XIV - Amizade Destinada

41 5 0
                                    

ALYON


 Tentar acordar o caminhão custo mais de meia hora deles. Foi um longo tempo envolvendo fios coloridos, choques, vazamento de óleo, um problema com chaves de fenda e muita fita isolante – havia uma jogada no tapete do carona. Todos comemoraram quando ouviram o ronco do motor.

Cassie bagunçou o cabelo de Alyon.

– Você serve para alguma coisa! – ela riu, e Alyon sabia que estava brincando. – Valeu.

Aquele deveria ser o maior elogio que ela já dera a ele. Alyon sorriu.

Clarisse abriu o porta-luvas.

– Não acredito – murmurou. Ela pegou um chaveiro. – A droga das chaves está aqui!

Os ombros de Alyon caíram, e ele encostou pesadamente a cabeça no volante.

– Hades – ele resmungou, se referindo ao reino de Plutão (os gregos chamavam o Mundo Inferior de Hades, em homenagem ao próprio Hades... Plutão, que seja.)

– Quem vai dirigir? – Noah perguntou, alegre.

Cassie abriu sua porta e desceu.

– Primeiro – falou – vamos limpar isso.

Lá se foi mais meia hora arrastando as carcaças de animais do caminhão. Foi um trabalho nojento, fedido e que Noah não fez, o sortudo. O.k, ele é uma criança. Depois que tudo estava nos conformes, eles colocaram o pé na estrada. Dylan, surpreendentemente, sabia dirigir. Ele disse que morava em Massachusetts, e que aprendera a dirigir para chegar até lá – fugindo de Lycaon. Ele e Clarisse ficaram na frente, com Noah, enquanto Cassie, Alyon e Lupa ficaram lá atrás, onde os animais estavam. O cheiro já havia passado, graças a Júpiter. Cassie não confiava em Dylan, e só deixara Clarisse lá na frente com ele porque ela sabia o caminho melhor do que ninguém. E simplesmente não seria justo deixar Noah, uma criança de sete anos, chacoalhando lá atrás.

Cassie estava acariciando a cabeça de Lupa, sentada em um canto, do lado de Alyon – embora ela tenha reclamado um pouco quanto a ficar lá atrás com ele.

– Eu não gosto disso – ela falou, para o espanto de Alyon. Ele pensou que ela estivesse falando de ficar lá atrás.

– Do quê? – ele perguntou mesmo assim.

– De roubar – ela falou. – Não gosto de fazer isso. Não me trás as melhores lembranças.

– Era o único jeito de conseguirmos chegar às Portas.

Lupa rosnou baixinho, concordando.

– É – Cassie murmurou. – O único jeito.

– Por que você está fazendo isso? – Alyon perguntou. – Procurando as Portas, quero dizer.

Ela deu de ombros.

– Eu tenho escolha? Para onde mais eu iria? Não posso ficar na casa de Clarisse para sempre. E Lycaon está me caçando. A todos nós, na verdade. Fechar a Porta de Hades é a única maneira de acabar com tudo isso – ela olhou para Alyon. – E acredito que Júpiter vai deixá-lo voltar ao Olimpo. Clarisse vai voltar para o pai, que deve estar maluco. Dylan e Noah... vão seguir o próprio caminho... E eu vou tentar sobreviver de qualquer jeito.

– Sobreviver de qualquer jeito? Não me parece os melhores planos do mundo.

– Eu sou apenas uma mortal, lembra? Não sou problema dos deuses, nem de ninguém.

– Eu ainda te devo uma.

– Por...?

– Você tecnicamente me impediu de ficar espatifado na calçada.

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora