de minha mãe, mas uma corrida de sessenta quilômetros não parecia ser a forma ideal de fazer aquilo. Em alguns momentos ele parecia empenhado em passar o maior tempo possível comigo e me ensinar o que soubesse sobre sobrevivência como se minha vida fosse depender daquilo e não de uma faculdade como todos os pais comuns.

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Anos antes, durante a minha adolescência passei todas as minhas férias de verão com meu pai no rancho de meus avós, onde aprendi a cavalgar, pescar e plantar árvores e atirar com armas de longo alcance. Mas aquelas novas férias não eram como as férias na casa dos avós.

O Forest Park era um dos maiores parques da região próxima de Washington, e antes daquelas férias, havia estado apenas uma vez com meus pais acampando ali, o que havia sido uma experiência bem diferente, comendo marshmallows e ouvindo meu pai tentar tocar 'Stand by me' no violão mesmo que ele não soubesse tocar nenhum instrumento. Disse na ocasião, enquanto minha mãe ria de sua tentativa falha que havia assistido a aulas no YouTube de como tocar aquela música.

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O trajeto era difícil e bastante movimentado, o que me deixava um pouco assustado quando os caminhões passavam muito próximos das nossas bicicletas na estrada. Meu pai parecia a pessoa mais tranquila de shorts e sua mochila militar as costas, onde levava quase tudo que iriamos precisar para passar o fim de semana. E assim que chegávamos ao parque, ainda andávamos por quase uma hora empurrando as bicicletas pelas trilhas e mata até a margem do lago quatro, as cabines de camping eram logo a frente. O que levava quatro horas e meia todo aquele trajeto até pararmos ali.

E enquanto meu pai montava nossa barraca e preparava uma armadilha para coelhos e esquilos eu ficava encarregado de buscar galhos e folhas secas para fazermos uma fogueira. Não levaria muito tempo para que algum animal ficasse preso em nossa armadilha. Naquela manhã aprendi a como caçar, como destrinchar, como limpar e como cozinhar cada animal que conseguimos. Não era de modo algum uma coisa que me agradava fazer, mas meu pai estava empenhado em me ensinar tudo aquilo e meu primeiro pensamento era que aquilo fosse a forma que ele encontrou de superar o luto. Então tentei aceitar e seguir seus ensinamentos todas aquelas férias.