Prólogo

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O Olimpo todo estava um caos. Deuses andavam de um lado para o outro, se arrumando e se organizando; preparando-se para a guerra. A maioria já estava de armadura, mas Alyon não tinha intenção nenhuma de lutar. Ele não era um guerreiro. Na verdade, nem sabia o que era. Era apenas um olimpiano, que não conhecia sua identidade. Ele não podia dizer que puxara ao pai ou a mãe; seria mentira. O garoto nunca descobrira sua verdadeira utilidade no Olimpo. Júpiter sempre se estressava com isso. Na verdade, dentre todos os milhares de deuses e deusas, ele era o único naquela situação. E, como já estava claro, sem saber de que era o deus, ele jamais poderia lutar. Júpiter jamais deixaria um garoto assim lutar. Porque, se não fosse um guerreiro, como Asclépio, deus da medicina, ele teria de ficar cuidando dos feridos – ele torcia para isso não acontecer. Mas, se fosse bom com armas, como Bia, deusa da violência (não que ela fosse a deusa que ele mais gostasse), ficaria na linha de frente na batalha. O rei do Olimpo jamais mandaria alguém desqualificado para a guerra, pondo em risco o seu lar e a vida do deus em questão. E resumindo: por mais que Alyon quisesse lutar, ele não podia. Isso era realmente frustrante!
Ares, deus da guerra, estava imponente em sua armadura de batalha. Comandando seu exército, ele parecia mais cruel do que realmente era. O cabelo em corte militar estava escondido debaixo do capacete de metal. Uma espada enorme estava na sua cintura, como se fosse uma placa de aviso: Não chegue perto de mim, caso contrário, corto sua cabeça. O aviso era simples e todo mundo entendia bem. Mas apesar de tudo, Ares era um cara legal.
Os deuses haviam deixado de lado há muito tempo seus conceitos gregos e romanos. Ficavam com a personalidade que se adaptasse melhor a época. Agora, deuses gregos e romanos viviam perfeitamente bem.
Mais a frente, Afrodite jogava seu charme para cima de alguns guerreiros. Ela era absurdamente linda, exuberante, e a armadura estranhamente a deixava ainda melhor. Ela não lutaria, claro, mas carregaria a bandeira. Seus cabelos vermelhos pareciam fogo, cascateando sobre as costas. O rosto simplesmente era impossível de descrever. Os olhos que pareciam mudar de cor – azuis, verdes, castanhos, âmbar... – se destacavam na sua pele alva. Entretanto, sua expressão era bem determinada. Nenhum olimpiano fugia da guerra. E seu inimigo em potencial tinha uma vantagem em número que era alarmante.
Apesar de saber que não iria lutar pelo Olimpo, Alyon não resistiu e vestiu a armadura – que não ficava exatamente boa nele.
– Você sabe que Júpiter não vai deixar você lutar – sua mãe, Aura, a deusa da brisa de inverno, falou, chegando e colocando a mão no ombro do filho. – E também não faço questão que vá.
Alyon não respondeu. Até sua mãe iria para um campo de batalha, enquanto ele ficava em seu templo, assistindo seu lar e seus amigos sendo massacrados.
E então uma trombeta soou, alarmando todos. O previsto era a trombeta soar apenas quando estivessem marchando, indo de encontro com o inimigo. Então aquele som não era bom sinal.
– Em posição! – Ares urrou, com sua voz potente que se estendia por muitos metros, e todos poderiam ouvir em auto e bom som.
Todos prepararam suas armas, e ver todos aqueles Imortais juntos, com o mesmo propósito (defender o Olimpo), era realmente assustador.
Alyon, com sua audição aguçada, já podia ouvir os inimigos marchando; indo ao seu encontro.
Aquela guerra já durava meses. Nenhum lado vencia, cedia ou chegava a um acordo. Ela chegou devastadora, e em um piscar de olhos não havia mais paz. Ninguém saía à noite mais. Os jovens e as crianças não saíam com tanta freqüência. O Olimpo virara uma zona de guerra.
Todos estavam em posição, inclusive a mãe de Alyon. Júpiter estava na frente, seguido de perto por seu tenente, Ares.
– Por Júpiter! – todos urraram, num grito de guerra em uníssono. – E pelo Olimpo!

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora