ALYON
Depois de conseguir convencer Cassie de que ela não era incansável e precisava dormir, Alyon ficou entediado com o silêncio. Cassie havia pedido (leia-se: obrigado) para que Alyon a acordasse antes do sol nascer, para que não tivesse muito movimento quando eles saíssem.
A pedra de Ártemis produzia uma luz aconchegante, apesar de não ser necessário.
Quando o céu preto azulado começava a dar lugar a tons mais claros, Alyon se virou para acordar Cassie. Notou, sem surpresa, que ela estava com os punhos serrados, os olhos agitados em baixo das pálpebras fechadas com força. Alyon suspirou e se abaixou ao lado dela.
– Cassie – chamou. Ela não respondeu, mas a tensão nos punhos relaxou. – Cassie – chamou de novo, a voz mais alta.
Ela acordou e, Alyon supôs como um impulso involuntário, agarrou com força o pulso dele e abriu os olhos. Ela estava tão surpresa quanto ele. O soltou rapidamente e se sentou, esfregando os olhos.
– Tudo bem? – Alyon perguntou, girando o próprio pulso, que incrivelmente ficara com as marcas dos dedos dela. – E o que você tem contra meus pulsos?
Ela suspirou.
– Desculpe, não pensei que fosse você.
– E quem mais seria? Deixe-me lembrá-la que Dylan e os outros foram teletransportados para longe daqui.
– Eu sei disso. Depois eu explico – ela encarou Alyon. – Como está o ombro?
Alyon encarou o machucado enfaixado com tecido de jaqueta. Ele tirou as bandagens, e como já esperava, agora havia apenas uma cicatriz que sumiria com o tempo. Sentiu um pouco de amargura ao notar que não era nada grande ou algo assim – apenas um círculo do tamanho de uma moeda. Mas isso não o fazia se esquecer que o veneno ainda corria pelas suas veias, e que isso acabaria prejudicando em algo na pior hora possível. Se obrigou a desviar o olhar. Encarou o braço enfaixado, e tirou os panos. Havia no lugar do antigo machucado apenas uma linha branca. Estava ótimo.
– Vou sobreviver – falou.
– Vamos procurar os outros? – Cassie perguntou, com uma certa ansiedade disfarçada, mas ainda olhava de soslaio para as cicatrizes de Alyon.
– Alguma idéia de onde estejam? – perguntou ele.
– Se Dylan tiver amor a vida, não muito longe.
– Eles estão bem. Clarisse não é indefesa, aliás.
– Acredite, eu sei. Ela faz mais com um livro do que eu com uma metralhadora. Não duvido que esteja bem. Eu só não quero rodar Las Vegas inteira procurando por ela.
Cassie foi até uma das janelas inacabadas e apontou para uma construção gigantesca, parecia uma torre.
– Aquilo lá – ela falou –, é a torre de observação do Hotel e Cassino Estratosphere. É a maior torre de observação dos Estados Unidos.
Alyon encarou a torre.
– E...?
– E daí, que eu conheço um lugar que Clarisse, com noventa por cento de chance, está. Fica a uns quinze minutos daqui.
– E voando?
– Sete.
– Ótimo.
– Abençoado seja o Google Maps.
– O o quê?
– Aplicativo de mapas.
– Por que você procuraria Las Vegas?
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Em Busca da Origem - As Portas de Hades
Genç KurguNão quero fazer parte desse mundo... Mas acho que não tenho escolha. A história gira em torno de Cassie, uma garota com sérios problemas com a mãe - e com o mundo -, mas, após uma de suas muitas fugas, em uma tarde de estranha tempestade (afinal, é...