ALYON
Alyon estava um pouco tenso e temeroso enquanto ia ao encontro de Plutão. Ele não fizera nada errado, até onde sabia, e havia pedido desculpas à Cassie, então o que Plutão quereria com ele...? Talvez sejam notícias do Olimpo, pensou esperançosamente.
Chegou onde Plutão estava, e olhou para trás: os outros estavam fora de vista no terreno acidentado. Era ele e o deus dos mortos. Entretanto, quando se virou para Plutão, a expressão do deus era tudo, menos de alguém que tinha disposição para começar qualquer discussão. Estava sentado em uma pedra alta, passando as mãos nos cabelos negros.
Alyon se sentou em uma pedra próxima e perguntou:
– E então... o que eu fiz de errado?
– Hã? – Plutão olhou para ele, como se acabasse de tê-lo notado. – Perdão, não estava ouvindo... Não quis preocupar Cassie, mas o Hades está pior do que eu gostaria de admitir. Está ficando inabitável. Habitantes das Ilhas dos Abençoados vestindo armaduras com a idéia fixa de que vai haver uma guerra contra Melinoe, os mortos dos Asfódelos e do Elísio em histeria, monstros invadindo mundos e o meu próprio palácio, queixas de pencas e todos me cobrando por tudo. Parece que cada vez que resolvo algo mais dois problemas aparecem. Não posso fazer mais nada sem ser calculado, e Júpiter quer me jogar nas profundezas do Tártaro. Sabe que não vou poder ajudá-los, não é? Qualquer demonstração de favoritismo e meus súditos me chutam do trono.
– É, eu sei – Alyon concordou. – Não contou a Júpiter sobre as Portas?
– Não, eu não poderia. Para preocupar mais ainda o Olimpo? Não. Posso pagar caro depois, mas estou apostando Cérbero em vocês, mas se fracassarem... Não vou ter escolha.
– Estamos fazendo o que podemos – Alyon falou rispidamente. – Mas Lycaon sequestrou um garoto mortal de sete anos, não é de se esperar que algum de nós vá escolher dar-lhe como um pedaço de carne aos lobos e ir fechar as Portas e chutar Melinoe de lá. Foi para isso que me chamou, Plutão? Posso ir?
– Não, não era isso. Desculpe se o importunei com meus problemas, não tenho mais cinco mil anos, estou ficando velho. Entrementes, vim trazer notícias do Olimpo.
– Olimpo? O que foi? Houve mais ataques?
– Houve, sim. Muitos, para meu gosto, desde que você partiu. Nenhum sinal de algum líder ou algo assim, é como se os monstros atacassem porque a idéia pareceu atraente.
– Talvez tenha parecido. Os monstros andam querendo se rebelar há éons.
– Não, eles sabem que muitos estão morrendo, e sabem que existem mais Imortais que o Tártaro poderia abrigar de monstros... E, ah, claro. Sobre seu pai...
– O que tem ele?
– Athírio está bem. Asclépio está uma fera porque Júpiter já o mandou para a batalha, mas seu pai se recusa deliberadamente a ficar em cima de uma cama assistindo o Olimpo lutar. Sua mãe está bem, mas Júpiter perdeu a cabeça quando soube que ela lhe mandou néctar...
– Foi ela... Que aconteceu? Não foi punida, foi?
– Não, não, você sabe como é Júpiter. Ele está mais preocupado com você do que admite.
– Engraçado o jeito que ele demonstra.
– Você não entende o lado dele –Plutão suspirou. –Enfim... Boa sorte na sua missão... E me faça um favor?
– Sim?
– Não deixe Cassie cometer alguma loucura. Ela faria isso por qualquer um de vocês, e o Mundo Inferior é perigosíssimo...
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Em Busca da Origem - As Portas de Hades
Teen FictionNão quero fazer parte desse mundo... Mas acho que não tenho escolha. A história gira em torno de Cassie, uma garota com sérios problemas com a mãe - e com o mundo -, mas, após uma de suas muitas fugas, em uma tarde de estranha tempestade (afinal, é...