XXX - Notícias se Espalham Rápido

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ALYON

 Praguejei em todas as línguas dentro do meu conhecimento. É sério que o maldito guarda tinha que chamar a polícia? Comecei a me arrepender de ter me separado de Clarisse.

São apenas policiais, minha mente repetia milhares de vezes. E você é uma semideusa.

Então por que eu estava apavorada? Todos os meus instintos me mandavam correr, fugir... Mas eu não podia. Por mais que eu ouvisse a batida acelerada do meu coração, ou sentisse minhas mãos suadas, me obriguei a manter a calma. Eles não me pegariam. Eu tinha asas, tinha poderes. Tinha amigos. Não havia nada disso antigamente – era desconhecido para mim, apesar de ter Clarisse, e amá-la como a uma irmã. Eu nunca pude arrastá-la junto comigo, e ainda me doía estar fazendo isso agora.

Balancei a cabeça e me obriguei a olhar em volta, procurando alguma saída, e ignorando os sons de sirenes. Havia um muro. Um muro alto. Árvores, plantas desérticas... perto do muro.

– Cassie... – Clarisse me encarou, com um sorriso no rosto. – Você pensou... o que eu pensei?

– Eu não precisaria ter poderes psíquicos pra isso – respondi, retribuindo o sorriso.

– Odiei essa idéia – Dylan anunciou, de cima de um galho alto de uma árvore.

– Que pena que não temos escolha – ironizei.

Estávamos subindo em cima das árvores para pular o muro, e tratamos criar alguns empecilhos para os policiais ou qualquer um que ousasse tentar chegar a nós. Admito que deu trabalho derrubar o fóssil de dinossauro, mas graças à força olimpíada de Alyon fizemos isso em segundos. A parte dolorosa foi mover os cactos. Acho que ainda tinha espinhos nos meus braços, embora já tivesse revisado milhões de vezes. Mas, enfim... nós acabamos descobrindo que temos um ótimo talento para criar barricadas – Noah em especial, aquele garoto tem talento para tirar coisas do lugar!

Todos podíamos ouvir sons de falas em megafones, embora nada fosse claro, e as sirenes continuavam com aquele barulho irritante. Logo os policiais estariam ali.

Olhei para todos em cima da árvore. Noah balançava alegremente os pés, sentado em um galho, como se estivesse de bem com a vida. Clarisse olhava em volta, se segurando no tronco, e anunciava sempre que alguma viatura nova chegasse. Dylan estava com a expressão impassível, mas meio ansioso, embora estivesse de braços cruzados – o que, uau, era uma façanha, relembrando que o vento batia forte. Lupa estava do meu lado, sentada paciente. Alyon disse que puxaria ela depois. Ele estava em um galho mais baixo, esticando a mão o máximo que conseguia, para me puxar para cima. Todos exceto Noah tinham conseguido subir sozinhos. Eu, devido a minha falta de estatura, não alcançava nenhum galho, e muito menos conseguia pular alto o suficiente para agarrar algum. Se eu podia usar minhas asas? É claro. Só que decidi não fazer isso depois que li o jornal que Clarisse me mostrara – ela havia pegado de um guarda noturno do museu. O nome da matéria já me amargurava:

ANJOS EM LAS VEGAS

O.k., anjos. Isso até nem era o pior. O pior mesmo vinha quando comecei a ler a matéria em si.

"Na manhã do dia 27 (sexta-feira) de janeiro de 2017, de Las Vegas, criaturas estranhas foram avistadas no céu da cidade. Os turistas e pedestres que estavam presentes descreveram que duas criaturas eram "Anjos alados, com asas negras e brancas". Eles alçaram vôo, segundo os pedestres, e que estavam sendo perseguidos por "Criaturas disformes". Milhares de fotos vazaram por toda internet, alegando a existência de anjos na Terra, e até sinais divinos. Câmeras estão sendo checadas pela Polícia Civil, mas não anunciaram nada, mantendo tudo em extremo sigilo. Alguns dos cidadãos recorreram à Área 51, mas, assim como a polícia de Las Vegas, tudo continua em silêncio."

"Uma mulher presente no momento do acontecimento falou que "Disseram-me que se vê de tudo em Las Vegas, mas nunca pensei que veria anjos". Foi oficializada a presença de seis indivíduos que faziam parte do escândalo de quarta-feira, sendo um cão de estatura grande, dois garotos com aparência de adolescentes, uma criança, e duas meninas. A aparência é..."

Parei de ler e lembro que joguei o jornal longe. Não estava com cabeça para aquilo, mas... "Criaturas estranhas"? É sério? Poderiam ter usado as palavras "pessoas não identificadas" e "OVNI" ainda seria aceitável. Mas criatura foi como um soco na cara. Quer dizer que era assim que os mortais recebiam o desconhecido, hein? E eu estava completamente controlada – por mais incrível que pareça! -... mas só até Clarisse cair na bobagem de falar:

– Fica calma.

Entenda, ela não falara por mal... mas meu cérebro e meu psicológico tiveram um acesso de raiva, e tomaram conta de mim.

– Fica calma é o escambau! – me lembro de ter exclamado, jogando os braços para cima. Isso aí, Cassie. Acessos de raivas ajudam muito no seu problema com policiais. – Se não fosse por Melinoe e aquelas fumaças ambulantes não teríamos nos denunciado e ter feito todo aquele escarcéu!

– E, veja bem, você não me culpou – Dylan falara, com um sorriso idiota de canto de boca. – Creio que isso seja um progresso, non?

– E não me venha você com esse seu sotaque francês fajuto!

Ele torceu o nariz.

– Eu sou francês. Morei na França até ano passado.

– Aprendeu inglês rápido, não é mesmo?

Ele apenas inclinou a cabeça concordando. Depois de respirar muito, muito, muito fundo, eu me acalmei um pouco. E então ali estávamos, todos me encarando enquanto eu tentava subir em um galho baixo na árvore. Passei um braço pelo tronco, enquanto ainda me segurava em Alyon com a outra mão. Meus pés balançavam longe do chão. Apoiei o pé no tronco da árvore e me impulsionei para cima, soltando Alyon e me segurando rapidamente no próximo galho.

Soltei o ar que nem percebi estar guardando. Olhei para o muro. Era um salto e tanto até ele. Alguém como Noah – ou eu – teria que desenvolver super-habilidades para pular até lá. Alguém como Alyon ou Lupa faria isso de costas em um pé só.

Torci o nariz.

– É um salto grande – Clarisse concordou, notando a minha expressão amarga enquanto olhava o muro e as ruas depois dele. – Mas... – olhou para baixo, depois para Las Vegas lá fora. – Os policiais vão nos alcançar em menos de dois minutos. E, não, não preciso de superinteligência para saber disso.

– Então suponho que não devamos perder tempo – Dylan comentou.

Quando virei a cabeça para ele, mal tive tempo de prender a respiração ou levar a mão a boca.

Ele pulou.

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Bjsbjs e uivos

Lana!!!

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora