Sangue no para-brisa

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Sangue no para-brisa

Maisie voltou a estudar o mapa e me mostrou exatamente onde estávamos, e explicou nosso plano inicial, e de onde estávamos, era um percurso de apenas três quilômetros até a via expressa. Mas quanto mais nos aproximávamos daquela casa, mais carros víamos pelo caminho, e enquanto estivemos ali, Maisie pensou na possibilidade de seguirmos pela Bloor, era um percurso 6 vezes maior, cerca de 18 quilômetros até Brentwood Park, já nos limites de Mississauga. Não precisei muito para aceitar seu plano e deixei que Maisie nos guiasse pelas quadras seguintes até voltarmos para Bloor St. e quanto mais aquele carro seguia por aquela via, mais certos ficávamos de termos escolhido o caminho certo.

- É por isso que você é minha copiloto. – Comentei soltando um sorriso ao passar por mais uma quadrada de prédios baixos de tijolos e calçadas com suas árvores altas a tomar quase toda a fachada.

Ela apenas sorriu.

- Para efeito técnicos, já estamos fora de Toronto. – Comentou Maisie ao indicar Etobicoke escrito no mapa em letras grandes.

Charles que já havia desligado seu iPod, sorriu ao ouvir aquilo. Ele olhava tudo a sua volta com Sara deitada com a cabeça em suas pernas. Etobicoke não deixava de ser uma região de Toronto, mas já conseguíamos sentir nossos ombros um pouco mais leves ao ficarmos a cada minuto mais distantes do território dos Lobos.

Passamos pelo prédio de Kingsway Gate Parkette e pelos prédios residenciais que cobriam todo o lado esquerdo da via. Pequenas casas e muitas árvores e quanto mais seguíamos a oeste, menos carros abandonados víamos pelo nosso caminho. Sendo vistos em maior número apenas ao passar pela Royal York, onde tivemos que diminuir a velocidade que seguíamos pelo número de carros abandonados na frente das pequenas lojas de conveniência a muito tempo já abandonadas.

Em frente aos grandiosos prédios da Flipp e da Starlight vimos o que devia ter sido a tentativa do governo em conter as rebeliões e saques após o anúncio. Dois tanques Leopard 2 PSO estavam destruídos, assim como a entrada principal daqueles prédios empresariais antes imponentes naquela região como o grande símbolo financeiro.

Ao passarmos pela Kenway Park, o número de carros pelo caminho já começava a se tornar um problema, e mesmo que eu venha desviando de todos eles, era fácil perceber que em algum momento ficaríamos impedidos de seguir. E Maisie logo percebeu o problema que tínhamos pela frente.

- Vamos passar por baixo da linha do trem logo a frente. – Disse ela apontando para a construção de concreto que ruía a nossa frente. – Os carros devem estar todos parados naquele ponto.

- Existe algum caminho alternativo? – Perguntei a ela.

Ela levou cerca de um minuto a olhar para o mapa e passar seu dedo indicador por todo os trajetos a procura de um caminho alternativo que nos levasse a Mississauga.

- Aqui, acho que se seguirmos por aqui possa resultar.

Seguimos pela Fieldway Rd. uma rua estreita cheia de residências de casas geminadas a esquerda e a direita prédios e pequenas empresas. Passamos pelos trilhos do trem e por um estacionamento caminhões de pequeno porte que era certo já não serviam de mais nada. Maisie mandou que eu seguisse por ali até a Bering Ave e logo estávamos na Kipling Ave.

O número de carros ali era imenso, o que por vezes me forçava a passar com o carro por cima da pequena lombada que dividia os dois lados, passamos pelo complexo de torres do Parc Nuvo Tridel, era assustador olhar para aqueles prédios altos com vidros quebrados e suas fachadas a deteriorar. O som de vidro cair e se partindo no chão da entrada de um dos prédios nos assustou e procuramos por sinal de qualquer pessoa que estivesse a nos observar de uma daquelas torres.

ANO 2033Onde histórias criam vida. Descubra agora