XXVI - Dívidas

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ALYON

 Os sonhos de Alyon foram todos voltados à mãe e ao pai. Sonhara com o sorriso gentil de Aura, quando o filho a fazia rir. Sonhou com Athírio o ensinando a como usar um arco e flecha, e em como Alyon não sabia usar e perdia todas as flechas da aljava, quando era apenas um garotinho. Sonhara também no dia em que seu pai havia sido levado a Asclépio, com a roupa ensanguentada, e na flecha que voara em direção a Aura. E Alyon não sabia se um ou outro estava vivo; poderia ter perdido os dois pais em um único dia. Lembrara do olhar de Júpiter, e de que o dever de Alyon naquele mundo mortal era descobrir sua identidade, não correr atrás das Portas de Hades. E Alyon tentava, mesmo assim, todo santo dia descobrir o que havia ido descobrir. Mas nada podia ser intencional. Tinha que ser espontâneo, por acaso, sem segundas intenções. Ele saberia quando houvesse descoberto – ele sentia isso. Mas boa parte do tempo que Alyon passou inconsciente foi tranquilo; sem sonhos ou pesadelos, ou mesmo dor. E isso pareceu uma eternidade. E então ele abriu os olhos subitamente.

Tudo a partir daí foi como um flash. A dor voltou, pulsante, e Alyon sentia como se houvesse um monstro mastigando seu ombro como se fosse um brinquedo. Quando levantou levemente a cabeça, uma tontura o atingiu como uma flecha no meio dos olhos. Percebeu que estava deitado no chão, e sentia o concreto bifurcado abaixo de si. Uma luz brilhava prateada perto dele, e o resto do andar do prédio estava escuro; percebeu então que era noite. Ouviu barulho de sapatos se aproximando, meio familiares. Alguém se agachou ao lado dele, sentado nos calcanhares, e Alyon reconheceu os coturnos. Olhou para cima e viu Cassie o encarando, com uma expressão impassível, mas os lábios se curvaram levemente em um sorriso quase imperceptível.

– Sinta-se com sorte – ela falou calmamente. – Alguém lá em cima gosta de você.

Alyon levantou uma sobrancelha, e Cassie mostrou alguma coisa pequena, um vidro do tamanho de um punho, com um liquido dourado dentro – da coloração de guaraná, talvez mais forte e reluzente.

Alyon arregalou os olhos.

– Isso é...

– Néctar – Cassie completou. – É, essa coisa mesmo. Apareceu aqui, algum amigo seu do Olimpo deve ter enviado magicamente – ela encarou o frasco. – Não é tudo aquilo. É uma bebida que me lembra refrigerante. Mas ajudou com você.

Alyon não entendeu, mas notou algo estranho nela.

– Onde está sua jaqueta? – perguntou, e sua voz irritantemente saiu como um murmúrio.

– Já era – ela falou, mas não parecia abalada ou importada. Apontou levemente para o ombro de Alyon.

Ele encarou o ombro, e havia um pano enrolado no machucado, um curativo bem feito, mas ainda doía.

– Considere-se em dívida comigo – Cassie falou. – Já é a segunda vez que salvo a sua vida olimpiana. E me deve uma jaqueta nova. Essa era uma das minhas favoritas. É bom que esteja ciente disso.

Alyon sorriu. Não fazia a mínima idéia de onde os mortais arranjavam suas roupas, mas talvez, depois que a poeira baixasse, ele arrumasse uma jaqueta nova para Cassie – depois de longas aulas sobre como funciona o mundo mortal com Clarisse, porque, se estivessem na Grécia, há uns mil anos atrás, Alyon saberia das coisas. Mas, naquele mundo moderno, ele era novato.

Tentou se sentar, e disfarçou a dor quando se inclinou para frente, se arrumando o melhor possível. O néctar era um curativo ótimo, se derramado em pequena quantidade em ferimentos, embora Alyon não soubesse como Cassie sabia disso. Tentou se esticar para ver ao redor dos prédios, e uma dor não aguda ou realmente terrível, mas incômoda e extremamente chata fisgou em sua barriga. Levantou discretamente um pedaço da camisa, e notou, sem surpresa, que havia quatro marcas de garras ali, já cicatrizadas, mas com certeza foram feias.

– Não sobrou jaqueta para enfaixar isso aí – Cassie disse, apontando com o queixo para as cicatrizes. – Embora, menos mal, o néctar tenha feito mais efeito.

– Olhe, não estou reclamando de nada, mas é realmente irritante uma mortal ter que praticamente tomar conta de mim cada vez que faço uma idiotice – Alyon falou.

– Não, eu dou meu jeito sempre que você quase morre. Se eu me preocupasse cada vez que faz alguma idiotice, ainda estaríamos em Miami. E, francamente, pare de tentar morrer com tanta dedicação.

– Acredite, não é por escolha própria.

– Foi bem idiota não ter ido com Dylan e os outros, sabia?

– Realmente pensou que eu ia te deixar ficar com todo o crédito?

Ela sorriu, satisfeita.

– De qualquer forma, obrigado por não ter ido. Eu não tenho certeza de que estaria com todos os membros do corpo a essa altura.

– Deve ser realmente difícil para você admitir isso, não é?

– Alyon, faça-me o favor de calar a boca.

– Você nunca vai parar de me xingar, mesmo que eu peça, estou certo?

– Não.

– Claro que não – ele falou –, porque você vive para me atazanar, não é?

– Novamente, seu garoto-deus insuportável, cale a boca – ela falou, embora tenha rido nas últimas palavras.

Ela sentou no chão com as pernas cruzadas, e Alyon percebeu que estava sem asas... e a bochecha dela ainda estava com marcas de garras.

Ah não.

– Onde está a Quimera? – Alyon perguntou, de repente alerta.

– Ah, é verdade – Cassie se virou para trás e apontou. – Lá.

Alyon seguiu o olhar, e então ele viu.

Finalzinho misterioso porque suspense é vida! Kkkkk

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Finalzinho misterioso porque suspense é vida! Kkkkk

Mas, então, Casiyon é ou não o shipp mais fofo do mundo??

Na minha opinião, é.

Notaram que a Cassie larga aquela pose "fria e calculista" sempre que o Alyon está por perto?

Acho que ele tem esse efeito nas pessoas kkkkkk

Ah, mais uma coisa:

Eu estava pensando: Tenho um elenco prontinho aqui, vocês querem que eu poste?

Lembrando que: Não me responsabilizo se estragar a imagem que vocês têm dos personagens

Elencos são assim: estragam nossa imaginação,

Ao mesmo tempo que são maravilhosos.

O que acham? Sim ou não?

Vejo vocês no próximo capítulo,

Beijocas e uivos,

Lana.

Em Busca da Origem - As Portas de HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora