XXI - Fantasmas de Melinoe

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CASSIE


 Lupa se levantou, ainda rosnando, com os dentes a mostra. Enquanto saíamos, vi Dylan dando um olhar irritado a Noah, mas o garotinho apenas deu de ombros, e a expressão de Dylan ficou mais amena, mas continuava desconfortável e alerta.

– Do que exatamente estamos fugindo? – perguntei, empurrando um bando de pedestres para poder passar. – Lycaon? Aqueles lobos, Silena e Luke?

– Não – Alyon respondeu, sombrio, e olhou de cara feia para Dylan. – Pergunte a ele!

Ainda correndo, acho que todos olhamos para Dylan. Apenas Noah estava olhando em frente, como se quisesse apenas não ouvir nada. Tinha vezes que eu me esquecia que ele era uma criança.

– Não importa – falei relutante, mas não consegui deixar de lançar um olhar acusador para Dylan. Ele baixou os olhos, mas assentiu.

Decidimos atravessar a rua, o outro lado estava muito menos movimentado. Ninguém ligou para o sinal fechado. Nós apenas corremos. Ouvi uma buzina e o barulho de pneus cantando, e quando olhei para a direção do som, notei que um taxi freava para não me atropelar. Ele parou a alguns metros de mim.

– Vamos – Alyon me apressou, me empurrando para frente. – Corre, corre!

Enquanto desviava das pessoas, me atrevi a olhar para trás. Perdi o fôlego, e quase parei, mas estava apavorada demais até para isso. Quatro criaturas disformes corriam atrás de nós, e aparentemente, apenas nós podíamos vê-las. Pareciam nuvens ambulantes, e muito furiosas, semitransparentes e rápidas.

– O que são essas coisas? – ofeguei.

– Servos de Melinoe – Dylan falou com tanta amargura que quase diminuí o passo.

– É – Alyon olhou para ele com uma curiosidade perigosa, mas não disse mais nada.

Dobramos em uma série de ruas, e eu agradecia por minha resistência – que eu não sabia de onde vinha. Olhei um segundo para o céu, e, realmente, havia três corvos nos acompanhando pelo ar. Imaginei Plutão, de seu palácio, olhando-me.

Uma ajuda nunca mais seria tão bem-vinda como agora, pensei.

Mas eu não tinha tempo para sentar e esperar a boa vontade do papai. Atropelamos algumas pessoas lerdas que não saíam do caminho, e dobramos em um beco... um beco sem saída.

– Não! – praguejei. – Pelo amor de Cristo, claro que isso ia acontecer!

Me virei para voltar por onde tinha entrado, mas é óbvio que os empregados – servos, que seja – de Melinoe já estavam lá. Agora as formas deles estavam mais nítidas. Eles eram pessoas semitransparentes, com uma luz bruxuleante esverdeada e acinzentada ao redor. Pareciam ter sido humanos um dia, mas agora estavam longe disso. Eram fantasmas, vestindo roupas maltrapilhas e com expressões vazias.

– Por que eles? – Clarisse indagou, recuando devagar. – O que Melinoe quer conosco?

Rien, c'est le problème avec moi – Dylan falou, num francês tão perfeito que eu não entendi.Clarisse poderia ter traduzido, mas ela parecia nem ter percebido que Dylan falara alguma coisa. Saquei a adaga na minha cintura e olhei para Alyon, ainda recuando um pouco; os fantasmas não pareciam ter pressa. – Você é o olimpiano – falei para Alyon. – Temos alguma chance contra esses caras? – Uma chance remota, sim – ele concordou. – Enfatizando que eles são fantasmas, sem células nem tecidos, então não estão vivos, nem são sólidos. – Você não sabe o que é Las Vegas, mas de ciência você entende, inacreditável. Olhei em volta, procurando alguma coisa que ajudasse. Muito acima, os telhados dos prédios que criavam o beco se tocavam, e, logo acima de nós, algumas telhas se equilibravam precáriamente umas nas outras. O beco em si era espaçoso, cerca de sete metros de largura, o suficiente para mim abrir as asas, embora eu não soubesse como fazer isso, e muito menos em que ajudaria. Como Alyon falara, as criaturas estavam mortas, então eu não poderia usar aqueles poderes psíquicos para acabar com eles. O chão de asfalto abaixo de nós impedia qualquer tentativa de arrancar algo do solo. Esplendido, meus poderes não vão nos ajudar em nada, pensei. – Se eles tentarem nos pegar – Clarisse começou, a voz tão baixa quanto um sussurro –, são ter que ter alguma matéria, vão ter que ser sólidos. A mesma coisa se quiserem, sei lá, puxar uma espada ou algo assim. – É que nós teremos alguma chance – Alyon concordou. – Eu adorava quando fantasmas eram só um mito – Noah resmungou. – Era menos mortal. Olhei para ele. Mesmo sendo uma criança, a expressão dele era de quem estava pronto para lutar se precisasse; de quem já havia feito isso. Muito esperto, chiou uma voz feminina, vinda de nenhum legar específico, mas resoando nas paredes, e que me fazia ter calafrios. Aquela voz era familiar, mas eu não sabia onde já a havia ouvido. Realmente esperto, Dylan Baron, muito bem pensado. – Dylan – rosnei. – O que diabos essa... pessoa quer dizer? O que ela quer com a gente? Ah, querida, com você e seus amigos, nada. Apenas me entregue Dylan, é ele meu problema. Então os deixarei em paz. – É tentador – Alyon resmungou. – E seu eu não entregar? – perguntei, odiando ter falado aquelas cinco palavras. Então, falou a voz, com uma calma assustadora, morrerão todos. E, caso os deuses lhes protejam, enviarei os piores monstros do Tártaro em seu encalço, e, acredite, menina tola, você não terá um dia de paz. Você e todos ao seu redor pagarão, por recusarem-se a dar a mim o que é meu, e minha ira caíra sobre vocês. Você se arrependerá por recursar-se a me entregar essa criança tola, que frustra meus planos. – Eu realmente não tinha planos para o verão. E com esse feliz comentário, atacamos.

Olha a treta que eu prometi!!!!

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Olha a treta que eu prometi!!!!

Sobre esse capítulo eu nem comento, criem suas próprias teorias! Kkkkkk

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora