Entre as árvores
Ainda estava escuro quando me levantei deixando Maisie a dormir agarrada ao casaco que usará no dia anterior. Comecei a caminhar pelos corredores escuros, esbarrando em algumas latas e placas de gesso do teto que vinha desmoronando até finalmente encontrar o refeitório. Farid era o único que se encontrava ali, preparava os pães árabes e café.
— Pesadelos? — Perguntou ele ao me notar.
— Quase. — Respondi depois de pensar um pouco.
Eu tinha os olhos cansados e sentia a cabeça pesada pela noite mal dormida após saber o que Maisie havia passado. Aquela sensação de frustração e raiva ainda estavam presentes dentro do meu corpo e tentava ao máximo não transparecer aquilo em meu rosto.
— Precisa de ajuda? — Perguntei.
— Não é preciso, está quase pronto. — Respondeu Farid enquanto despejava água quente sobre o pó de café.
— Onde conseguiram café?
— Ross, o antigo comandante, ele e Andrew saíram um dia para fazerem buscas e voltaram em uma caminhonete com farinha, café, arroz e milho. Com o número de pessoas que tínhamos aqui e o inverno de dois anos. Eu nem sei como isso durou por tanto tempo. — Riu ele me trazendo uma caneca de café e um dos pães.
— Você acordou cedo. — Comentou ele ao se sentar para tomar café comigo.
— Nem mesmo dormi. — Respondi.
Em poucos minutos chegaram Ralph e Henry com seus rifles de precisão ainda presos pela correia ao pescoço. Aquele era o momento da troca de turno entre homens que faziam a vigia no telhado do hospital. Todos os dois eram altos e fortes, Ralph era careca e tinha uma barba longa e desgrenhada com vários pelos cinzentos surgindo entre a cor castanha natural de sua barba. Henry tinha uma cicatriz em seu lábio o que parecia ser de nascença, mas o que mais lhe chamava atenção era sua perna mecânica.
Morgana, apareceu em seguida, ela era uma simples babá antes de tudo isso, mas com a ajuda de Aleyna, havia aprendido a atirar e agora era uma das responsáveis por fazer a ronda dentro do hospital. E Noah surgiu silencioso, ele era um dos homens de confiança de Andrew.
Stweart me confidenciou que Andrew havia colocado em votação o que deveria ser feito com a gente, e tinha sido dele o voto para nos manter ali por mais alguns dias. Não para nos manter trancados, mas por acreditar que tínhamos algo a mostrar. Apesar disso, era um dos poucos que não tinha trocado nenhuma palavra com nenhum de nós até aquele momento.
Após o café resolvi procurar Stweart, naquele momento talvez ele pudesse me ajudar. Estava indo tomar seu café para cuidar da horta, então fiquei de encontra-lo em trinta minutos.
#
— Você tem um machado? — Perguntei.
— Um machado? Sim, mas para que? — Perguntou ele levantando a cabeça das batatas que arrancava do solo.
— Não tive uma boa noite, preciso gastar um pouco de energia.
Ele apontou para uma pequena porta, onde estavam dois registros de contagem de energia. Junto deles estavam alguns equipamentos para uso da terra. Peguei um grande e pesado machado e caminhei em direção de Stweart que se assustou por um instante.
— Preciso da sua autorização para passar por essa cerca. — Me virei e apontei para o telhado do hospital. — Se eu passar por essa cerca quem estiver nesse telhado pode atirar em mim. Então preciso da sua autorização para atravessar a cerca.
Ele pegou seu rádio comunicador e chamou por Ralph. Em segundos Ralph apareceu ao parapeito do telhado, foi uma conversa rápida e logo eu estava atravessando aquela cerca, ainda olhei para trás e pude ver Ralph a apontar seu rifle para minha cabeça.

VOCÊ ESTÁ LENDO
ANO 2033
Ciencia Ficción1° 🥇 Concurso Escritores Lendários 1° 🥇 Concurso Livros de Flores 2° 🥈 Concurso Pandora 2° 🥈 Concurso The Best Um meteoro de 15 km de comprimento se chocou com a terra no oceano Pacífico próximo a Califórnia na madrugada do dia 2 de janeiro d...