Traumas

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Traumas

23-08-2033

As luzes já haviam sido apagadas a algum tempo, o que parecia ser horas. Charles dormia abraçado a Sara sobre o velho colchão que se encontrava ali.

Haviam nos entregado apenas dois cobertores. Mas era uma noite fria, pouco habitual para o mês de agosto. Mas não era apenas o frio que nos impedia de dormir naquele momento, apesar da aparência de boas pessoas e a convivência pacifica que tínhamos com eles durante esses dias, não passávamos de reféns dentro daquele hospital. Andrew, Hannah, Stweart, Zoey, Farid, Aleyna e todos os outros daquele lugar, nos viam apenas como reféns e não existia forma fácil de sair daquele lugar com nossas coisas.

Já estava sentado com as costas apoiadas na parede atrás de mim a algum tempo, respirava fundo tendo meus pensamentos a me perturbar e não percebi os sons dos passos de Maisie se aproximando de onde eu estava sentado.

Estava muito escuro para enxergar qualquer coisa e me assustei inicialmente com seu toque em minha perna.

— Desculpe, sou eu. — Pronunciou ela.

— Olá, me assustei pela falta de luz. — Disse.

— Podemos conversar. — Perguntou Maisie.

— Sim.

— Queria te pedir desculpa por eu ter nos colocado nessa situação. — Começou ela.

Já estávamos ali a cinco dias, e ainda não tínhamos tido essa conversa, era um assunto que não necessitava encontrar culpados, mas de alguma forma ela parecia se sentir culpada por isso. — Foi ideia minha.

— Por favor, não faça isso. — Pedi levando minha mão a sua perna e a acariciando. — Não se culpe, eu teria sugerido esse lugar se estivesse com o mapa. — Tentei argumentar.

— Não Tob, não teria, você teria sugerido uma casa pequena, térrea, com poucas janelas e árvores cobrindo a entrada. — Disse ela. — Estou a mais de uma hora pensando nisso e sei que você teria feito diferente, teria escolhido uma casa segura e não um prédio como esse.

Ela estava certa, uma casa pequena teria sido minha primeira escolha.

Ela suspirou.

— Também queria lhe pedir desculpas pelo modo que agi durante a viagem, desde o momento em que passamos por aquela mulher. Ela mexeu com as minhas lembranças, e queria me desculpar e poder explicar o que aconteceu.

Agradeci a falta de luz, assim ela não pode enxergar o olhar surpreso que fiz naquele momento.

— Você a conhecia? — Perguntei.

— Não.

— Não consegui tirar isso da cabeça todo aquele dia. A forma que vinha agindo, sua busca por bebida. Imaginei que fosse alguém que conhecesse.

— Não, apenas compreendo a dor dela.

Ela soltou um longo suspiro.

— Você não imagina porque te evitei dentro do bunker logo depois de ter transado com você? — Perguntou ela.

Aquilo me pareceu estranho, e de certa forma algo que ocorrera a tanto tempo. Havia se passado apenas uma semana que tive Maisie nua em meus braços e pensei que a teria assim por muito tempo, mas no dia seguinte ela agia como se aquilo nunca tivesse acontecido.

— Eu te magoei de alguma forma? — Perguntei.

— Não Tob, você foi maravilhoso.

— Você se arrependeu do que fizemos? — Perguntei com a voz a tremular. – Se te fiz alguma coisa, ou se não era aquilo que você queria. Não foi minha intensão.

ANO 2033Onde histórias criam vida. Descubra agora