XXVII - Quem Realmente Se Importa

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ALYON

A Quimera ainda estava lá, estava morta, jogada no chão como uma bola estranha com asas e cascos.

Alyon encarou Cassie com um sorriso de orelha a orelha.

– Você fez o que eu estou pensando que fez?

Ela encolheu os ombros.

– Pode ser.

– Mas como conseguiu matar ela?

– Sinceramente? Eu não sei. Mas, vai por mim, adagas são eficientes... – a expressão dela se desfez, passando a ser mais séria. – O que não entendo é... esses monstros não deviam estar mortos?

– Deveriam – Alyon concordou. – Devem ter saído do Tártaro quando as Portas se abriram, o que significa que tecnicamente são apenas fantasmas...

– Fantasmas – Cassie repetiu. – Fantasmas que querem nos matar. Dylan em especial.

– Vamos torcer para tudo isso acabar quando fecharmos as Portas.

– É... Tudo isso vai acabar – ela sussurrou.

– O que foi?

– É que eu... Eu não quero que acabe. Essa viagem foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. As pessoas que eu conheci foram as melhores coisas que aconteceram comigo. E quando fecharmos as Portas de Hades... Tudo vai acabar. Todos têm para onde voltar... E eu... Eu não sei o que fazer comigo mesma.

Cassie se esticou para trás e pegou o que Alyon percebeu que era a fonte de luz: a pedra de Ártemis. Ela girou a pedrinha entre os dedos.

– Não é estranho para você? – ela perguntou. – Essa coisa de semideuses, estou dizendo.

– Estranho não – Alyon admitiu. – Conheço semideuses. Mas...

– É perigoso, eu sei.

– Eu ia dizer que nunca havia conhecido uma semideusa de Plutão, mas concordo com você.

Cassie encarou o céu, e não respondeu nada. Alyon seguiu o olhar dela, e viu que a noite estava bonita. As estrelas pareciam diamantes espalhados em um tecido escuro. A lua prateada brilhava no céu noturno sem nuvens.

– Por quanto tempo fiquei inconsciente? – Alyon perguntou, quebrando o silêncio.

– Bem – Cassie olhou para as próprias mãos. – Ainda era dia quando a Quimera te atacou... agora falta algumas horas para o sol nascer... Bom, faz tempo.

– Você ficou acordada – não foi exatamente uma pergunta, mas Cassie respondeu:

– É, você não está errado. E... o néctar cicatrizou a ferida, mas e o veneno? Ele não é...

– Mortal? Sim. Mas não para deuses – acrescentou rapidamente. – Vou ficar bem. Talvez afete alguns poderes, mas nada extremo.

– Me desculpe.

– Está pedindo desculpas pelo quê?

– Se eu tivesse me defendido, você não precisaria ter ido me ajudar.

– Ei. Não me arrependo, fique sabendo disso. Todos erramos, e você nunca teve treinamento adequado. Eu não deveria nem ter deixado você com aquele monstro.

– Você faria isso em algum dia normal de quando estava no Olimpo? Digo, ajudar algum mortal?

– Eu não teria nem pensado nisso.

– Então por que pensou?

– Porque... – Alyon descartou rapidamente o que estava prestes a responder, e trocou por: – Mudei muito nesses últimos dias.

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora