Good Morning Vietnã!

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Good Morning Vietnã!

Encontramos com Sara a desenhar em um caderno sentada em uma das mesas do refeitório.

Charles estava sentado ao seu lado junto a Aleyna que parecia o ensinar como remontar uma Glock. Charles nem mesmo sabia atirar e já estava a remontar uma pistola 9mm. E aquilo me fez pensar que ela seria a pessoa ideal a me ajudar

— Aleyna, precisava da sua ajuda mais tarde. — Pedi, me aproximando dela.

Enquanto eu falava com Aleyna. Maisie permanecia sentada ao lado de Charles e Sara, ouviam Farid a exaltar enquanto falava com dois homens a bancada que separava da cozinha, falavam sobre algum ingrediente turco que pelo jeito que gesticulava, parecia ser de extrema importância na sua culinária. Arthur, um homem baixo e de cabelos cor de fogo ria dele com desdém o que apenas deixava Farid ainda mais exaltado.

Na mesa ao lado, estavam Gilian, Carl, e Ivy a jogarem cartas. Riam e falavam um com o outro um pouco mais alto a cada nova jogada.

Ao canto, isolado, se encontrava Paul, nos lançou seu olhar pouco amigável por uma fração de segundos e logo seus olhos voltaram sua atenção para Hannah que estava de costas para ele.

Com todo o barulho que se fazia ali dentro, pouco percebi que o rádio sobre a mesa estava ligado, emitia apenas o ruído característico de estática.

Em minutos o refeitório daquele hospital começou a se encher, todos os homens e mulheres pareciam ter parado suas funções para estarem ali naquele momento.

Charles, já havia parado de tentar montar a Glock e se aproximava de nós com um olhar que demonstrava não entender o que se passava com eles naquele momento.

— Chegaram bem na hora. — Era a voz de Andrew que estava atrás de nós, havia pousado sua mão em meu ombro. E sorria animado.

Em menos de dois minutos o som de estática do rádio desapareceu, em seu lugar ouvia-se como se alguém estivesse a mudar a frequência, o som das músicas ia se alternando entre estática e milésimos de segundo de algumas músicas do final dos anos 2000.

Então um som alto e estridente invadiu o refeitório e os corredores ali próximos e uma voz alta dava bom dia, mesmo que o relógio no pulso de Charles marcasse exatos 2 da tarde.

"Booooooom Dia Vietnã! É isso não é um teste, isso é rock and roll. Hora de rock, do delta até a DMZ. Será que sou eu, ou é um filme do Elvis Presley em 'Viva Da Nang' 'Ooooh Viva Da Nang, Da Nang me, Da Nang me. Why don't they get a rope and hang me?' — Um urro de vivas foi dado por todos daquele lugar. A voz que vinha do rádio e falava em uma velocidade muito rápida para acompanhar soava muito familiar. — Ainda é cedo para cantar tão alto? Agora é tarde. São 06:00 da manhã, como é que é. 06:00 da manhã, meu Deus como é cedo. Por falar em cedo, o que vocês acham do demente do Marty? Obrigado Marty por me chamar 'voz de seda' vão até pensar que eu sou a Peggy Lee" — A voz que vinha do rádio sobre a mesa no canto daquele refeitório era animada. E como um bom copo de cerveja gelada, aquela voz a falar tão rápido havia colocado um sorriso no rosto de todos aqueles homens e mulheres ali presentes. Foi então que de repente me recordei daquela voz grossa e animada. E de tantas vezes a ouvir de alguns filmes da virada do milênio, era a voz de Robin Williams que enchia naquele momento os corredores daquele hospital a muito abandonado. Eu nunca cheguei a assistir ao filme de onde haviam tirado aquele áudio que se ouvia naquele momento, e por isso demorei para me recordar de ter assistido aquela cena no Youtube. — "...Ah e como você acha que vai ser a noite?' 'Vai ser quente e molhada, se eu tivesse uma mulher estaria tudo certo, mas eu estou sozinho no meio do mato ai não dá!'".

Então todos aplaudiram e deram vivas em ouvir aquela gravação. Mesmo que estivesse toda sorridente, Sara não parecia entender nada do que estava acontecendo, não era para menos, nem mesmo nós conseguíamos compreender bem o que era tudo aquilo. O motivo daquela gravação, de onde ela estava vindo, a animação daqueles homens em ouvir aquilo. Charles entrou no espirito contagiante e aplaudia com um grande sorriso no rosto.

ANO 2033Onde histórias criam vida. Descubra agora