CASSIE
- Um conselho: não desçam - Clarisse falou. - É uma loucura lá em baixo.
- É Las Vegas - falei. - O que mais esperava?
Ela largou as sacolas no chão.
- Talvez um povo que soubesse que não devem atropelar garotas? Ou um mercado vazio? Quem sabe uma rua que dê para atravessar? Não achei nada disso.
Eu ri, e ajudei ela apegar novamente as sacolas.
- Alguma informação sobre onde estamos? - perguntei. - O prédio, quero dizer.
- É um apartamento - ela informou. - Mas ninguém mora no último andar. Ninguém vai nos incomodar, então. É um lugar bem bom. A porta daqui debaixo estava fechada.
- Ela arrombou - Noah falou. - Com um clipes.
Encarei ela.
- O.k...
- Falei que morávamos no penúltimo andar, o décimo. Eles acreditaram. A gerência é um lixo, aliás.
- Tipo esse lugar - Noah olhou em volta, para as plantas crescendo desgovernadas, o balcão caindo aos pedaços e o piso rachado. - Parece que paramos em Jumanji.
- É - concordei, bagunçando o cabelo dele. - Para sair desse pesadelo, temos que achar umas portas sinistras, tipo o chefão da última fase.
Ele riu. Me sentei novamente no tijolo, e comecei a pegar as coisas das sacolas. Achei umas sete bandejas de carne crua.
- Por que...?
- Lupa - Clarisse explicou. - A carne estava barata. Imaginei que Lupa estivesse com fome. E está.
Realmente, ela já estava com a cabeça em cima de mim, cheirando a bandeja de carne. Abri todas e coloquei no chão. Sem demorar, a loba atacou.
- Nossa - falei. - Isso é fome.
Alyon riu.
- Você não viu nada.
- Acho que esse nada já está de bom tamanho.
E, sim, Clarisse havia achado morangos. E, também, Alyon comeu todas as nove bandejas. Ninguém se importou. Tínhamos a relíquia dos cereais, maçãs, pães e alguns pães de queijo.
- Não sabia que a gente tinha tanto dinheiro - comentei, entre uma mordida e outra na maçã.
- Não tínhamos - Clarisse concordou. Ela puxou um cartão do bolso. - Achei isso no carro.
Quase engasguei com a fruta.
- O que? - indaguei, num tom esgoelado. - Como você sabia a senha?
- Mas eu não sabia. Noah sim.
Olhei para o garotinho. Ele estava bem concentrado na caixa de cereais, mas colocou a mão em uma planta que eu não sabia o nome, e se concentrou.
- É hortelã - ele informou, com a boca cheia. - Foi plantada no dia 21 de janeiro de 2010, às 2:47, por uma mulher chamada Marisa, de vinte e sete anos, e...
- Certo - interrompi. - É assustador, Noah.
Ele pareceu gostar de ser assustador.
- Eu tenho boa memória.
- Isso não é memória - Alyon falou. - É tipo como se você soubesse os dados de tudo.
- Não os dados. Não posso dizer de quê algo foi feito. Sei apenas datas, nomes... essas coisas.
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Em Busca da Origem - As Portas de Hades
Novela JuvenilNão quero fazer parte desse mundo... Mas acho que não tenho escolha. A história gira em torno de Cassie, uma garota com sérios problemas com a mãe - e com o mundo -, mas, após uma de suas muitas fugas, em uma tarde de estranha tempestade (afinal, é...