Hallelujah

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Hallelujah

Quando entrei pela porta da frente, Maisie apontava a AK47 em direção a porta, a abaixou rápido soltando um suspiro.

— Quase atirei em você? — Disse Maisie.

— Não seria a primeira vez. — Respondo.

— Podem sair. — Anunciou ela. O que faz com que Charles e Sara apareçam de trás da bancada da cozinha.

— Onde eles estão? — Pergunta Maisie.

— A caminho, abandonei o carro algumas casas a frente, vão começar a procurar por ali.

Os três me olhavam assustados com a possibilidade de serem pegos por aquela gangue que dominava Yorkdale. Se era mesmo dominada por um homem conhecido como Cão do Leste, não tínhamos como saber e preferíamos nunca ficar sabendo.

Não tinha tempo de os guiar pela casa, não tinha muito o que mostrar além da destruição causada pelas invasões nesses últimos três anos. Caminhei até onde a poucos segundos estavam Charles e Sara e apertei um pequeno interruptor em baixo da bancada e o som característico de algo destrancando surgiu a direita de onde os três se mantinham parados, o que os assustou.

— O que foi isso? — Perguntou Maisie olhando para os lados a procura da origem do som.

— Entrem. — Disse já puxando uma porta falsa que se escondia pelo relevo que havia na parede logo atrás deles.

— Onde vamos? — Perguntou Maisie.

— Para o bunker, e não me lance olhares, foi engraçado no início sua desconfiança.

Ela deu um passo para trás levemente indignada com as minhas palavras.

Charles foi o primeiro, estava curioso para ver o bunker por dentro e com uma determinação em querer se manter vivo. Maisie e Sara o seguiram e por último fui eu puxando a porta para que voltasse a fechar atrás de mim. A garagem era o único cômodo intacto daquela casa.

Eu havia selado a entrada e a porta de acesso a garagem e instalado aquela porta falsa logo após descobrir as cartas de meu pai. a única entrada para a garagem era por aquele interruptor com sensor de impressão de digitais a baixo da bancada, o que me dava um pouco mais de segurança de que não encontrariam aquele lugar com facilidade.

A nossa frente duas grandes capas para automóveis protegiam o Mustang Boss 302, 1970 do meu pai e um Hyundai Nexo, modelo 2026 já preparado para o que poderíamos enfrentar dali para a frente e que eu havia comprado com a venda do avião bimotor da minha mãe.

Charles e Maisie colocaram todas as coisas que vinham carregando ao lado de uma das caixas de ferramentas. Pareciam aturdidos em ver aquele cômodo em tão boas condições. Sara observava tudo atenta com seus pequenos olhinhos castanhos aqueles dois carros em ótimo estado ainda abaixo de suas capas. As prateleiras ainda cheias de coisas por todos os lados, ferramentas, machados, duas bicicletas presas aos suportes no teto, varas de pescar, latas de tintas, cavaletes, quadros pintados pela minha mãe e caixotes cheios de documentos que já eram obsoletos, potes para parafusos, porcas, pregos, varias lanternas, uma caixa cheia de lâmpadas e outra ainda mais cheia de pilhas, sobre uma prateleira, uma caixa de livros, algumas garrafas de vinho, um cooler para camping, barra e sacos de dormir e na parte mais alta das prateleiras, rolos e rolos de papel higiênico empilhados sobre uma prateleira mais alta do armário de aço na parede a esquerda deles. Tudo intacto, nem mesmo poeira parecia ser algo que se acumulava ali.

— Venham. — Chamei. O papel de parede da Alice no país das maravilhas já não existia, em seu lugar, apenas prateleiras de madeira e um papel de parede em listras na vertical disfarçavam a entrada do bunker. Fui até a parede e a pressionei fazendo uma nova porta se abrir. — É aqui. — Informei.

ANO 2033Onde histórias criam vida. Descubra agora