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Voltei a ligar o carro e arranquei sem esperar que Maisie me dissesse a direção seguir. Ziguezagueei pelas ruas daquele bairro até encontrar a Dundas St.

Durante os 10 minutos seguintes em que estive dirigindo, Maisie não disse uma única palavra. Estava em silêncio com o mapa em seu colo e os olhos presos a nossa frente, ou apenas em alguns respingos de sangue que ainda estavam no para-brisa, bem a altura de seus olhos. Olhei pelo retrovisor e Sara permanecia encolhida, com os pés sobre o banco a abraçar as pernas enquanto Charles mantinha seu braço em volta dela olhar.

Mesmo estando em um carro blindado, aquilo parecia ter sido suficiente para nos deixar ainda mais assustados com o restante daquela viagem. Acelerava com o carro, ultrapassando carros e mais carros abandonados e desviando dos grandes buracos que haviam se formado.

Durante todo nosso trajeto pelas ruas de Toronto e os quilômetros que fizemos pela Bloor, não havíamos passado por uma rua com tantos buracos como a Dundas St.

Por algum motivo, os prédios e casas estavam ainda mais destruídos e os canteiros e jardins das casas daquela via estavam completamente tomados pela destruição e por uma vegetação densa. Em alguns trechos, já não era possível avistar o que estava por trás de todo o mato e musgo que haviam crescido ali. E havíamos acabado de passar pelo Big Al's Aquarium Supercentres quando Maisie pediu que entrasse com o carro em um estacionamento.

- O que quer aqui? – Perguntei diminuindo a velocidade e entrando lentamente no estacionamento do Pavillion Plaza.

- Preciso encontrar uma coisa. – Disse ela.

Apenas a observei levar as mãos à cabeça e esfregar as mãos no rosto, como se de alguma forma aquilo a fizesse acordar.

- Você está bem? – Perguntei.

E aquela pergunta foi como um gatilho para Charles se preocupar novamente com sua irmã.

- Maisie, aconteceu alguma coisa? – Perguntou ele.

- Estou bem. – Respondeu ela ríspida, lançando um olhar para Charles e depois para mim.

Ela tentou abrir o carro, mas as portas estavam trancadas.

- Preciso que abra a porta.

- Onde você vai? – Perguntei.

- Você não pode sair, não é seguro. – Disse Charles.

- Preciso que abra a porta. – Bradou ela.

Levei meu dedo ao botão de destravamento e Charles gritou para que não a deixasse sair.

- Abra a maldita porta. – Gritou ela.

E assim que cliquei no pequeno botão do painel entre os bancos, Maisie pulou para fora do carro. Esticou o corpo e olhou para o céu por um instante, depois levou as mãos ao rosto e tentou respirar, o que parecia ser uma tarefa difícil.

De dentro do carro era possível ver o quanto ela estava mal naquele momento com o que havia acontecido.

- Fique aqui, tome conta de Sara. – Ordenei a Charles antes de abrir a porta e sair do carro. Com as chaves em mãos, tranquei novamente o carro com Charles e Sara ainda ali dentro.

Fiquei do lado do carro com a ZRX em mãos, e apontei para todos os lados a procura de qualquer um que pudesse estar ali por perto. Me aproximei dela ainda apontando com a arma para todos os lados. Maisie estava ofegante, havia levado as mãos aos joelhos e chorava deixando que suas lagrimas pingassem na relva que crescia no cimento partido.

ANO 2033Onde histórias criam vida. Descubra agora